Mantendo o foco no Novembro Azul, gostaria de explicar um pouco sobre a radioterapia, importante tratamento que é muito utilizado no câncer de próstata, e em outros vários tipos de câncer. Para escrever esta coluna a respeito, contei com a participação da Dra. Bruna Bonaccorsi, radioterapeuta do Grupo Oncoclínicas e do Instituto de Radioterapia São Francisco.
saiba mais
Conheça os fatores de risco e de proteção para o câncer de próstata: mais dúvidas que você sempre quis esclarecer
Câncer de próstata: dúvidas que você sempre quis esclarecer
Sexualidade masculina e câncer: a importância do tratamento multidisciplinar
A importância da fisioterapia para pacientes oncológicos
Coronavírus e o câncer: como deve ser o tratamento na pandemia
Apesar de ser uma modalidade de tratamento relativamente antiga (principais relatos do uso de radiação para tratamento de doenças datam do final do século XIX), ainda hoje é cercada de mitos. Citamos alguns deles, a fim de esclarecer as principais dúvidas no consultório do médico radioterapeuta ou radio-oncologista:
1. A radiação queima a pele. A radiação não provoca queimaduras na pele. O que ocorre é que a pele sofre reação causada pela radiação que é chamada de radiodermite. Tal alteração consiste em vermelhidão, escurecimento, maior sensibilidade e diferentes graus de descamação. Nem todos os pacientes sofrerão esses efeitos cutâneos, e esses são muito dependentes também do cuidado que o paciente tem com a pele durante o tratamento. Por exemplo, são indicados maior consumo de líquidos, alimentação saudável, não exposição ao sol, hidratação da pele com cremes após a sessão de tratamento, controle de doenças como diabetes, não consumo de álcool e cigarro. Mesmo que ocorra, a radiodermite melhora com o tempo, após o término do tratamento.
2. A radiação dói. A maior parte o tratamento radioterápico é feito de forma externa. Durante o tratamento o paciente não sente dor. Ele é posicionado na mesa do tratamento, cuja duração é cerca de dez minutos e após término pode ir para casa, sem quaisquer prejuízos.
3. Se eu estiver em tratamento não poderei abraçar grávidas, crianças ou idosos. Os tipos de tratamentos radioterápicos mais utilizados hoje em dia não possuem necessidade de isolamento do paciente. Apenas em situações em que são colocados implantes radioativos permanentes no paciente é que essa orientação se aplica. Portanto, não é necessário que o paciente se afaste do convívio dos familiares.
4. Eu ficarei radioativo. Após cada aplicação, não há permanência de radiação no corpo do paciente. Portanto, ele não ficará radioativo, nem emitirá radiação.
5. Existem muitos efeitos colaterais. Como já foi dito, a radioterapia é um tratamento localizado e os efeitos colaterais dependem da área de tratamento. Por exemplo, enjoos e diarreia são comuns em pacientes que tratam órgãos do abdome ou pelve, dificilmente ocorrerão em outras áreas. Cada efeito colateral do tratamento é geralmente bem tolerado, sujeito a melhora com medicação indicada pelo médico, e tende a desaparecer após o término do tratamento.
É importante ressaltar que cerca de 60% dos pacientes com diagnóstico de câncer irão, em algum momento do tratamento, se submeter à Radioterapia. Esta é uma importante modalidade de tratamento que pode ser utilizada antes ou após uma intervenção principal (por exemplo, a cirurgia), em conjunto com a quimioterapia para tratamento definitivo do câncer, ou em caráter paliativo (para minimizar sintomas causados pela doença, porém sem o objetivo de cura). É imprescindível um bom relacionamento entre os médicos que cuidam do paciente oncológico (incluindo o cirurgião, o oncologista e o radioterapeuta) para que esse importante tratamento seja indicado e realizado da melhor forma possível.
Ficou com alguma dúvida? Compartilhe comigo carolinavieiraoncologista@gmail.com