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“Em estudos anteriores, os antibióticos usados para tratar infecções pediátricas foram associados ao ganho de peso. Contudo, separamos os dois fatores e descobrimos que os antibióticos, por eles mesmos, não parecem relacionados à obesidade infantil”, disse De-Kun Li, principal autor do estudo e epidemiologista da Divisão de Pesquisa da organização sem fins lucrativos Kaiser Permanente, na Califórnia, nos Estados Unidos. “Nosso estudo é uma das maiores análises sobre as diferentes inter-relações entre infeção, antibióticos e obesidade infantil e adiciona importantes evidências a um crescente corpo de pesquisa que investiga como a microbiota, ou as bactérias intestinais, pode afetar o desenvolvimento da criança.”
Fatores diversos
Os cientistas estão explorando numerosos fatores que possam influenciar o crescimento e o desenvolvimento de meninos e meninas no início da infância, incluindo substâncias químicas no meio ambiente, diabetes gestacional e programação metabólica do peso corporal nos primeiros anos de vida. Tanto infecções quanto antibióticos têm demonstrado influência na composição dos micro-organismos intestinais; a microbiota pode afetar processos metabólicos e o sistema imune, o que, por sua vez, compromete os padrões de crescimento e o desenvolvimento do peso.
Nesse estudo, os pesquisadores fizeram uma revisão de 260.556 nascimentos ocorridos entre janeiro de 1997 e março de 2013. Um grande banco de dados permitiu rastrear ocorrências de infecções e de ingestão de antibióticos na infância, além de obter altura e peso dessas crianças por até 18 anos. Todas as infecções foram consideradas, sendo que as respiratórias e as de ouvido tiveram maior incidência. O banco de dados também permitiu estudar outros possíveis fatores associados, como tabagismo materno durante a gravidez, tipo de amamentação e etnia dos filhos.
As crianças diagnosticadas com uma infecção durante o primeiro ano de vida e que não usaram antibióticos apresentaram probabilidade 25% maior de se tornarem obesas, comparadas às que não sofreram processos infecciosos. Em contraste, não se observou risco de obesidade associado ao uso de antibiótico nos primeiros 12 meses, comparando as crianças sem infecções não tratadas. O tipo de medicamento (amplo ou restrito espectro) não influenciou os resultados.
Risco para nanismo
Um novo estudo da Faculdade de Saúde Pública T.H. Chan, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, que avaliou dados de 137 países, descobriu que o principal fator de risco para nanismo é nascer com tamanho reduzido para a idade gestacional da mãe. O trabalho, publicado na revista Plos, indica ainda que saneamento inadequado, nutrição desbalanceada e infecções também contribuem para o problema, que afeta, principalmente, crianças de nações em desenvolvimento. Nesses países, 30% das crianças têm problema de crescimento.
Os pesquisadores investigaram a prevalência de 18 fatores de risco conhecidos para o nanismo nos 137 países pesquisados, tendo 2010 como ano-base. Foram incluídos 10,8 milhões de dados de crianças de 24 a 35 meses. Eles descobriram que nascer na época certa, mas com tamanho abaixo do normal é o principal fator associado a esse distúrbio de crescimento, seguido por saneamento inadequado e diarreia. Restrição de crescimento fetal e parto prematuro ficaram em segundo e terceiro lugar no sudeste da Ásia e na África Subsaariana. Já na América Latina, no Oriente Médio e no Caribe, má nutrição e infecção ocuparam esses postos.
“Esses resultados enfatizam a importância de intervenções precoces antes e durante a gestação, especialmente para evitar a desnutrição. Esses esforços, aliados à melhoria do saneamento e à redução da diarreia, podem prevenir uma proporção substancial de crianças com nanismo nos países em desenvolvimento”, disse Goodarz Danaei, principal autor do trabalho. “Esse é um problema sério, tanto no nível individual quanto no nacional”, ressaltou.