Como faço frequentemente, dei um giro pelo sítio eletrônico dos nossos principais jornais e uma notícia dramática me chamou atenção em um deles.
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Passei a acompanhar o desenrolar dos fatos e lí uma declaração dos pais de que a menina apresenta sonambulismo.
Já pude perceber em minha prática médica que algumas doenças são cercadas por um certo estigma, preconceito e mitos, sendo o sonambulismo uma delas.
Nosso sono é dividido por diferentes fases que se alternam ao longo da noite. Temos duas grandes fases: o sono REM dos movimentos oculares rápidos e o sono NÃO REM que se subdivide em fases N1, N2 (sono superficial) e N3 (sono profundo).
O sonambulismo ocorre durante o sono NÃO REM e juntamente com o terror noturno e o despertar confusional pertence ao grupo das parasonias do sono NÃO REM.
Aparece com muito mais frequência na infância e em grande número de vezes desaparece ao longo dos anos mas pode também surgir na vida adulta (mais raro). Possui uma certa tendência genética e familiar.
O sono normal se caracteriza por uma perda dos movimentos e do tônus muscular e no sonambulismo o que ocorre é que a pessoa desperta sem sair do sono e desta maneira adquire a capacidade de se movimentar mesmo estando dormindo.
A pessoa apresenta movimentos dormindo na cama mas pode se levantar e caminhar e é aí que reside o perigo pois é como se estivesse encenando seus sonhos e corre o risco de se machucar e também a terceiros, podendo abrir portas e janelas.
Algumas medidas podem ser tomadas para evitar acidentes como trancar as janelas, usar sistemas de alarme avisando que saiu do quarto e procurar dormir no andar térreo.
Se acordado, o sonâmbulo na maioria das vezes estará confuso podendo ou não se lembrar do sonho. Costuma acontecer no primeiro terço da noite e então despertares programados podem evitar um episódio de sonambulismo.
Diferentemente de outros distúrbios do movimento durante o sono, o sonambulismo não está associado ao desenvolvimento de doenças neurológicas degenerativas.
Exceto pelo risco de acidentes e lesões, trata-se de uma doença benigna e que na maioria dos casos desparece com o tempo.
Eu sou o Dr.Silvio Musman, médico especialista em pneumologia, medicina do sono e medicina do exercício.