A queima de gordura não acontece imediatamente durante o exercício. Como se trata de uma reserva de energia, o corpo prefere usar fontes mais fáceis de acessar, como a glicose dos alimentos consumidos recentemente e ainda circulante no sangue. Por isso, monitorar em tempo real esse processo tão desejado por quem busca perder peso é uma tarefa difícil. Os métodos atuais usam exames de sangue e equipamentos portáteis, mas que só fazem uma medição.
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Pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, criaram um bafômetro capaz de medir a queima de gordura em poucos segundos. O dispositivo detecta a quantidade de acetona, um subproduto da quebra de lipídios, presente no hálito com alta precisão, uma molécula entre 100 milhões. O método mediu a queima de gordura de 20 participantes durante exercícios e em repouso e provou ser tão eficaz quanto as formas disponíveis de monitoramento, segundo os criadores.
“Quando eu começo a queimar gordura corporal? E será que meus exercícios são eficazes? Provavelmente todo mundo já se fez essas perguntas em uma academia”, diz Andreas Güntner, principal autor do artigo, publicado na Analytical Chemistry. O cientista explica os mecanismos fisiológicos que os permitiram chegar ao bafômetro. “Ao queimar gordura, o corpo cria subprodutos que chegam ao sangue. Nos alvéolos pulmonares, essas moléculas, especialmente as mais voláteis, entram no ar exalado pela pessoa. A acetona é a mais volátil delas.”
Essa forma de determinar a quebra dos lipídios é conhecida, mas a medição se faz com equipamentos caros de laboratório, como espectrômetros de massa, ou com testes portáteis de uso único, com menor precisão. O novo bafômetro usa um pequeno sensor — do tamanho de uma moeda de um centavo — que capta apenas moléculas de acetona, entre os mais de 800 componentes voláteis presentes no hálito.
Essa forma de determinar a quebra dos lipídios é conhecida, mas a medição se faz com equipamentos caros de laboratório, como espectrômetros de massa, ou com testes portáteis de uso único, com menor precisão. O novo bafômetro usa um pequeno sensor — do tamanho de uma moeda de um centavo — que capta apenas moléculas de acetona, entre os mais de 800 componentes voláteis presentes no hálito.
O bafômetro foi testado em 20 participantes saudáveis, com idade entre 20 e 33 anos, enquanto se exercitavam em bicicletas ergonômicas por uma hora e meia e enquanto descansavam. Os resultados obtidos foram tão precisos quanto os do espectrômetro de massa e os exames de sangue. “Nossa tecnologia tem o grande benefício de ser barata, controlável e, ainda assim, altamente sensível, além de fazer medições em tempo real”, afirma Güntner. “Isso a torna apropriada para o uso no dia a dia, exercitando-se em uma academia ou para pessoas em dieta”, ilustra.
Variações
Os dados mostraram ainda que a queima de gordura varia muito entre os participantes. Em média, a maior liberação de acetona aconteceu três horas após o exercício, e a queima aumentou levemente durante a atividade. Alguns participantes, porém, não apresentaram mudança no metabolismo da gordura durante ou após o exercício. Segundo os cientistas, as variações acontecem devido a diferenças biológicas, como o preparo físico.
“Isso poderá ser bastante útil para atletas ou pessoas em academias que queiram checar sozinhas o seu metabolismo e otimizar o treino”, afirma Güntner. Variações no exercício, como na intensidade ou no tipo, também poderão ser testadas e monitoradas. A equipe começou a trabalhar no desenvolvimento de um método que possa chegar ao mercado. “Também estamos trabalhando para desenvolver sensores para outras moléculas relevantes, como a amônia, para testar a atividade renal, ou o isopreno, para monitorar altos níveis de colesterol no sangue”, adianta Güntner.