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Pensar em alternativas como amigo-oculto, presentes mais simples, objetos com pegada social – ligados a alguma instituição que tenha projeto de responsabilidade social ou de comunidades e organizações sem fins lucrativos –, confeccionar algo que você saiba também são alternativas viáveis (veja no quadro algumas sugestões). Essa é também uma boa hora para repensar nossa relação com o consumismo, principalmente quando há na família muitas crianças. Quantas vezes não enchemos a árvore de Natal com presentes e as crianças mais novas se divertem naquele momento muito mais com os embrulhos do que com o conteúdo do pacote?
A neurocientista e psicopedagoga Cristina Silveira acredita que, geralmente, a expectativa com relação à qualidade do presente vem muito mais dos adultos do que propriamente dos menores. É que, segundo ela, na maioria das vezes projetamos nossos anseios materiais nos filhos e nos sobrinhos. O meio social e a força da propaganda influenciam sim os mais novos. Mas, principalmente nos primeiros anos de vida, os valores da família têm muito mais peso na relação que essa criança tem com o Natal e o consumismo.

A psicopedagoga cita pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a educação das crianças, que apontou que a influência mais importante na formação desse indivíduo vem da família. Em segundo lugar vem a escola, seguida pelo meio social em geral.
“Aí é que entram os valores familiares. Qual o valor dessa família? É dar presente de Natal caro, porque a criança vê isso na propaganda, ou porque o coleguinha tem? Ou é mostrar para ela que o valor da família é muito mais importante que esse presente? Que estar juntos no momento do Natal é importante? Mostrar para ela a simbologia da data? Quem educa é a família. É certo que, se a criança é pressionada por propagandas ou pelo ambiente escolar, influencia. Mas é a família que tem que lidar com isso. Ela tem que mostrar para essa criança um ponto de equilíbrio e de força. Se ela já está muito pressionada pelo lado social a consumir, é a família que tem que mostrar para ela um outro valor”, completa.
FRUSTRAÇÃO Mas nenhuma mãe e nenhum pai quer frustrar seus filhos, mesmo que para realizar a vontade da criança tenham que se sacrificar financeiramente. Cristina Silveira alerta, porém, que a frustração e tristeza fazem parte da construção do caráter desse jovem indivíduo. Para ela, não adianta blindar o rebento da realidade. O efeito, nessa situação, acaba sendo o contrário, fragilizando a relação dessa pessoa com as nuanças da vida.
“A frustração e a tristeza são necessárias para a criança. Ou seja, a criança, assim como todos nós, não tem que estar feliz o tempo todo. Temos que ser frustrados inclusive para amadurecer. A criança que não é frustrada e o adolescente que não é frustrado vão achar que o mundo é um mar de rosas, que a vida é uma maravilha, que ele vai poder ter tudo o que deseja todo o tempo. O adulto é o exemplo da criança. Se ele não for capaz de frustrar essa criança em prol de um valor, como ele vai ensinar essa criança a ser uma pessoa do bem, a ter uma relação boa com a vida?”, conclui a psicopedagoga.
