“Doutora, minha vagina está seca.” Flávia* tinha 53 anos, estava na menopausa desde os 49, e aos 51 teve diagnóstico de câncer de mama. Não teve os “calores” da menopausa, mas após o tratamento do câncer de mama, evoluiu com ressecamento vaginal. As alterações hormonais na pós menopausa podem levar a sintomas genitourinários com subsequente prejuízo à qualidade de vida das mulheres.
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Preservar a autoestima e a qualidade de vida de mulheres na menopausa são os principais objetivos dos especialistasTratamento hormonal na menopausa pode combater a demência na velhiceMenopausa: genes podem explicar porque algumas mulheres sentem as ondas de calor e outras nãoO fardo que as mulheres brasileiras carregam nesta pandemia da COVIDOsteoporose na mulher: o que conta mais, a idade ou tempo desde a menopausa?A queda do estrogênio na menopausa causa alterações vaginais, vulvares e urinárias na mulher. Você já deve conhecer essas alterações pelo termo “atrofia vaginal”. Hoje, a esse conjunto de alterações genitais e urinárias da mulher na pós menopausa se dá o nome de “síndrome genitourinária da menopausa” (SGM). Mulheres com SGM têm sintomas como ressecamento e irritação vaginal, falta de lubrificação, dor na relação sexual e prurido. Os sintomas urinários incluem aumento da frequência urinária, perda de urina e dor ao urinar, além de associação com infecção urinária de repetição.
Os sintomas geralmente aparecem cerca de quatro a cinco anos após a menopausa, podendo ser progressivos e se intensificar caso não sejam tratados. Uma vez que o ressecamento vaginal interfere na relação sexual, a SGM pode levar a disfunções sexuais, com prejuízo na qualidade de vida e interferência negativa na vida conjugal.
Atualmente, o tratamento de escolha para mulheres com SGM, na ausência de sintomas vasomotores (calores da menopausa), é o uso de estrogênio tópico genital. A presença de estrogênio genital permite que haja amadurecimento celular, melhora da elasticidade e espessura vaginal, aumento de glicogênio, recolonização pelos Lactobacilos e redução do pH vaginal, o que leva a uma melhora do quadro clínico.
As células da uretra e bexiga também se proliferam, levando à melhora da perda urinária e redução de risco de infecção urinária. Entretanto, após interrupção da medicação, pode haver recidiva do quadro.
As células da uretra e bexiga também se proliferam, levando à melhora da perda urinária e redução de risco de infecção urinária. Entretanto, após interrupção da medicação, pode haver recidiva do quadro.
A análise do estudo Women’s Health Initiative (WHI) não evidenciou aumento de risco de doença cardiovascular e câncer de mama e endométrio após uso de estrogênio local por seis anos.
Estudo da Cochrane Library também não evidenciou aumento de risco de tromboembolismo. Entretanto, seu uso não é recomendado para mulheres com história prévia de câncer, uma vez que não há pesquisas que mostrem segurança com o uso de estrogênio tópico vaginal nessas pacientes.
Estudo da Cochrane Library também não evidenciou aumento de risco de tromboembolismo. Entretanto, seu uso não é recomendado para mulheres com história prévia de câncer, uma vez que não há pesquisas que mostrem segurança com o uso de estrogênio tópico vaginal nessas pacientes.
Pensando nessas mulheres com contraindicação ao uso de medicamentos hormonais, iniciou-se pesquisas sobre alternativas terapêuticas para o tratamento de SGM. O uso de lubrificantes vaginais não hormonais, como à base de ácido hialurônico, pode ser uma opção terapêutica; porém, são menos eficazes que o estrogênio tópico vaginal.
O laser genital tem se mostrado uma boa opção de tratamento da SGM para essas pacientes, uma vez que não é um tratamento hormonal. Ele induz a produção de colágeno, com aumento da elasticidade e lubrificação vaginal, após três a cinco aplicações, com persistência da resposta após um ano, fazendo-se necessária nova aplicação para manutenção, após esse período de um ano.
O laser genital tem se mostrado uma boa opção de tratamento da SGM para essas pacientes, uma vez que não é um tratamento hormonal. Ele induz a produção de colágeno, com aumento da elasticidade e lubrificação vaginal, após três a cinco aplicações, com persistência da resposta após um ano, fazendo-se necessária nova aplicação para manutenção, após esse período de um ano.
Um estudo italiano multicêntrico realizado em Roma, Florença, Milão e San Marino, publicado na revista Menopause. em 2019, avaliou mais de 600 mulheres após aplicação de laser de CO2 genital para tratamento da SGM. Foram observados os seguintes parâmetros: melhora de 60% na dor na relação sexual, 67% de desconforto vaginal, 65% do ressecamento vaginal, 78% do prurido e 72% da queimação vaginal. Mostrou-se ainda ser um método seguro e sem efeitos colaterais. Porém, tem como desvantagem o custo elevado do tratamento.
A menopausa é um momento delicado na vida das mulheres. Junto às mudanças hormonais, pode haver conflitos internos decorrentes da mudança do corpo ou mesmo insegurança nesta nova fase da vida. A paciente Flávia, que já havia enfrentado um câncer de mama, obteve melhora dos sintomas genitais com tratamento com laser, sem precisar se preocupar com risco de recidiva do tumor.
*nome modificado.
Ainda tem dúvidas? Mande pra mim:rogeriawerneck@gmail.com