Botox, harmonização facial, lifting, abdominoplastia, lipoaspiração. Quem nunca pensou em uma intervenção estética ou cirúrgica para dar uma repaginada no visual e sair bem na foto? Muitas pessoas, principalmente no Brasil, país em que a população é vaidosa por natureza. Tanto que o país é vice-líder no ranking mundial de cirurgias plásticas e procedimentos estéticos, com 1,2 milhão de operações realizadas em 2015, data do último levantamento da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps).
Hilda Maria Maia Araújo, de 53 anos, integra as estatísticas. “Passei por um período em que descuidei do corpo e engordei bastante. Como tenho hérnias que impedem a prática de atividade física de alto impacto, emagrecer sozinha não era uma opção. Assim, pensei nas cirurgias plásticas para solucionar o problema.”
Com queixa de gordura localizada e diástase abdominal, Hilda procurou um cirurgião plástico de renome para realizar três intervenções: abdominoplastia, lipoaspiração e lifting de mama. Um ano e meio após as plásticas, ela comemora o impacto dos resultados na qualidade de vida. “Não tive medo, pois procurei um médico especialista, no qual tive a tranquilidade de depositar toda a confiança. E planejei minha vida para ficar um mês por conta da recuperação. Após os resultados, a primeira coisa que mudou na minha vida foi a retomada da autoestima: estou mais feliz, mais disposta a fazer as coisas, colocando mais a cara no mundo”, diz.
Ela reforça ainda que indica as cirurgias e intervenções estéticas para quem realmente precisa e ou pode fazer. Mas afirma que é preciso adotar critérios reais e segurança no momento de procurar um profissional. “Há muito exagero e maus profissionais no mercado. Então, indico a procura por médicos especialistas, filiados à Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), que tenham referências. Também é necessário planejar o pós-operatório, já que a cirurgia vai exigir que a pessoa fique um tempo parada, além de gastos com remédios, faixas e massagens como drenagem linfática”, alerta.
FANTASIA
Na era da superexposição nas mídias sociais, o médico Alexandre Alcidez Mattos de Meira, cirurgião plástico e presidente da SBCP regional Minas Gerais, reflete sobre o que deve ser avaliado numa intervenção estética e ou em uma cirurgia plástica. “A harmonia e o belo podem e devem ser buscados, mas de forma racional e responsável, respeitando os limites do próprio corpo, da faixa etária, e sempre com o auxílio de profissionais éticos e responsáveis, sinceros e verdadeiros, que não prometem milagres.”
Meira lembra que muito da imagem disseminada na internet é falsa e vem impactando de forma negativa a corrida pela beleza. “Existe uma proliferação de imagens muito grande, fotos produzidas e tratadas. Quando as pessoas percebem que não são tão perfeitas quanto aquele (falso) padrão, começam a procurar exaustivamente esse belo que não é real. Também geram problema e frustração as fotografias de pré e pós, difundidas exaustivamente e irresponsavelmente por profissionais médicos e, principalmente, não médicos. Da mesma forma, existe a propagação e promessas de resultados incompatíveis com a realidade humana, de caráter absolutamente comercial”, destaca.
Por fim, o cirurgião destaca que saúde é o equilíbrio entre o bem-estar físico, social e emocional. “Temos que sempre procurar esse equilíbrio, buscando o belo, o bem-estar diante do espelho e de seus pares, mas sempre de forma harmônica, responsável e real.”
AVANÇOS
A médica Cíntia Mundin, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), especialista em harmonização facial e cirúrgia plástica, comenta os principais avanços em intervenções estéticas não invasivas. A área, comenta, tem crescido exponencialmente a reboque das inovações tecnológicas.
Entre os procedimentos mais procurados, ela cita o botox. “A aplicação da toxina botulínica, que age paralisando determinados segmentos da musculatura facial que causam rugas, lidera a procura nos consultórios. A intervenção trata as rugas dinâmicas, ou seja, aquelas que aparecem quando o paciente está falando ou se mexendo. Além do botox, também são muito procurados os preenchimentos com a reposição de ácido hialurônico para corrigir os sulcos já formados. Ou seja, corrige as rugas estáticas quando a pessoa está com a face em repouso”, explica.
Em relação aos tratamentos mais avançados e que representam novidade, a médica cita o MD Codes, “técnica de preenchimento que usa um ácido hialurônico específico, colocado de uma maneira diferente, na região supraperiostal e serve para sustentar os tecidos faciais”. Ela informa que a substância “não enche e sim sustenta e suspende os tecidos da face”. Além disso, descreve, confere pontos de beleza a quem faz uso da técnica, tem efeito natural e harmônico.
Cíntia revela ainda que mulheres a partir dos 30 anos têm recorrido a tais procedimentos de forma preventiva. “Nessa idade, a face já começa a apresentar perda de colágeno, ácido hialurônico e perdas ósseas. Mas isso não é regra. Só um médico especialista saberá indicar o melhor momento de iniciar os tratamentos.”
Três perguntas para...
Alexandre Alcides Mattos de Meira - presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP- MG)
1) O que deve ser levado em conta na hora de optar pelo bisturi?
Caberá ao cirurgião plástico, conhecedor das indicações e limitações de cada procedimento, avaliar junto ao paciente e de seus familiares o momento e tratamento mais adequado para cada caso. A relação médico x paciente deve ser baseada na prudência, perícia e responsabilidade.
2) Como é possível definir se está mesmo na hora de fazer uma cirurgia ou se o melhor é optar por um tratamento estético menos invasivo?
O médico deve esclarecer ao paciente os prós e contras de cada tratamento. Analisar as expectativas esperadas e os custos de cada intervenção. Muitas vezes, o paciente quer um resultado mais amplo e ‘definitivo’, e é o caso de optar pela cirurgia. Outras vezes, prefere procedimentos mais simples e não se importa em ter que repeti-los mais vezes. Nesses casos, os procedimentos minimamente invasivos serão mais indicados. Outros fatores como custos, disponibilidade de tempo para repouso e afastamento do trabalho, questões familiares, sociais etc., devem ser levadas em conta. Há muitas variáveis em jogo e cabe a um profissional adequado, médico cirurgião plástico ou dermatologista, analisar todos esses fatores sem a intenção de vender produtos ou tratamentos e sempre colocando em primeiro lugar desejo, necessidade, saúde e segurança do paciente.
3) Quais são as cirurgias de face mais procuradas entre as mulheres?
Nas mulheres mais jovens, a rinoplastia (correção do nariz), Nas mulheres após os 40 anos, as cirurgias de pálpebras e face lift, associados aos procedimentos estéticos de preenchimento para o rejuvenescimento facial. Já as cirurgias de corpo mais procuradas são as das mamas e as lipoaspirações, seguidas pelas cirurgias da face e a abdominoplastia.