Dores de cabeça, na coluna, ansiedade, insônia, falta de ar, intolerância, choro sem motivo e gastrite são males que acometem muitas pessoas, por motivos distintos. Porém, há casos em que doenças físicas recorrentes em um indivíduo perpassem por questões emocionais e até espirituais. O corpo capta todos os estímulos externos e, por meio do sistema nervoso, envia essas “mensagens” para o cérebro, que as decodifica e, em seguida, responde a esses estímulos na forma de ação.
Assim, o corpo também responde por meio dos estímulos internos que são gerados pela mente na forma de pensamento e sensação e, consequentemente, ocasionam ações ou reações. Ocorre que a causa de uma enfermidade pode estar no subconsciente, uma vez que não houve a possibilidade de reconhecer, tornar consciente e transpor os sentimentos e emoções. Então, o corpo adoece.
O ser humano acumula situações traumáticas, dores emocionais, feridas da infância, repreensões familiares e sociais. Todos esses momentos geram psicossomatizações que condicionam e estruturam o nosso modo de viver, pensar, agir e nos portar em situações de inseguridades. O corpo, portanto, além de atuar como instrumento da mente, armazena todas as emoções que podem ter natureza tanto benéfica quanto tóxica.
Todas as situações de vida são constantemente registradas na mente inconsciente, na forma de impressão ou memória. Sempre que nos depararmos com a mesma situação ou situação semelhante, essa memória emergirá para a mente consciente e teremos a mesma reação. “Se as situações em que vivemos forem traumáticas ou se as respostas internas forem baseadas nas experiências do passado, ambas ativarão o cérebro límbico, que gerará hormônios de estresse”, destaca a terapeuta. Cada vez que repetimos a mesma reação, reforçamos a memória de fuga ou de ataque (cérebro reptiliano), e que, na maioria das vezes, não é a melhor reação.
De acordo com Karuna, o corpo responde de forma condicionada ao que é projetado na mente, o que, por sua vez, teve origem nas situações traumáticas que não puderam ser bem gerenciadas emocionalmente.
O bem-estar pessoal está ligado com a liberação das cargas emocionais geradas pelas situações que nos ocorrem. Aprender a se posicionar perante os acontecimentos sem medo e de forma cuidadosa e harmoniosa é necessário para não gerar mais conflitos para nós e para os outros. “Todo terapeuta corporal, acupunturista e fisiologista sabe que guardar raiva prejudica o fígado. E guardar tristeza acomete os pulmões e traz problemas cardíacos, como pressão alta e arritmias”, adverte a terapeuta.
Sensações e estímulo
Por meio da conscientização das sensações e estímulos corporais relacionados à situação traumática, a experiência somática é uma terapia que visa à resolução dos traumas e de eventos estressantes. “Por meio da escuta do corpo e tendo as sensações como porta de entrada, é possível acessar todas as memórias de dor, crenças limitantes e negativas que levam nosso sistema a adoecer ou tiram nossa paz e alegria”, conta Karuna.
Ela desenvolveu um método que une procedimentos da experiência somática, mindfulness compassion, meditação e renascimento para a liberação, acolhimento e ressignificação da causa psíquica emocional da enfermidade.
Para Karuna, à medida que os acessos são reconhecidos, é feita a ressignificação, por meio da compreensão das relações de causa/efeito e da liberação da carga psicoemocional envolvida nos acontecimentos traumáticos da nossa história de vida. Quando essas cargas são liberadas e o acontecimento é aprendido em sua totalidade, deixamos de carregá-las. Não há uma imagem congelada e neurótica, nem uma força emocional que nos puxam para a reação, medo e tristeza. “É uma forma de compensação para aliviar a aflição interna do indivíduo e que chegou no seu auge da capacidade de sustentá-la. É uma válvula de escape energética, emocional e psíquica”, diz.
Segundo ela, todas as pessoas desenvolvem somatização, salvo aquelas que conseguem liberar as cargas emocionais e psíquicas e/ou desenvolveram alto grau de gerenciamento emocional (inteligência emocional) e conseguem, no momento exato da situação, dar a melhor resolução interna e externa, não guardando sentimentos e pensamentos repetitivos e destrutivos. “Agir dessa forma é aconselhável para todas as pessoas, com idade acima de 7 anos. Para quem busca harmonizar todas as áreas da vida, compreendendo em profundidade os por quês dos acontecimentos”, aconselha.
A terapeuta salienta que, se não resolvermos essas questões internas e de relacionamento interpessoal, teremos várias áreas da vida travadas por sentimentos de incapacidade, baixa autoestima, falta de propósito, depressão, pânico, retraimento e outros sintomas. “A felicidade que buscamos está na resolução dos conflitos internos, familiares e sociais. O ser humano consegue, pela inteligência emocional, enfrentar seus desafios, sua sombra e se autotransformar, visando à sua melhor versão, o máximo do seu potencial, e à harmonização de todas as áreas da sua vida”, finaliza.
* Estagiário sob a supervisão da subeditora Elizabeth Colares.