"Acredito que ser preservada em criogenia me dá uma oportunidade de cura e de acordar, mesmo que seja em centenas de anos". A jovem recorreu à justiça para assegurar que sua mãe, que apoiava a ideia, tivesse a última palavra sobre o destino de seu cadáver.
Os pais da garota estão divorciados e, inicialmente, o pai era contrário ao plano, mas durante o processo acabou por aceitar a ideia.
O juiz da Alta Corte Peter Jackson decidiu a favor da jovem após uma audiência privada em outubro, cujo resultado foi divulgado nesta sexta-feira.
A jovem demandante pediu que nenhum nome envolvido no processo fosse identificado.
A adolescente estava muito doente para comparecer ao tribunal e faleceu pouco depois, mas tendo conhecimento da decisão favorável do juiz, de acordo com a defesa. O cadáver foi levado para os Estados Unidos, onde existem centros dedicados à conservação dos corpos com a esperança de que a ciência consiga ressuscitá-los algum dia.
"Não é uma surpresa que esta demanda seja a primeira deste tipo a chegar à justiça neste país, e provavelmente em qualquer outro", afirma o juiz Jackson em sua decisão. "É um exemplo das novas perguntas que a ciência apresenta ao direito, talvez, mais do que qualquer outro, ao direito familiar", acrescenta Jackson.
O magistrado descreveu o caso como uma "combinação trágica" da doença de uma jovem e um conflito familiar, elogiando a coragem da demandante.
A filha não teve contato com o pai nos últimos oito anos de sua vida, mas ele expressou inquietação com o custos e as consequências de sua decisão. "Mesmo que o tratamento tenha êxito e a devolva à vida, digamos, em 200 anos, poderia estar sem nenhum parente nem lembrar de nada", disse o pai ao juiz antes de terminar por aceitar a vontade da jovem..