Quem malha já está acostumado. Basta trocar o treino ou mudar a carga de algum exercício que a dor no dia seguinte é certa. Porém, até que ponto é normal? Seria apenas um sinal de que o músculo está se fortalecendo? Especialistas ressaltam que é preciso ficar atento para saber se a dor é um reflexo da recuperação do músculo ou sintomas de uma lesão.
A secretária executiva Rayane Fernandes Queiroz, 31 anos, sabe bem o que é a diferença entre os dois tipos de dor. Ela estava havia pouco tempo na academia, cerca de um mês, quando os incômodos no ombro começaram a atrapalhar a rotina de exercícios.
Rayane conta que, ao relatar a dor, muitas pessoas diziam que era o efeito dos treinos. Porém, por conta da intensidade e da duração, ela começou a desconfiar de que não era uma dor normal. “Era muito forte, eu não conseguia dormir. O meu braço ficava dormente. Era uma dor insuportável”, comenta. Ela relata que a região afetada também ficou inchada.
Segundo o educador físico Washington Coutinho, da Fit One, devido às alterações hormonais e musculares, é natural as pessoas sentirem um desconforto durante e depois dos treinos. Alguns sinais, no entanto, podem dizer se é algo mais grave. “Temos observações, como rigidez muscular, inchaço na musculatura, acompanhada de dor e limitação de movimentos e diminuição da força de contração muscular”, cita.
O médico ortopedista Rodrigo Souza Lima, da OrtoSul, complementa alertando sobre a duração da dor. Ele explica que o incômodo de esforço físico geralmente passa em cerca de 72 horas.
Rayane não estava mesmo errada em desconfiar das dores. Depois de alguns exames, foi constatado que estava com lesão nos manguitos (região do ombro) e na lombar. Para se recuperar, a secretária está fazendo fisioterapia e teve que dar uma pausa nos exercícios.
Ela ainda conta que, apesar do medo, pretende retomar as atividades, nem que seja em outra modalidade. “Em algum momento, vou precisar fortalecer esse músculo, mas eu temo essa volta. Acho que vou procurar outra atividade, que não seja diretamente a musculação.” Enquanto isso, para não ficar parada, Rayane está fazendo algumas atividades com o Kangoo Jump, porém o fisioterapeuta já a alertou sobre os riscos e pediu moderação, devido ao impacto na coluna.
Atenção, iniciantes!
Segundo o ortopedista Rodrigo, a maioria dos casos de lesão acontece quando as pessoas são iniciantes na prática de exercícios. Assim como Rayane, a estudante Graziele Jardim, 20, também se machucou. Logo no início, malhando há cerca de 2 meses, lesionou a panturrilha. “No dia seguinte ao treino, eu acordei com muita dor e não conseguia forçar o músculo para andar. Dois dias depois, eu não conseguia andar com nenhum dos dois pés totalmente apoiados no chão”, relata.
De acordo com o ortopedista, a impossibilidade de movimentar o músculo é um forte indício de que aquela dor não é normal. “Quando sente uma dor por esforço, você consegue se movimentar. Já a dor de lesão é mais aguda, e qualquer movimento que você faz, sente uma dor muito forte que impossibilita de movimentar aquela região”, esclarece. O ortopedista ainda alerta que nunca se deve sentir dor articular em uma atividade física. Isso também pode ser sinal de que algo está errado.
Para não agravar o quadro e se recuperar, Graziele teve que substituir as máquinas e anilhas por anti-inflamatórios, compressas e repouso do músculo.
Intensidade do machucado
Segundo o ortopedista Rodrigo Souza Lima,
se a pessoa com músculo lesionado persistir
em praticar exercícios que exijam força desse músculo, o quadro pode se agravar, podendo ser necessário até procedimentos cirúrgicos. Confira as fases de uma lesão:
1- Lesão leve, com estiramento pequeno.
2 - Lesão maior, com rompimentos, porém não total.
3 - Ruptura total do músculo.
Evite lesões
• Faça alongamento
• Procure o auxílio de um profissional de educação física
• Comece com cargas leves
• Nunca extrapole seus limites
Fonte: Rodrigo Souza Lima, ortopedista