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Saúde feminina

Células de defesa podem facilitar a infecção pelo HIV em mulheres


Um grupo de células imunes pode estar relacionado ao aumento do risco de infecção por HIV em mulheres, segundo estudo canadense divulgado recentemente na revista Science. Os cientistas chegaram à conclusão ao analisar amostras de sangue de mulheres com alto risco de ser infectadas pelo HIV e, segundo eles, a descoberta pode ajudar no desenvolvimento de novas formas de enfrentamento da doença infecciosa.

Já se sabe que as células imunes que vivem no intestino desempenham papel importante na infecção pelo HIV, e que a capacidade das células de defesa do corpo (células-T) de navegar na corrente sanguínea para o intestino depende de uma proteína chamada alfa4beta7. “Nossos colaboradores realizaram trabalho com primatas não humanos e mostraram que, ao bloquear a proteína com um anticorpo monoclonal, pode-se reduzir a transmissão vaginal do SIV (forma do HIV em macacos). Foi o que nos levou a testar esse conceito em seres humanos”, conta Lyle Mckinnon, um dos autores do estudo e pesquisador da Universidade de Manitoba.

Ao examinar as amostras de sangue obtidas de um grupo de moradoras da África do Sul antes de elas terem contraído o vírus, os cientistas determinaram que as frequências elevadas de células-T que expressam a alfa4beta7correlacionavam-se com o aumento do risco de infecção. Associações semelhantes entre os níveis sanguíneos de células-T que expressam a proteína e o risco de HIV foram observadas em prostitutas no Quênia.

Outro ponto importante detectado foi que níveis sanguíneos elevados de células-T que expressam a proteína correspondiam ao aumento dessas células no trato urogenital, sugerindo uma possível rota de entrada do vírus no corpo humano. “Uma hipótese é que as células que expressam a proteína são os primeiros alvos do HIV, e a infecção desse subconjunto no local da exposição fornece ao vírus um ponto de entrada no corpo e no intestino.

Portanto, as mulheres que têm mais dessas células podem ser mais suscetíveis se expostas ao vírus”, ressalta Mckinnon.

Os pesquisadores pretendem analisar melhor a relação da proteína com o HIV para que a informação possa ser usada no combate à Aids. “Gostaríamos de validar esses achados em cortes adicionais, especialmente naqueles com diferentes modos de transmissão, e compreender os mecanismos de ação subjacentes. Mais estudos sobre imunologia intestinal também podem ser úteis para entender como a alfa4beta7 afeta os eventos que ocorrem nos tecidos durante a infecção pelo HIV”, lista o autor..