Experimente ficar um dia inteiro sem doces. Como você se sente? Irritado? Ansioso? Os alimentos mais gostosos são os que mais viciam e fazem mal para a saúde. O que muitos não imaginam é que a compulsão por açúcar é algo real, e a ausência do mesmo pode causar irritação, nervosismo ou até mesmo dores de cabeça. A estudante Agatha Gonzaga, 22, gosta de salgados em geral, mas os doces sempre foram sua grande paixão. “Sou formiguinha desde criança. Não sei explicar de onde vem essa vontade, mas, depois do almoço é normal querer um doce, senão fico agoniada.”
Durante toda sua vida, Agatha não se privou dos desejos de açúcar. Não passava um dia sequer sem chocolate. Porém, com o objetivo de emagrecer, procurou uma nutricionista que orientasse uma nova rotina alimentar. “Ela disse que minha alimentação era ótima, mas que eu precisava cortar os doces. Eu, obviamente, ignorei.” A estudante não nega que a grande dificuldade é eliminar completamente as besteiras do dia a dia, já que a compulsão a persegue. “Todo dia, eu costumava comprar três brigadeirões depois do almoço e os comia sem culpa”, acrescenta.
Apesar de os últimos exames apontarem que a saúde está excelente, Agatha se preocupa com a diabetes, devido ao histórico familiar. “Não sei até que ponto isso faz mal para a minha saúde, mas me preocupo. Também quero perder alguns quilinhos.” Atualmente, ela está fazendo dieta, e a ingestão de doces já não é tão regular. O problema é quando a ansiedade dá as caras. “Quando fico nervosa, ataco os doces e como sem perceber.”
A nutricionista Nabila Raeme explica que a maioria dos pacientes que aparecem em sua clínica relatam sentir maior vontade de comer um docinho após o almoço ou no fim da tarde. “Quando começo a analisar a dieta deles, sempre encontro deficiências de minerais e vitaminas, além da ingestão inadequada de alguns alimentos, ou longos períodos sem comer.”
Uma das causas para a compulsão por doces está associada à deficiência de um neurotransmissor do humor chamado serotonina; à resistência à insulina, e ao aumento do cortisol (hormônio do estresse). Outras vezes, está associada à má absorção de alguns nutrientes, como ácido fólico, vitamina B6, magnésio, zinco, vitamina B12, quando a microbiota intestinal não está saudável.
Desde a infância, o empresário Lucas França, 22, luta contra a obsessão por doces. Quando era mais novo, chegou a pesar 130kg devido à compulsão por comida. “Minha mãe já chegou até a trancar o armário para eu não comer mais besteiras. Eu comia muito doce depois de todas as refeições.” Mas, aos 16, sua vida mudou, quando, após uma visita ao médico, foi alertado sobre o pré-diabetes. Lucas decidiu, então, transformar seus hábitos. Com exames alterados, começou a praticar atividades físicas quatro horas, todos os dias. As besteiras ficaram para trás e, depois de oito meses mantendo a nova rotina, 40kg foram perdidos.
Com a saúde em melhores condições e o prazer com um novo corpo, Lucas se cuida diariamente para não engordar outra vez. Porém, o desejo de doces muitas vezes acaba falando mais alto. “Evito muito comer coisas doces porque fico com peso na consciência. Já penso logo no quanto aquilo está me fazendo mal, mas, óbvio, não dá pra resistir a tudo. Se coloca um brownie na minha frente, eu devoro. É uma relação de amor e ódio”, brinca. Depois do almoço, a vontade de comer algo açucarado é grande, e, como forma de driblar o desejo, o empresário opta pelo café. “Sei que cafeína em excesso também faz mal, mas sou muito ansioso e isso influencia nos vícios.”
Para controlar a compulsão, é necessário buscar equilíbrio físico e emocional. Trabalhar as emoções é essencial para que não interfiram no comportamento alimentar de forma negativa. Pessoas que sofrem de ansiedade ou de estresse em excesso, por exemplo, são sempre mais propícias a se entregarem às tentações do açúcar.
É o caso da dona de casa Claudia Martiningo, 44, que logo assume: “Os doces são como uma droga para mim, tipo um vício mesmo.” Desde criança, o costume é se entregar ao açúcar, pois não há nada que a faça resisti-lo. “Tem fases em que consigo controlar mais, mas, nos últimos tempos, está bem complicado. O pior é que tenho muita vontade de comer coisas recheadas, como tortas. Só chocolate não supre minhas vontades”, completa.
