Logo ao nascer, a criança é submetida ao primeiro exame para prevenção da saúde ocular – o Teste do Olhinho. Ele é simples, rápido e indolor e consiste na identificação de um reflexo vermelho, que aparece quando um feixe de luz ilumina o olho do bebê. O fenômeno é semelhante ao observado nas fotografias. Para que esse reflexo possa ser visto, é necessário que o eixo óptico esteja livre, sem qualquer obstáculo à entrada e à saída de luz pela pupila. Isso significa que a criança não apresenta qualquer obstáculo ao desenvolvimento da sua visão. Se o retorno é um reflexo branco, é sinal de alterações que devem ser investigadas imediatamente.
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Desde junho de 2010, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) tornou o teste obrigatório para todos os planos de saúde. Em muitas maternidades, ele é feito pelo pediatra nas primeiras horas de vida do recém-nascido, antes da alta. Onde não é oferecido, pais e mães são orientados a procurar o serviço até o terceiro mês de vida, segundo o presidente do Centro Oftalmológico de Minas Gerais, Cláudio Augusto Junqueira de Carvalho. Se o pediatra encontrar algum problema, ele encaminhará a criança para avaliação do oftalmologista. Ele ressalta que entre os prematuros a preocupação é ainda maior, pois a formação do olho se completa nas últimas semanas de gravidez. “Quando o bebê nasce antes, o olho não está totalmente formado e, por isso, são feitos alguns procedimentos para tratar e, assim, evitar uma baixa da visão”, diz.
Mas tão importante quanto o Teste do Olhinho, ressalta o médico, são os cuidados ao longo de todas as fases da vida, especialmente na pré-escolar e depois dos 40 anos. “É importante levar a criança ao oftalmologista para saber se ele tem algum problema, como estrabismo, e fazer o tratamento adequado. A partir dos 40 anos, é fundamental medir a pressão do olho para detectar glaucoma precocemente, evitando cegueiras que são reversíveis. O paciente diabético também tem que fazer teste de fundo de olho ou tratamento precoce de retina”, afirma Cláudio Junqueira.
O oftalmologista ressalta que em todas as idades ocorrem alterações que podem ser detectadas, como olho ressecado devido ao uso constante de ar-condicionado, tablets, computadores e celulares. Por isso, é essencial o acompanhamento pelo menos uma vez por ano para detecção precoce de problemas. “Há tantas doenças que podem ser prevenidas na oftalmologia que vale muito a pena estar perto do médico e consultar-se periodicamente.”
ALERTAS Entre as doenças oculares mais comuns estão as conjuntivites (de origem infecciosa ou alérgica); as blefarites, que são inflamações crônicas das margens das pálpebras (onde nascem os cílios); e outras enfermidades mais prevalentes em idosos, como a catarata senil, o glaucoma primário e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), conforme aponta o oftalmologista Renato Antonio Fernandes, especialista em glaucoma do Instituto Vizibelli. Mas os pacientes procuram os consultórios por causa, principalmente, de erros refracionais, miopia, hipermetropia e astigmatismo, que, basicamente, se manifestam por uma baixa na acuidade visual.
O médico é categórico: qualquer baixa na acuidade visual deve ser um sinal de alerta. “Muitas vezes, trata-se de um problema simples corrigido com a prescrição de óculos, mas em outras situações pode ser decorrente de doenças mais graves na retina ou presença de catarata. Mas há doenças graves que são assintomáticas no seu estágio inicial, como o glaucoma, que é a principal causa de cegueira irreversível no mundo.”
Segundo Fernandes, o paciente deve procurar o oftalmologista também nos casos de hiperemia conjuntival (olho vermelho), prurido e presença de secreção, que podem ser decorrentes de um processo infeccioso (conjuntivite infecciosa), com possibilidade de contaminação de outras pessoas. “A história familiar também é importante e deve servir de alerta. Pacientes com parentes que apresentam glaucoma têm chance maior de apresentar a doença ao longo da vida”, diz.
1) As doenças oculares mais comuns acometem pacientes de quais faixas etárias?
Os erros refracionais, assim como as conjuntivites e as blefarites, podem acometer qualquer faixa etária. Mas o glaucoma primário e a degeneração macular, que têm componente genético associado, e a catarata senil estão relacionados ao processo de envelhecimento ocular.
2) Qual a importância da prevenção e do diagnóstico precoce para a saúde ocular?
O diagnóstico e o tratamento precoces podem, muitas vezes, estabilizar a doença, evitando perda progressiva da visão.
3) Que exames são indicados para essa prevenção?
A consulta periódica ao oftalmologista é o melhor método para prevenção e diagnóstico precoce de doenças oculares. Uma consulta detalhada, com medida da acuidade visual, verificação da pressão ocular e exame do fundo de olho, é o primeiro passo para a prevenção de doenças oftalmológicas.