Médicos e outros profissionais de saúde têm reforçado o alerta: para ter uma velhice saudável, é preciso começar a cuidar do corpo e da mente o quanto antes, já na infância, de preferência. Mas em se tratando de insuficiência cardíaca, mais incidente a partir dos 65 anos, adotar hábitos preventivos na meia-idade pode ser tão eficiente quanto, segundo estudo da Northwestern University Feinberg School of Medicine, nos Estados Unidos, divulgado em 28 de novembro no Journal of the American College of Cardiology, uma publicação científica do Colégio Americano de Cardiologia.
Liderados por John T. Wilkins, do Departamento de Medicina da instituição, pesquisadores descobriram que, ao adotar uma rotina que evita o surgimento de hipertensão, obesidade e diabetes, indivíduos com idade entre 45 e 55 anos têm uma chance 86% menor de sofrer insuficiência cardíaca. Bastante incidentes na população em geral, essas três doenças são os fatores de riscos mais prevalentes para o problema no coração, que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), acomete 23 milhões de pessoas no planeta e, nos casos graves, mata a metade dos pacientes em até dois anos. “Como a incidência de insuficiência cardíaca está aumentando, é importante que aceleremos o esforço de investigação sobre a prevenção”, ressaltou, em comunicado, Christopher O’Connor, editor-chefe da publicação norte-americana.
Em uma análise conjunta de dados individuais sobre moradores dos Estados Unidos de diferentes regiões, a equipe concluiu que, aos 45 anos, 53,2% deles não eram acometidos por hipertensão, obesidade e diabetes. A taxa caiu para 43,7% entre os que tinham 55 anos. Acompanhando 516.537 indivíduos com 45 anos durante um ano, os investigadores identificaram 1.677 casos de insuficiência cardíaca, o equivalente a 0,32%. No caso dos 502.252 voluntários com 55 anos, a complicação foi diagnosticada em 2.967 indivíduos, o equivalente a 0,59%.
Segundo os autores, as porcentagens inferiores a 1% indicam o impacto preventivo da não ocorrência dos três fatores de risco. Para se ter uma ideia, só a obesidade, segundo estudo divulgado em julho pela Universidade Johns Hopkins, também dos EUA, aumenta em até quatro vezes o risco de insuficiência cardíaca. Após estudo com 13.730 participantes, os cientistas concluíram, e divulgaram no Journal of the American Heart Association, que, independentemente do peso, a cada cinco pontos a mais no índice de massa corporal (IMC), há um risco quase 30% maior de desenvolvimento de insuficiência cardíaca.
Prevenção
O padrão do estudo divulgado ontem foi observado em homens, mulheres, negros e brancos. Ao longo da análise, a equipe também mensurou o tempo para o surgimento da insuficiência cardíaca conforme a ocorrência dos três fatores de risco. O impacto maior foi o do diabetes. Os voluntários na meia-idade não diabéticos viveram de 8,6 a 10,6 anos a mais sem enfrentar o problema no coração. Homens com 45 anos e que não tinham os três fatores de risco viveram em média 10,6 anos a mais sem problemas de bombeamento, enquanto as mulheres na mesma condição ganharam 14,9 anos. A tendência se repetiu nos voluntários 10 anos mais velhos.
“Esse estudo adiciona a compreensão de como níveis individuais e agregados de fatores de risco, especificamente na meia-idade, afetam o risco incidente da falha de coração sobre a vida restante”, ressaltou John T. Wilkins. O autor sênior do estudo também destacou a importância de mudanças na rotina que possam evitar as doenças desencadeantes. “Essas descobertas ajudam a fortalecer a discussão sobre a prevenção da insuficiência cardíaca quantificando como a prevenção do desenvolvimento desses fatores de risco pode prolongar a sobrevivência saudável e global, além de reduzir muito a carga demográfica da doença.” Nos três casos — diabetes, obesidade e hipertensão — os cuidados estão muito atrelados a dietas equilibradas e prática regular de exercícios físicos.
23 milhões
Quantidade de pessoas acometidas por insuficiência cardíaca no planeta, segundo a Organização Mundial da Saúde
Cenário brasileiro
Divulgado no ano passado, o primeiro Registro Brasileiro de Insuficiência Cardíaca (Breathe, da sigla em inglês Brazilian Registry of Acute Heart Failure) mostra que 50 mil pessoas morrem por ano no país em decorrência dessa complicação. Dos 1.270 pacientes analisados para o estudo conduzido pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 73,1% tinham mais de 75 anos, 60% eram mulheres e 40% morreram em um ano. Os pacientes estavam internados em 51 hospitais públicos e privados de 21 cidades brasileiras. Em 32% dos casos, a internação se deu porque o paciente não tomou corretamento a medicação prescrita.
Liderados por John T. Wilkins, do Departamento de Medicina da instituição, pesquisadores descobriram que, ao adotar uma rotina que evita o surgimento de hipertensão, obesidade e diabetes, indivíduos com idade entre 45 e 55 anos têm uma chance 86% menor de sofrer insuficiência cardíaca. Bastante incidentes na população em geral, essas três doenças são os fatores de riscos mais prevalentes para o problema no coração, que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), acomete 23 milhões de pessoas no planeta e, nos casos graves, mata a metade dos pacientes em até dois anos. “Como a incidência de insuficiência cardíaca está aumentando, é importante que aceleremos o esforço de investigação sobre a prevenção”, ressaltou, em comunicado, Christopher O’Connor, editor-chefe da publicação norte-americana.
Em uma análise conjunta de dados individuais sobre moradores dos Estados Unidos de diferentes regiões, a equipe concluiu que, aos 45 anos, 53,2% deles não eram acometidos por hipertensão, obesidade e diabetes. A taxa caiu para 43,7% entre os que tinham 55 anos. Acompanhando 516.537 indivíduos com 45 anos durante um ano, os investigadores identificaram 1.677 casos de insuficiência cardíaca, o equivalente a 0,32%. No caso dos 502.252 voluntários com 55 anos, a complicação foi diagnosticada em 2.967 indivíduos, o equivalente a 0,59%.
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Prevenção
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“Esse estudo adiciona a compreensão de como níveis individuais e agregados de fatores de risco, especificamente na meia-idade, afetam o risco incidente da falha de coração sobre a vida restante”, ressaltou John T. Wilkins. O autor sênior do estudo também destacou a importância de mudanças na rotina que possam evitar as doenças desencadeantes. “Essas descobertas ajudam a fortalecer a discussão sobre a prevenção da insuficiência cardíaca quantificando como a prevenção do desenvolvimento desses fatores de risco pode prolongar a sobrevivência saudável e global, além de reduzir muito a carga demográfica da doença.” Nos três casos — diabetes, obesidade e hipertensão — os cuidados estão muito atrelados a dietas equilibradas e prática regular de exercícios físicos.
23 milhões
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Cenário brasileiro
Divulgado no ano passado, o primeiro Registro Brasileiro de Insuficiência Cardíaca (Breathe, da sigla em inglês Brazilian Registry of Acute Heart Failure) mostra que 50 mil pessoas morrem por ano no país em decorrência dessa complicação. Dos 1.270 pacientes analisados para o estudo conduzido pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 73,1% tinham mais de 75 anos, 60% eram mulheres e 40% morreram em um ano. Os pacientes estavam internados em 51 hospitais públicos e privados de 21 cidades brasileiras. Em 32% dos casos, a internação se deu porque o paciente não tomou corretamento a medicação prescrita.