A ajuda de nutricionistas pode ser de grande valia para auxiliar no autocontrole. Há alguns meses, devido aos exames alterados (triglicerídeos em taxas superelevadas), Claudia finalmente se sentiu obrigada a tomar uma atitude — começou a se dedicar mais às atividades físicas e embarcou em uma dieta livre de açúcares. “Já procurei nutricionistas inúmeras vezes, e eles falam que, quando eu tiver muita vontade de comer doces, devo beber água, fazer exercício ou trocar por outras opções mais saudáveis. Consegui ficar um mês sem besteiras, mas, depois disso, não resisti.”
Segundo a nutricionista Gabriela Giordano, essa necessidade pelo açúcar deve ser controlada para que não evolua para um possível diabetes. “Temos também a obesidade e suas doenças associadas. Quanto maior for a necessidade do doce, mais a pessoa é atraída por alimentos com maiores concentrações de açúcar. Tudo em prol de garantir o bem-estar e diminuir a ansiedade.”
Claudia sabe que, apesar da sensação de prazer que a ingestão de doces lhe proporciona, os danos também podem ser grandes. “Às vezes, me dá tontura, mal-estar e sei que é por isso. Sem contar a estética do corpo, porque ninguém gosta de engordar, né? Eu me preocupo muito e busco contornar esse vício, por isso, pratico exercícios físicos e tento não exagerar no resto da alimentação. Mas não é tão fácil quanto parece.”
Para controlar o distúrbio, é importante identificar a deficiência de nutrientes, adequar a dieta e estimular atividades físicas que, como os doces, aumentam a liberação de serotonina e dopamina. A nutricionista Gabriela acrescenta: “Uma estratégia para compensar a necessidade de doces seria nibs de cacau 100% (fragmentos da amêndoa do cacau), que garantem uma oferta de antioxidante e sabor satisfatórios.” Ele pode ser combinado com fruta, aveia e canela. Bolos caseiros, que substituem o óleo de cozinha pelo óleo de coco, a farinha de trigo por aveia sem glúten e orgânica, juntamente com o cacau 70%, também são ótimas opções.
Como lidar com a compulsão por doces
Durante toda sua vida, Agatha não se privou dos desejos de açúcar. Não passava um dia sequer sem chocolate. Porém, com o objetivo de emagrecer, procurou uma nutricionista que orientasse uma nova rotina alimentar. “Ela disse que minha alimentação era ótima, mas que eu precisava cortar os doces. Eu, obviamente, ignorei.” A estudante não nega que a grande dificuldade é eliminar completamente as besteiras do dia a dia, já que a compulsão a persegue. “Todo dia, eu costumava comprar três brigadeirões depois do almoço e os comia sem culpa”, acrescenta.
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A nutricionista Nabila Raeme explica que a maioria dos pacientes que aparecem em sua clínica relatam sentir maior vontade de comer um docinho após o almoço ou no fim da tarde. “Quando começo a analisar a dieta deles, sempre encontro deficiências de minerais e vitaminas, além da ingestão inadequada de alguns alimentos, ou longos períodos sem comer.”
Uma das causas para a compulsão por doces está associada à deficiência de um neurotransmissor do humor chamado serotonina; à resistência à insulina, e ao aumento do cortisol (hormônio do estresse). Outras vezes, está associada à má absorção de alguns nutrientes, como ácido fólico, vitamina B6, magnésio, zinco, vitamina B12, quando a microbiota intestinal não está saudável.
Desde a infância, o empresário Lucas França, 22, luta contra a obsessão por doces. Quando era mais novo, chegou a pesar 130kg devido à compulsão por comida. “Minha mãe já chegou até a trancar o armário para eu não comer mais besteiras. Eu comia muito doce depois de todas as refeições.” Mas, aos 16, sua vida mudou, quando, após uma visita ao médico, foi alertado sobre o pré-diabetes. Lucas decidiu, então, transformar seus hábitos. Com exames alterados, começou a praticar atividades físicas quatro horas, todos os dias. As besteiras ficaram para trás e, depois de oito meses mantendo a nova rotina, 40kg foram perdidos.
