Na semana passada, comecei a esclarecer algumas dúvidas de leitores sobre o câncer de próstata. Darei aqui continuidade a essa conscientização, agora focando principalmente nos fatores de risco e de proteção.
1-Existe alguma relação entre vasectomia e câncer de próstata?
Nas décadas de 1980 e 1990, foram publicados relatórios sugerindo que pudesse haver uma conexão entre vasectomias e câncer de próstata. Uma equipe de pesquisadores norte-americanos e canadenses procurou uma resposta mais clara. Ao examinar grande parte das evidências disponíveis (mais de 40 estudos), eles determinaram que fazer uma vasectomia não aumentaria o risco de um homem desenvolver câncer de próstata.
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2- O meu pai faleceu com câncer no intestino e faço com regularidade visitas ao proctologista. O exame de toque pode ser feito também pelo proctologista? Ou devo buscar um proctologista para exames de intestino e um urologista para exames urológicos (exame de toque)?
Atualmente, o rastreamento de câncer de próstata (que pode incluir toque retal e dosagem de PSA – antígeno prostático específico) deve ser proposto de forma individualizada, após avaliação médica criteriosa dos fatores de risco, incluindo história familiar. Quando indicado, o exame de toque retal deve ser feito por médico capacitado e treinado. O urologista é o especialista mais habituado a realizar esse exame, mas outros médicos também podem fazê-lo, desde que sejam experientes nessa realização. Desta forma, sugiro perguntar ao seu médico se ele se julga habilitado para realizar o exame. Uma boa relação médico-paciente deve envolver confiança e diálogo aberto.
3- A prática de masturbação pode diminuir o risco de câncer de próstata?
Há dados controversos sobre a relação entre masturbação e câncer de próstata. Uma revisão dos estudos já realizados que foi feita por pesquisadores norte-americanos evidenciou concordância insuficiente nos dados. Dessa forma, seriam necessárias novas pesquisas para levar a declarações mais definitivas sobre a prática da masturbação e o risco de câncer de próstata.
4- Uma infecção urinária recente pode alterar o exame de PSA?
Praticamente, não existem casos de falsos negativos no diagnóstico do câncer de próstata (quando o PSA é normal, mas o câncer existe). É exceção o uso de alguns medicamentos como finasterida, por exemplo, que reduzem os níveis de PSA. Os falsos positivos (quando o PSA está alterado mas o câncer não existe) incluem a existência de processos infecciosos e inflamatórios na próstata, traumatismo prostático, como o provocado pelo ciclismo ou hipismo e uma razão fisiológica que é a hiperplasia benigna da próstata. Portanto, caso haja indicação médica em realizar um exame de PSA, evitar andar de bicicleta ou a cavalo nas 48 horas anteriores. No caso de infecção ou inflamação, o ideal é aguardar a resolução completa do quadro e a liberação médica para realização do exame.
Tem alguma dúvida ou gostaria de sugerir um tema sobre oncologia? Escreva pra mim carolinavieiraoncologista@gmail.com