Pesquisa mostra que fumar encurta o tempo de vida de soropositivos

A estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que, entre os fumantes soropositivos, o cigarro cause 44% das mortes. A média geral é de 21%

por Correio Braziliense 06/12/2016 13:30
Kleber Lima / CB / D.A Press
Dados mostram o quanto é importante que pessoas infectadas pelo vírus da Aids busquem ajuda para se livrar da dependência do cigarro (foto: Kleber Lima / CB / D.A Press)
O vício em cigarro afeta negativamente na expectativa de vida de infectados pelo vírus da Aids. É o que mostra um estudo conduzido por cientistas dos Estados Unidos e divulgado recentemente no Journal of Infection Diseases. Os cientistas analisaram dados médicos de pessoas que vivem com o HIV e observaram que as fumantes corriam mais risco de ser acometidas por cânceres, doenças cardíacas e outros problemas de saúde.

Participaram do experimento soropositivos fumantes, que haviam largado o vício e que nunca tinham fumado tabaco. Com o uso de um modelo que simulou a evolução da Aids, os pesquisadores observaram que, mesmo ingerindo os medicamentos antirretrovirais, aqueles que eram dependentes do tabaco poderiam perder mais de oito anos de vida, cerca do dobro do impacto causado no organismo pelo próprio vírus. A estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que, entre os fumantes soropositivos, o cigarro cause 44% das mortes. A média geral é de 21%.

Reversão
Os dados também mostraram que dependentes que param de fumar ao dar início ao tratamento contra o HIV, particularmente aqueles mais jovens, tinham grandes chances de reverter essa queda na expectativa de vida. “A boa notícia é que parar de fumar pode aumentar muito a vida útil, e nunca é tarde demais para parar”, ressaltou, em comunicado à imprensa, Krishna Reddy, uma das autoras do estudo e pesquisadora da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos.

Para os investigadores, os dados mostram o quanto é importante que pessoas infectadas pelo vírus da Aids busquem ajuda para se livrar da dependência do cigarro, não só para que vivam mais, mas também para que aumentem a qualidade de vida. “Infelizmente, as intervenções de cessação do tabagismo não foram amplamente incorporadas nos cuidados com o HIV. Dado o quão comum é esse vício entre os soropositivos, agora é a hora de mudar isso”, detalhou Travis Baggett, um dos autores do trabalho e pesquisador da Universidade de Harvard.