Ele ameniza os sulcos da boca, remodela as maçãs do rosto, trata cicatrizes deprimidas, rugas, olheiras, melhora a flacidez e a hidratação da pele local e recupera o volume do rosto, disfarçando os sinais de envelhecimento. Tudo isso você pode conquistar se tiver indicação médica para o preenchimento facial com ácido hialurônico, o melhor material para o procedimento por ser maleável e biocompatível, ou seja, molécula feita em laboratório, mas com uma substância que o organismo não reconhece como estranha, porque está presente em nossa pele.
A médica Eveline Bartels, especialista em dermatologia estética, membro da Sociedade Brasileira de Laser e da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), revela que o preenchimento facial evoluiu muito, tanto a técnica quanto o material. “Hoje, tem o gel de alto cross-linking (reticulação) que confere estabilidade com maior tempo e duração. Se, antes, durava até seis meses, agora é de um ano a um ano e meio. Mudou a densidade (textura). Antes era uma, agora são cinco, o que facilita ao escolhermos a profundidade e o local anatômico. Outra evolução é que o ácido hialurônico está mais puro e com mais qualidade, o que diminuiu a chance de inchaço e edema. E a aplicação também é menos agressiva.
De acordo com a dermatologista, atualmente, o preenchimento facial mais pedido é o contorno da mandíbula, porque retarda a cirurgia plástica, já que faz diminuir muito a sensação de rosto caído. Em alguns casos, pode até desaparecer. A médica lembra que muitos têm medo de engordar a face, mas, na realidade, emagrece o rosto, porque faz as vezes de osso.
PRECOCE
Eveline Bartels reforça que, apesar de antiga, o que há de mais atual no preenchimento facial é a técnica, que mudou. “É a harmonização facial por meio do MD Codes, códigos médicos, com uma técnica que foca em pontos da face.” A dermatologista enfatiza que não tem uma idade para fazer o preenchimento. “Em questão de rejuvenescimento, tudo que é precoce é melhor. O ideal é que se faça no primeiro sinal de perda de volume para que a recuperação tenha resultado melhor.
Quanto ao valor, Eveline Bartels conta que tem de todo preço, dependendo da qualidade do produto - há ácido hialurônico manipulado, outros mais simples e modernos -, da técnica, da formação médica, da quantidade de ampolas necessárias e da área a ser preenchida. A média é de R$ 900, R$ 1 mil a R$ 3 mil por ampola.
A médica ressalta o perfil de segurança do preenchimento facial. “Além de ser absorvido pelo organismo, ele é reversível. A enzima hialuronidase dissolve o ácido hialurônico em até 24 horas.” Por outro lado, Eveline Bartels reforça a importância de escolher um profissional médico qualificado. “Há casos de cegueira por erro da técnica aplicada na hora do preenchimento”, alerta.
Tathya Taranto membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Bras. de Cirurgia Dermatológica
Análise tridimensional
“O ácido hialurônico é uma das principais substâncias usadas no preenchimento facial, mas a forma de realizá-lo mudou muito nos últimos tempos. Se, antes, os profissionais de dermatologia tratavam as necessidades do paciente de maneira pontual, preenchendo um sulco aqui, aplicando uma toxina botulínica em uma ruga ali, agora, com as novas tecnologias, é possível ter um ganho estético facial mais amplo, o que chamamos de harmonização da face, que aperfeiçoa traços e realça a beleza natural, e utiliza juntos o preenchimento e a toxina botulínica.
Estudo com células-tronco
As células-tronco, também chamadas de células-mãe, são capazes de se transformar e gerar células idênticas aos mais diferentes tipos de tecidos e partes do corpo. No tecido adiposo, onde ficam as células de gordura, as células-tronco são únicas, com uma enorme capacidade de multiplicação, e podem ser isoladas por meio de lipoaspiração ou abdominoplastia. As chamadas células-tronco mesenquimais, derivadas do tecido adiposo, se mostram eficazes como fonte de terapia celular para diferentes tipos de tratamentos. Na dermatologia, elas vêm sendo utilizadas para cicatrização de feridas, tratamento de queimados, tratamento de epidermólise bolhosa (doença genética grave), além de protocolos em cirurgias de enxerto de pele e preenchimento cutâneo. Há também alguns trabalhos utilizando a célula-tronco para tratar a calvície.
Denise Steiner, médica e especialista em dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da qual foi presidente entre os anos de 2013 e 2014, e coordenadora do Serviço Credenciado de Dermatologia da Universidade de Mogi das Cruzes, apresentou protocolo para estímulo da produção de colágeno criado a partir de fração estromal vascular (FVE), que é uma fração descartável da lipoaspiração e tem grande quantidade de células-tronco mesenquimais.
Para o estudo, foram selecionadas 10 pacientes de 30 a 48 anos, sem doenças graves, sem reposição ou tratamentos hormonais. Cinco mulheres foram submetidas à lipoaspiração para retirada do tecido gorduroso. Houve, então, o preparo específico para isolar a fração estromal vascular, que foi aplicado no sulco nasogeniano. Outras cinco mulheres foram tratadas com um preenchedor convencional sintético, que estimula o colágeno nas mesmas regiões do rosto.
ESTÍMULO DE COLÁGENO
“O que fizemos foi um estudo comparativo entre o preenchimento com um produto sintético e o preenchimento com a fração estromal vascular. Essa fração foi retirada de material coletado por meio de lipoaspiração em tecido gorduroso, centrifugada e preparada com uma técnica específica para isolar células mesenquimais/células-tronco da gordura. Depois da aplicação, notamos que os resultados foram muito similares entre preenchedor sintético e fração estromal, mostrando o potencial para preenchimento e estímulo de colágeno deste último. Por isso, novos estudos nessa área são essenciais”, explica Denise Steiner.
Doutora em dermatologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Denise Steiner reforça que, pelo resultado, “o uso das células de gordura pode ser sim uma opção para o tratamento de envelhecimento cutâneo. A possibilidade de usarmos nossas próprias células para estímulo do colágeno é alentadora. Estudo isolando as células-tronco e provocando a especialização da mesma ocorrem no mundo todo. Nossas pacientes ainda apresentam resultados positivos cerca de três anos depois da aplicação, demonstrando que a técnica pode controlar o avanço da flacidez e do envelhecimento cutâneo”..