Muitas dúvidas rondam o conceito de Demência e, perguntas como: “O que é Demência?” e, “Demência e Alzheimer são a mesma coisa?” são corriqueiras no dia a dia de todos nós, médicos e outros profissionais de saúde. É importante todos entenderem o que de fato nós, médicos, estamos falando quando usamos a palavra Demência.
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Toda família tinha alguém que ficava "Caduca". "Caduquice' era só um jeito engraçado ou estranho que algumas pessoas iam adquirindo ao envelhecer. Uns ficavam bravos e outros davam balas.
E então, “Caducar" faz parte do envelhecimento? Não. Não faz.
Quando um leigo fala que uma pessoa está “caducando” ou está “esclerosado”, é provável que, em uma consulta médica, essa pessoa irá receber um diagnóstico de Demência. É importante evitarmos tais termos para não acreditarmos que se trata de algo tão normal que não precise ser analisado e tratado. O normal é envelhecermos mantendo nosso funcionamento do cérebro bom o suficiente para sermos capazes de viver com autonomia, quer dizer, viver com capacidade de tomar decisões e fazer escolhas para a nossa vida.
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Quando a pessoa fica confusa e esquecida o suficiente para não mais usufruir de sua autonomia, falamos que essa pessoa está "incapaz cognitivamente" e umas das principais causas dessa incapacidade é a Demência.
As Demências são doenças muito comuns. Após os 80 anos de idade, a chance de desenvolver Demência é de 20% (1 em cada 5 pessoas que com mais de 80 anos viverá sem autonomia).
Existem diversos tipos de Demência, mas a mais comum e mais famosa é a Demência de Alzheimer. No início do século passado, um médico de nacionalidade alemã chamado Dr Aloysius Alzheimer, reconheceu em uma paciente de 50 anos sinais de esquecimento, desorientação e mudanças de comportamento, e classificou essa situação como uma nova doença neurológica. Mais tarde essa doença ganhou o seu nome: Doença de Alzheimer.
É importante sabermos que as Demências são doenças e devem ser tratadas. O objetivo mais importante do tratamento das principais Demências, atualmente, enquanto ainda não é possível revertê-las, é controlar suas manifestações, que mais fazem sofrer os pacientes e seus familiares: a agitação, a agressividade, a apatia ou isolamento social, os problemas do sono, as alucinações e delírios, e outros. O tratamento desses sintomas, muitas vezes, requer medicamento. Para todos os casos recomendamos, também, o tratamento não farmacológico (sem medicamentos) que tem um papel muito importante. O tratamento não farmacológico inclui: educação adequada e apoio aos familiares e cuidadores, estimulação cognitiva, estimulação social, atividade física e planejamento do ambiente e do cuidado.
Entre todos os tratamentos existentes para os pacientes portadores de Demência, existe um que é um pilar e sem ele não é possível planejarmos os outros. Esse tratamento é a educação. A educação dos familiares, cuidadores e de todas as pessoas que convivam com o doente é muito importante.
É importante saber o que esperar, o que virá pela frente, qual a melhor maneira de lidar com as situações de confusão e agressividade. É importante saber a respeito das questões legais que envolvem o cuidado, conhecer a pessoa para que no momento que houver redução da autonomia seja possível manter os desejos, preferências e cuidados adequados ao que já havia sido manifestado ao longo da vida. É importante saber realizar o cuidado do dia a dia e é imprescindível saber que só somos capazes de cuidar de outro ser humano, se nos cuidarmos primeiro. Lembrem-se dos procedimentos de segurança que ouvimos a cada voo que embarcamos: “Auxiliem crianças ou pessoas com dificuldade somente após terem fixado a sua máscara”.
Todos nós estamos na mesma estrada e ela nos leva ao envelhecimento. Nessa estrada encontraremos muitos desafios e a Demência pode vir a ser um deles, para nós mesmos e para as pessoas que amamos. O conhecimento a respeito desse e dos diversos temas que envolvem o envelhecimento, certamente, nos fará um boa companhia no percurso.
Tem alguma dúvida sobre Demências? Compartilhe comigo julianacicluz@gmail.com