Das comemorações de dezembro ficam os presentes, as recordações e as fotos engraçadas. Mas, na virada, boa parte da população também traz para o novo ano alguns quilos a mais na balança. Acrescidos, segundo estudo da Universidade de Copenhague, de taxas elevadas de colesterol. A pesquisa, publicada na revista Atherosclerosis, é a primeira a demonstrar, em um grupo grande de pessoas, que as festas de fim do ano são seguidas de aumento na quantidade de lipídios circulando no sangue. A boa notícia é que, ao voltar à rotina alimentar e ao peso de antes dos excessos, os níveis de gordura no plasma também se normalizam. É importante, portanto, não se acomodar depois das celebrações e correr atrás da silhueta perdida.
Os pesquisadores se basearam no Estudo Populacional Geral de Copenhague e usaram informações de 25.764 indivíduos com idade entre 20 e 100 anos. Eles constataram que, comparadas às pessoas que fazem exame de sangue entre maio e junho, aquelas examinadas de dezembro a janeiro apresentam taxa de colesterol 15% mais elevada. Considerando apenas o LDL - o chamado "mau" colesterol -, o valor é 20% maior no segundo grupo.
Embora estatisticamente o estudo dinamarquês seja o maior a demonstrar a elevação sazonal do colesterol associada a um período festivo, os autores destacam que pesquisas realizadas anteriormente encontraram resultados semelhantes. No Reino Unido, pesquisa com 35 pessoas constatou que, imediatamente depois do Natal, houve ganho de peso e um pequeno aumento nos níveis de colesterol. Já nos Estados Unidos, cientistas descobriram, em amostra de 1.446 homens com diagnóstico prévio de hipercolesterolemia, que, após as festas, as taxas ficavam 7mg/dl maiores que no meio do ano, uma elevação de 3%.
De acordo com os autores do artigo e com especialistas ouvidos pelo Estado de Minas, a pesquisa traz duas mensagens importantes. A primeira é que uma alimentação desregrada associada ao alto consumo de bebida alcoólica não só engrossa a silhueta, como provoca, muito rapidamente, aumento do colesterol.
Já aqueles que se esforçam para voltar ao peso e aos hábitos de antes das festas não têm com o que se preocupar. "Para fazer mal, o colesterol alto tem de estar presente por períodos muito longos. Um aumento transitório não é suficiente para trazer consequências, desde que a pessoa consiga retornar ao peso normal", esclarece Rodrigo Moreira, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).
A outra lição do artigo é que o checape anual deve ser adiado para pelo menos fevereiro, pois há risco de se detectar a hipercolesterolemia e iniciar um tratamento desnecessário de controle do colesterol. "Surpreendeu-nos um aumento de colesterol tão alto depois das festas.
AÇÚCAR
Comidas gordurosas e álcool em excesso podem ser considerados os principais responsáveis pelo aumento de peso e de colesterol após as festas de fim de ano. E o consumo de um ingrediente encontrado tanto nas iguarias quanto nas bebidas na época de comemorações aumenta muito nessa época, devendo ser regulado por quem está correndo atrás do prejuízo: o açúcar.
"No Natal, o consumo de açúcar dispara devido às bebidas e às comidas tradicionais. Um pedaço de torta vai fazê-lo ingerir toda a sua dose recomendada diária do ingrediente, que é 30g. Uma taça de quentão contém pouco menos da metade dessa dose, e um pedacinho de empadão, mais de 22g de açúcar", exemplifica Franco Cappuccio, da Faculdade de Medicina Warwick, nos Estados Unidos. "Além de ter um efeito prejudicial para a sua cintura, o consumo de açúcar acima das taxas recomendadas pode afetar a saúde de outras maneiras.