Os efeitos colaterais do tratamento contra o câncer de mama são recorrentes e marcantes. É o que mostra um estudo conduzido na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, com1.945 voluntárias. Quase metade delas contou ter sofrido reações graves ou gravíssimas em decorrência da terapia, como falta de ar e náuseas. Autor do estudo, Steven Katz ressalta que, apesar de se saber da agressividade desse tipo de intervenção, ainda não havia muito conhecimento a respeito da sexperiências vividas por pessoas submetidas a ela. “O estudo proporcionou um cenário muito mais claro a respeito do grau e do tipo de toxicidades que as mulheres sofrem”, avalia. O investigador e médicos ouvidos pela reportagem ressaltam, porém, que há medidas para tornar esse processo menos árduo.
A equipe liderada por Katz trabalhou com oito efeitos colaterais comuns: náuseas, vômitos, diarreia, constipação, dor, inchaço do braço, falta de ar e irritação da pele do peito. No geral, 93% dasmulheres avaliadas afirmaram ter experienciado pelo menos um deles, sendo que 45% delas classificaram a condição como grave ou gravíssima. As participantes tinham sido diagnosticadas com câncer de mama invasivo em estágio inicial havia pelo menos sete meses e responderam ao questionário dois meses depois de ser submetidas ao tratamento: procedimento cirúrgico, quimioterapia e/ou radioterapia.
Depois de analisar o questionário com a frequência e a severidade dos efeitos colaterais causados pela abordagem médica, os investigadores relacionaram as respostas com a saúde física e a frequência do atendimento médico das pacientes. Consideram também as condições do tumor e os fatores do tratamento associados com os efeitos colaterais tachados como severo s emuito severos
Por exemplo, um terço das que não receberam quimioterapia experimentou efeitos colaterais graves. As submetidas a dois tipos de tratamento (quimioterapia e radioterapia) estavam 30% mais suscetíveis a reportar efeitos colaterais sérios, em comparação às que enfrentaram apenas um dos procedimentos. As pacientes submetidas à mastectomia dupla foram classificadas duas vezes mais suscetíveis a relatar dor severa ou muito severa, comparadas às quetiveram remoção cirúrgica de uma pequena parte da mama.
Segundo Katz, boa parte dos efeitos colaterais desse tratamento é normalmente identificada por testes clínicos e/ou avaliação de especialistas. Existem poucas informações que avaliam os efeitos colaterais dos tratamentos de câncer de mama pela visão da paciente. Por isso, o também professor de medicina e de gestão de saúde na universidade norteamericana ressalta a importância de as mulheres diagnosticadas com a doença entenderem melhor sobre efeitos colaterais para conseguir evitá- los ou não ficar muito afetadas pelo surgimento deles.
Quanto à prevenção, o pesquisador diz que a mulher precisa se certificar de que está recebendo apenas a quantidade de tratamento necessária. “Médicos nos Estados Unidos estão ficando atentos ao potencial de tratamento excessivo: como cirurgia mais extensa do que é necessário e o uso de quimioterapia quand o obenefício é quase nulo”, afirma.
Daniele Assad, oncologista do Centro de Oncologia do Hospital Sírio- Libanês, unidade de Brasília, também chama a atenção para a importância de abordar os impactos dos efeitos colaterais, a fim de que sejam tomadas medidas que possam reduzir as toxicidades
LONGO PRAZO
Katz também chama a atenção para as consequências a longo prazo dos efeitos colaterais da terapia. A fadiga geralmente faz com que as pacientes deixem de trabalhar enquanto batalham contra o câncer. E as complicações seguintes podem tirá-las do mercado de trabalho. “É importante minimizar os efeitos colaterais dos tratamentos. A comunicação eficaz paciente/médico é essencial”, defende.
Nesse sentido, para prevenir a deterioração física e mental da paciente é aconselhável o acompanhamento psicológico. O diagnóstico e o tratamento envolvem muitas mudanças. Com isso, a ansiedade, o estresse e a depressão, que podem surgir nesse processo, podem piorar a qualidade de vida e intensificar os efeitos colaterais relacionados aos procedimentos de cura.
Patrícia Werlang Schorn, oncologista e coordenadora do Centro de Oncologia do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, chama a atenção para uma abordagem ainda mais completa. Segundo ela, os acompanhamentos psicológico, fisioterápico e nutricional são importantíssimos para a condução do paciente com câncer de mama. “Há a necessidade de apoio em um momento em que o medo da morte e do sofrimento são reais. O alívio da ansiedade e do medo torna mais fácil a condução e a aceitação da doença e do tratamento.”
Genes agravam tumor na próstata
Os genes deveriam agir como supressores de tumor, impedindo que células se dividam descontroladamente, reparando erros do DNA ou indicando quando as células devem morrer. Quando não funcionam direito, estruturas defeituosas podem se desenvolver fora de controle, o que leva ao carcinoma. Os cientistas demonstraram que a perda do gene supressor do tumor Rb1 induz a dissipação do câncer de próstata para outras áreas do corpo.
Também descobriram que o aumento da produção do gene Ezh2 está associado à flexibilidade de adaptação das células tumorais, tornando-as resistentes aos tratamentos. As descobertas podem ser exploradas terapeuticamente. Tumores resistentes tratados com drogas que inibem o Ezh2, por exemplo, podem sensibilizar novamente o câncer de próstata para a terapia hormonal.
NOVA ABORDAGEM
“Boa parte dos homens, inicialmente, responde a essa técnica, mas o câncer pode resistir ao procedimento e voltar mais agressivo e letal. Descobrimos o mecanismo que provoca a progressão para esse tipo de câncer persistente, proporcionando uma nova oportunidade em prevenir ou tratar formas letais da doença”, disse, em comunicado, o coautor sênior da pesquisa, David Goodrich, professor de oncologia do Departamento de Farmacologia e Terapêutica em Roswell Park. A equipe acredita que a descoberta tem o potencial para ser aplicada contra outros tipos de carcinomas.
Apesar de ser um tumor comum – o segundo mais diagnosticado em homens no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca) –, o câncer de próstata, na grande maioria dos casos, avança pelo corpo de forma lenta – leva cerca de 15 anos para atingir 1 centímetro cúbico. Quando há metástase, porém, o quadro pode se tornar crítico.