Você já percebeu que algumas partes da palmilha do seu calçado estão mais gastas que outras? Ou que, ao pisar, você toca o chão com uma parte do pé de forma mais acentuada? Esses são alguns indícios de que você pode estar pisando de maneira errada. Por isso, é preciso ficar atento para evitar incômodos. De acordo com Ana Paula Simões, ortopedista e professora da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, todos temos uma leve alteração na pisada. O grande problema é quando existe uma pisada muito acentuada de forma pronada (para dentro) ou supinada (para fora). “E aí você começa a sobrecarregar as estruturas, já que a linha de força, que deveria passar no centro, vai passar do lado de fora ou de dentro do corpo”, afirma.
A ortopedista compara essa situação com um carro e sua relação com os pneus. “Por que fazemos balanceamento do pneu? Porque, se ele começar a inclinar para um lado só, o carro vai puxar e você sentira falta de estabilidade; e é assim com corpo. Então, essas alterações de pisada podem comprometer o corpo e afetar toda a sua biomecânica por conta dessa linha, que vai passar naquela região de forma mais intensa”, explica.
Segundo o ortopedista Daniel Oliveira, cada pessoa tem um jeito diferente de pisar, devido à forma anatômica dos pés.
O profissional aconselha que, se houver dor ou incômodo nos pés, nos joelhos ou tornozelos, é importante fazer o teste da pisada para ver se há algum desalinhamento ao andar. “Uma dica prática para analisar a pisada é pegar um tênis ou calçado muito utilizado e ver em que lado ele está mais gasto. Se houver algum desnivelamento, pode ser sinal de que a pisada é supinada ou pronada.” De acordo com o ortopedista, nosso corpo acaba realizando compensações, que, muitas vezes, elevam a sobrecarga das articulações do joelho, quadril e coluna, causando fortes dores. “Assim, se pisamos de maneira errada, podemos sofrer com desequilíbrios corporais.”
ATLETAS
Para quem é atleta ou praticante de atividades físicas, principalmente de impacto, Ana Paula Simões ressalta que a preocupação com o tipo de pisada deve ser ainda mais incisiva, já que o excesso pode causar fraturas e outros incômodos.
O tipo de calçado pode nos ajudar a manter a saúde do corpo em dia e a escolha vai depender da pisada que temos. Porém, antes mesmo da escolha do tênis, é necessário saber qual o tipo de pisada nós temos para que pequenos exercícios sejam realizados e auxiliem no fortalecimento dos pés, evitando quadros de lesões. “Indivíduos com a pisada neutra podem dar preferência a um sistema de amortecimento leve, para evitar pequenos problemas”, conclui Daniel Oliveira.
Como escolher o calçado
» Os de pisada pronada devem fazer uso de calçados que tenham amortecimento superior na região interna do solado e da antessola, com o intuito de diminuir o impacto e tornando o impulso na hora de pisar mais leve.
» Quem tem a pisada supinada deve, ao comprar um calçado, ficar atento ao sistema de amortecimento na parte externa, por gerar mais proteção aos pés, favorecendo o restante do corpo.
» Em relação ao uso de salto alto, os finos, mais conhecidos como salto agulha, devem ser usados apenas em ocasiões especiais. Quem precisa usar salto todos os dias, guarde o agulha e dê preferência ao salto médio.
» O meia pata, apesar de trazer mais equilíbrio ao corpo, oferece riscos, por conta da altura.
» O salto anabela é aconselhável, por trazer estabilidade e fazer menos pressão em vários pontos dos pés.
» O quadrado ajuda a dar estabilidade ao corpo.
* Estagiário sob a supervisão da subeditora Elizabeth Colares .