Se o inverno traz consigo doenças como as sinusites e amigdalites, a chegada do calor e o aumento da umidade relativa do ar facilitam a ocorrência das otites externas.
saiba mais
A cera é uma secreção gordurosa que serve para impermeabilizar a fina pele que reveste os condutos auditivos e dificulta o crescimento de fungos e bactérias. A maioria das pessoas não produz muita cera e a produção é naturalmente eliminada. No entanto, uma parcela razoável dos pacientes precisa removê-la periodicamente, porque é produzida em excesso ou porque é empurrada por hastes flexíveis, toalha ou dedo.
No caso das otites externas, o problema começa com uma sensação de que a água não saiu do ouvido. Em seguida, a audição diminui. A umidade misturada à cera acaba gerando um incômodo e com ele a vontade de coçar.
É aí que as hastes flexíveis e outros objetos (tampas de caneta, dedo, grampos, palitos) introduzidos no canal auditivo ferem a pele fina do ouvido e criam uma porta de entrada para infecções, causando diminuição da audição, secreções e dor.
Na praia, a água contaminada do mar pode ser ainda mais perversa, ocasionando otites que exigem antibióticos tópicos e por via oral, associados a analgésicos.
E o que fazer se a água entrar e não sair? Não tente secar o conduto com hastes flexíveis ou similares. Os egípcios descobriram que o vinagre dificulta o crescimento de bactérias e ajuda a secar o conduto. Você pode molhar um algodão e pingar gotas de vinagre ou de álcool e, em seguida, inclinar a cabeça para o lado. Secadores de cabelo também podem ajudar - mas cuidado com a temperatura que pode queimar a pele da orelha especialmente de bebês.
Se houver ardor ou se esses cuidados não surtirem efeito, provavelmente você precisará de um otorrinolaringologista. A pele pode estar machucada ou a quantidade de cerume dentro do conduto pode ter formado uma válvula e precisará ser retirada.
Atenção ainda mais especial para diabéticos e imunodeprimidos, que podem desenvolver casos bastante graves da doença.
Recentemente, um laboratório da Universidade de Goiás realizou a análise da cera de 52 pacientes com câncer de diversos tipos e estágios e 50 pacientes sem câncer. A ideia é antiga mas somente com o uso de metodologia mais moderna a cromatografia gasosa e espectômetro de massa pôde ser levada adiante.
A pesquisa descobriu uma molécula presente em 100% dos pacientes com câncer. A descoberta - publicada em um artigo científico do periódico Scientific Reports Nature intitulado Cerumenogram: a new frontier in cancer diagnosis in humans - abre a possibilidade de diagnóstico precoce de câncer, aumentando as chances de cura e a importância da cera que produzimos em nosso ouvidos.
Meu nome é Alexandre Rattes e trato de doenças do ouvido, nariz e garganta.