Com a saúde em melhores condições e o prazer com um novo corpo, Lucas se cuida diariamente para não engordar outra vez. Porém, o desejo de doces muitas vezes acaba falando mais alto. “Evito muito comer coisas doces porque fico com peso na consciência. Já penso logo no quanto aquilo está me fazendo mal, mas, óbvio, não dá pra resistir a tudo. Se coloca um brownie na minha frente, eu devoro. É uma relação de amor e ódio”, brinca. Depois do almoço, a vontade de comer algo açucarado é grande, e, como forma de driblar o desejo, o empresário opta pelo café. “Sei que cafeína em excesso também faz mal, mas sou muito ansioso e isso influencia nos vícios.”
Para controlar a compulsão, é necessário buscar equilíbrio físico e emocional. Trabalhar as emoções é essencial para que não interfiram no comportamento alimentar de forma negativa. Pessoas que sofrem de ansiedade ou de estresse em excesso, por exemplo, são sempre mais propícias a se entregarem às tentações do açúcar.
É o caso da dona de casa Claudia Martiningo, 44, que logo assume: “Os doces são como uma droga para mim, tipo um vício mesmo.” Desde criança, o costume é se entregar ao açúcar, pois não há nada que a faça resisti-lo. “Tem fases em que consigo controlar mais, mas, nos últimos tempos, está bem complicado. O pior é que tenho muita vontade de comer coisas recheadas, como tortas. Só chocolate não supre minhas vontades”, completa.
A ajuda de nutricionistas pode ser de grande valia para auxiliar no autocontrole. Há alguns meses, devido aos exames alterados (triglicerídeos em taxas superelevadas), Claudia finalmente se sentiu obrigada a tomar uma atitude — começou a se dedicar mais às atividades físicas e embarcou em uma dieta livre de açúcares. “Já procurei nutricionistas inúmeras vezes, e eles falam que, quando eu tiver muita vontade de comer doces, devo beber água, fazer exercício ou trocar por outras opções mais saudáveis. Consegui ficar um mês sem besteiras, mas, depois disso, não resisti.”
Segundo a nutricionista Gabriela Giordano, essa necessidade pelo açúcar deve ser controlada para que não evolua para um possível diabetes. “Temos também a obesidade e suas doenças associadas. Quanto maior for a necessidade do doce, mais a pessoa é atraída por alimentos com maiores concentrações de açúcar. Tudo em prol de garantir o bem-estar e diminuir a ansiedade.”
Claudia sabe que, apesar da sensação de prazer que a ingestão de doces lhe proporciona, os danos também podem ser grandes. “Às vezes, me dá tontura, mal-estar e sei que é por isso. Sem contar a estética do corpo, porque ninguém gosta de engordar, né? Eu me preocupo muito e busco contornar esse vício, por isso, pratico exercícios físicos e tento não exagerar no resto da alimentação. Mas não é tão fácil quanto parece.”
Para controlar o distúrbio, é importante identificar a deficiência de nutrientes, adequar a dieta e estimular atividades físicas que, como os doces, aumentam a liberação de serotonina e dopamina. A nutricionista Gabriela acrescenta: “Uma estratégia para compensar a necessidade de doces seria nibs de cacau 100% (fragmentos da amêndoa do cacau), que garantem uma oferta de antioxidante e sabor satisfatórios.” Ele pode ser combinado com fruta, aveia e canela. Bolos caseiros, que substituem o óleo de cozinha pelo óleo de coco, a farinha de trigo por aveia sem glúten e orgânica, juntamente com o cacau 70%, também são ótimas opções.
Como lidar com a compulsão por doces
- Aumentar o consumo de alimentos ricos em triptofano (aminoácido que ajuda a controlar o estresse), como banana, feijão, lentilha, iogurtes, nozes;
- Consumir fibras na alimentação, como farelo de aveia, chia, granola, linhaça dourada triturada;
- Sempre comer de três em três horas para não haver o aumento do hormônio do estresse (o cortisol);
- Comer frutas, verduras e legumes variados para tentar garantir o aporte de vitaminas e minerais importantes;
- Evite comprar doces e estocá-los. Ter guloseimas em casa aumenta a tentação de ingeri-las;
- Equilíbrio sempre. Está permitido comer um docinho vez ou outra, o que não pode é fazer da exceção uma regra.