O real poder da vacinação, sem fake news

Você sabia que ao se vacinar você se protege e protege toda uma nação?

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(foto: Flickr)

O “seguro morreu de velho” e “prevenir é melhor que remediar”. A sabedoria popular funciona perfeitamente no contexto de vacinação. Afinal, quem quer colocar a saúde em risco?

As vacinas atingiram a fama por meio das campanhas nacionais, elas cumprem exatamente as recomendações dos sábios mais cuidadosos. É proteção que vai além da esfera individual, mas também coletiva.

Nascemos com o “antivírus” já instalado, mas as vacinas cumprem uma função espetacular de atualização do nosso sistema imunológico. São diversas barreiras construídas para nossa proteção: pele, pêlos, líquidos, células e outras estruturas cada vez mais complexas, todas treinadas para proteger nossa saúde. Os famosos "soldadinhos" de defesa muitas vezes precisam de treinamento pesado para as grandes batalhas e as vacinas são esses treinadores.

Elas atuam na prevenção primária e são as responsáveis para que o corpo esteja preparado para combater os possíveis agentes causadores de doenças. Estimular a produção de anticorpos é a missão das vacinas, ou seja, multiplicar nossos soldados de defesa.

Se você não conhece doenças como a difteria, o tétano, a poliomielite, a coqueluche e a rubéola, pode agradecer às vacinas. O Brasil só conseguiu erradicar doenças que antes faziam vítimas fatais ou que deixavam sequelas por toda a vida graças à vacinação em massa. As vacinas também ajudam a prevenir epidemias de doenças que ainda existem como a febre amarela e, agora mais recente, o sarampo.

Infelizmente, os índices de pessoas vacinadas estão caindo em decorrência dos movimentos anti vacinas. Uma irresponsabilidade coletiva, pois o ato da não vacinação acomete a esfera global, propiciando o retorno de fantasmas já vencidos.


Segundo o Ministério da Saúde, a vacinação contra o sarampo passou de 96%, em 2015, para 57% das crianças até outubro deste ano, e só em 2019 já foram confirmados quase 10,5 mil casos de sarampo no Brasil.

Sou médico e membro do Ensaio Clínico da Vacina da Dengue -  Fase III, do Instituto Butantan, em parceria com ICB-UFMG, que está na reta final para o lançamento de vacina contra a dengue. São mais de duas décadas de pesquisas e milhões envolvidos no desenvolvimento desta vacina que conta com quase 17 mil voluntários. Durante os atendimentos no projeto, percebo que, mesmo com tanto acesso à conteúdos de forma rápida e fácil, o problema ainda passa pela desinformação da população. Há quem pense que algumas vacinas já não são mais necessárias, porque nunca viram ou ouviram falar de algumas doenças. Um grande erro.

Há também aqueles que dizem ter recebido textos “científicos”, afirmando os malefícios das vacinas. As fake news estão influenciando muito mais do que as eleições - elas estão trazendo impactos negativos na saúde de toda uma nação, talvez do mundo.

O Brasil é líder mundial de vacinação, possui o maior sistema de vacinação pública do mundo - ao todo, são disponibilizadas 19 vacinas para mais de 20 doenças. Esse título é para se comemorar intensamente e deve vencer a estatística de que 7 em cada 10 brasileiros já acreditou em alguma notícia falsa sobre vacina, veiculada na internet.

E como não cair nessas armadilhas de conteúdo? Faça um bom acompanhamento médico. Tenha um médico para chamar de “seu” - seu amigo, confidente e profissional que irá cuidar da sua saúde. Ele vai conseguir te ajudar a receber informações seguras. De maneira independente deve-se consultar fontes seguras como sites de grupos de pesquisas, do Ministério da Saúde, do Estado e da Prefeitura.

A saúde é direito de todos e dever do Estado, está no artigo 196º da Constituição Federal. Mas cada um de nós também deve ser responsável por cuidar da nossa saúde. Se você não está com alguma vacina em dia, procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) e se imunize. A vacinação deve fazer parte da vida das crianças, jovens, adultos e idosos. Ao se proteger, você está contribuindo para reduzir a incidência de determinadas doenças.

Se você tem alguma dúvida sobre vacinas, envie uma mensagem para ericksongontijo@gmail.com. E para você que é anti-vacinas por favor, vacine-se!

 

Erickson Gontijo é médico pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre em Neurociências, membro no Núcleo de Geriatria e Gerontologia do Hospital das Clínicas de Minas Gerais.

 

*As opiniões expressas neste artigo são pessoais e não refletem o posicionamento de nenhuma das instituições ao qual o médico é vinculado.