Muitos sofrem de dores na coluna e sabem o quanto o problema incomoda. Só no Brasil, 27 milhões de adultos são acometidos por doença crônica na região, o que corresponde a 18,5% da população. O dado, revelado na Pesquisa Nacional da Saúde, realizada pelo Ministério da Saúde (MS), em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que os problemas lombares são os mais comuns, com prevalência maior nas mulheres: 21%, contra 15% de homens.
No planeta, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), de cada 10 pessoas, oito terão dores nas costas ao longo da vida.
Na maioria das vezes, o problema não tem uma causa específica (ocorre por questões de postura ou falta de atividade física, por exemplo). Mas também pode ser provocado por quadros clínicos, como hérnias de disco, estenoses, tendinites, listeses e artrite reumatoide, entre outras doenças.
Para o caso de haver necessidade de cirurgias corretivas, o ortopedista Daniel Oliveira, especialista em coluna e em técnicas cirúrgicas menos invasivas, detalha uma novidade: a endoscopia na coluna. “A utilização do endoscópio permite a realização de descompressões com menor agressão tecidual e com a mesma eficiência das técnicas tradicionais”, detalha.
Indicações
O médico afirma que o diagnóstico e a indicação para a cirurgia ocorre em casos relacionados a processos degenerativos, idade avançada, alterações metabólicas e estreitamento do orifício de passagem do nervo que causa problemas, como a ciática. “A cirurgia é recomendada para diagnósticos como hérnias de disco cervical, torácico e lombar, estenose de canal vertebral, fibrose epidural, compressão após artrodese e dor do nervo ciático.”
Nesses casos, ressalta o médico, a endoscopia na coluna representa um avanço na ortopedia, beneficiando sobremaneira o paciente. “Ao contrário da cirurgia tradicional, que demanda um longo tempo de recuperação, a endoscopia é menos dolorosa e permite ao paciente retornar à rotina de atividades em menos tempo.”
Oliveira descreve o procedimento, no qual “a utilização do endoscópio permite a realização de descompressões com menor agressão tecidual e com a mesma eficiência das técnicas tradicionais”. Ele explica, ainda, que a técnica consiste na dilatação da musculatura para inserir um tubo de dois centímetros com uma câmera de alta definição na ponta, para otimizar a visualização da parte a ser corrigida. "Durante o procedimento, é feito apenas um corte de um centímetro para inserção do tubo, diferentemente da cirurgia tradicional, em que é feita um corte até oito vezes maior. O tempo do procedimento é de cerca de uma hora e, normalmente, o paciente tem alta em até 24 horas.”
Recuperação
O médico ressalta que, na maior parte das vezes, o pós-operatório de uma endoscopia na coluna não exige a internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), enquanto na cirurgia convencional o paciente chega a ficar quatro dias internado. “Como a técnica não prevê a anestesia geral, mas apenas sedação e anestesia local, é mais segura para pacientes idosos, hipertensos, diabéticos ou com doenças cardíacas e pulmonares.”
O ortopedista destaca, ainda, que o tempo de recuperação de uma endoscopia na coluna é de quatro dias, em média. “Respeitadas as recomendações médicas, o paciente já estará apto para retornar às atividades rotineiras e até mesmo ao trabalho dentro desse prazo.”
O menor desconforto no pós-operatório também é tido como um avanço. “A dor após a cirurgia costuma ser muito menor em comparação às intervenções convencionais. Após realizada a endoscopia da coluna, geralmente, a pessoa sai do hospital andando normalmente.”
Por fim, Daniel Oliveira lembra que nem todos os diagnósticos de coluna recebem indicação para cirurgia ou endoscopia cirúrgica. “A cirurgia da coluna nem sempre é o primeiro tratamento. Geralmente, recomenda-se que injeções espinhais e ou fisioterapia sejam experimentados antes de qualquer tipo de intervenção.”
Ele destaca, ainda, que a endoscopia pode não ser apropriada para todas as indicações de cirurgia da coluna vertebral, como escoliose, instabilidade da coluna vertebral, câncer ou trauma. “Nesses tipos de casos, o cirurgião pode recomendar um procedimento tradicional de coluna aberta ou minimamente invasivo.”
Saiba identificar as principais doenças de coluna:
Dores nas costas inespecíficas – Representam aproximadamente 85% dos casos, informa Douglas Kenji Narazaki, ortopedista e traumatologista no Hospital Sírio-Libanês. "As dores são inespecíficas quando, mesmo após história clínica, exame físico e exames adicionais não conseguimos afirmar que determinada alteração de imagem seja a causa da dor", explica o médico.
Hérnia de disco – Os discos localizados entre as vértebras que formam a coluna espinhal saem da sua posição normal e passam a comprimir as raízes nervosas, causando pressão sobre elas e, consequentemente, dor. O desgaste pelo tempo e a genética estão entre as causas principais da hérnia de disco lombar, mas forçar as costas para levantar peso excessivo também pode ser um desencadeador desse problema, assim como o tabagismo. "O fumo contribui para o desgaste precoce dos discos intervertebrais", diz Narazaki.
Estenose – Trata-se de um estreitamento do canal medular (local por onde passa a medula e raízes nervosas) da coluna. Na maioria das vezes, a estenose lombar é um problema natural relacionado ao envelhecimento, mas pode ter causas congênitas ou ser provocada por tumores.
Tendinite – É uma inflamação dos tendões, que são as estruturas que ligam os músculos aos ossos. Quando afeta o ombro, a tendinite pode irradiar para a região das costas. A principal causa desse tipo de tendinite é o uso excessivo dos braços em tarefas laborais ou atividades esportivas.
Listese (espondilolistese) – O ortopedista explica que é o escorregamento ou a subluxação de uma vértebra sobre a outra na região da coluna. Esse problema pode ocorrer por defeitos genéticos de formação, envelhecimento, traumas por quedas ou pela presença de tumores.
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