Promover geração de renda complementar e a inclusão social, aumentar a diversidade de verduras no cardápio e estimular a convivência com vizinhos e familiares são alguns dos outros benefícios apontados pela pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) Wania Santos Neves. Ela iniciou um trabalho com hortas no sistema agroecológico no Norte de Minas. “É possível consumir alimentos sem agrotóxico e as hortaliças têm uma quantidade muito grande desse produto, prejudicando a saúde da população”, afirma. De acordo com ela, enquanto muitas pessoas fazem dietas preocupadas com a alimentação, elas ingerem saladas não saudáveis.
Não é o caso do autônomo Marcelo Duarte dos Santos, de 56 anos, que há seis meses resolveu destinar parte da área de serviço para cultivar salsinha, cebolinha, pimenta-de-bico, manjericão, hortelã, boldo-do-chile e tomate, entre outros. Em uma casa de quatro pessoas, incluindo os filhos de 15 e 24 anos, pelo menos uma das plantas está no almoço da família todos os dias. “Vamos ao supermercado e encontramos plantas murchas e cheias de agrotóxico. Então, resolvi cultivar. Se tivesse mais espaço, plantava até couve”, conta o autônomo, que tem orgulho da sua plantação. “Já utilizava essa prática. Voltar a cultivar me traz um pouquinho de recordação
“Quando cresceu o primeiro tomate-cereja, deu até briga de quem comeria primeiro”, conta a esposa, Marli Aparecida Santana dos Santos, de 54, aposentada. As plantações renderam tanto que o casal resolveu expandir a hortinha para o espaço comum entre os vizinhos. “Fico muito em casa, então elas se tornaram minhas amiguinhas”, diz. Ela ressalta que agora até as contas de supermercado diminuíram. “Estamos plantando um pé de limão e um de laranja. A alface também está começando a se desenvolver”, conta a aposentada muito ansiosa.
FÁCIL ACESSO Wania explica que o local escolhido deve ser de fácil acesso, ter disponibilidade de água de qualidade para irrigação e ser protegido contra ventos fortes, evitando a quebra de galhos, folhas ou de plantas jovens. “Se você tiver uma varanda, uma parede, é preciso um espaço com no mínimo exposição de mais ou menos quatro horas de luz solar para a plantar se desenvolver”, afirma. Ela destaca que se deve evitar a entrada de galinhas, cachorros ou qualquer outro animal na área para que não destruam plantas, derrubem vasos ou estraguem os canteiros.
Mas ela pondera ser possível plantar hortaliças (pimenta malagueta, pimenta dedo-de-moça, pimenta biquinho, berinjela, jiló, espinafre, alface, agrião, couve, cenoura, tomate etc.), plantas medicinais (hortelã, manjericão, camomila, arruda, boldo, melissa), além de ervas condimentares (salsinha, cebolinha, coentro, orégano).
CUSTO/BENEFÍCIO De acordo com Wania, o custo é muito baixo, já que somente as sementes ou mudas devem ser adquiridas no comércio
“Comecei a trabalhar com criança no meu consultório. As crianças têm muita dificuldade de comer verdinho. É estranho como muitas não sabem que existe pé de morango”, disse a empresária. “O valor nutricional de um alimento comprado no supermercado é muito inferior ao que você planta em casa. Além do mais, são muito mais saborosos”, afirma. Inclusive, a empresa oferece curso uma vez por mês na Rua Irmã Eufêmia, 595, Dona Clara, na Região da Pampulha. O custo é de R$ 80. Criança acompanhada de um adulto não paga. Cada participante leva para casa uma sementeira e uma jardineira com três hortaliças. O curso é todo prático, com técnica de plantio, como colher e dicas para combater pragas.
O QUE VOCÊ PODE PLANTAR EM CASA?
- Hortaliças: pimenta malagueta, pimenta dedo-de-moça, pimenta biquinho, berinjela, jiló, espinafre, alface, agrião, couve, cenoura, tomate etc.
- Plantas medicinais: hortelã, manjericão, camomila, arruda, boldo, melissa etc.
- Ervas condimentares: salsinha, cebolinha, coentro, orégano etc.
Divulgação nas escolas
Em janeiro de 2016, Wania foi transferida para a Epamig Sudeste (Viçosa, MG), onde ministra curso sobre hortas domésticas. Ela teve a ideia de limpar um espaço que tem na parte de trás do prédio da Epamig e começou a construir uma horta para demonstração. “Este mês, com o retorno das aulas, vamos divulgar o trabalho nas escolas e ver quais terão interesse em participar”, afirma. Além disso, o grupo montou uma horta no Centro Social Dra. Zilda Arns (Pastoral do Menor) com a ajuda de alunas do curso de licenciatura em educação do campo, da Universidade Federal de Viçosa (UFV). “O objetivo do nosso trabalho é apresentar diferentes formas de cultivo em pequenos espaços. O próximo passo é encontrar financiamento para podermos começar um trabalho em terrenos baldios.”
Passo a passo para uma horta vertical
MATERIAIS
- Garrafas PET ou Caixas de leite lavadas
- Varal, corda, arame ou barbante grosso
- Tesoura ou estilete
- Palitos de madeira (para churrasquinho) ou arruelas
- Mudas das espécies de hortaliças escolhidas
- Regador pequeno
Passo 1
Cortar as garrafas ou caixas. As garrafas ou caixas podem ser cortadas em pé (vertical) ou deitadas (horizontal), conforme o suporte a ser usado
Passo 2
Fazer furos na parte inferior dos recipientes para drenagem da água
Passo 3
Fazer a ligação das garrafas ou caixas com varal, arame, barbante ou corda. Se desejarem, os recipientes podem ser colocados separadamente na parede, apoiados por pregos.
Passo 4
Colocar o substrato composto por solo, areia e esterco dento dos recipientes.
Passo 5
Fixar os recipientes ou os arranjos na parede
Passo 6
Fazer o transplantio das mudas
Passo 7
Irrigar sempre que necessário até que a planta atinja o tamanho ideal para colheita.