O vegetarianismo é um hábito alimentar em que a pessoa não consome alimentos de origem animal. O nível de restrição varia: há quem aceite leite e ovos, por exemplo. Um dos mitos sobre esse tipo de dieta é que ela acarretaria deficiência de nutrientes, sobretudo em idosos. O nutricionista George Guimarães, especializado em dietas vegetarianas, discorda totalmente. Segundo ele, eliminar a carne ajuda a prevenir doenças crônicas e degenerativas, como infarto, derrame, hipertensão arterial, obesidade, diabetes e até algumas formas de câncer.
“Estudos mostram que os vegetarianos sofrem menos dessas doenças. Se a pessoa se tornar vegetariana na terceira idade, terá começado mais tarde e perceberá menos benefícios. Ainda assim, será positivo, pois estará livre de colesterol e de boa parte da gordura saturada. Também consumirá mais fibras”, justifica. Os benefícios de longo prazo são confirmados por Osvalda Margarida Bueno, 63 anos. “Pressão, taxas, tudo normal”, garante a aposentada. Ela nasceu em uma família vegetariana e manteve a tradição. “Estudos indicam que os vegetarianos vivem sete anos a mais que dos que onívoros. E vivem com mais qualidade de vida”, aponta George Guimarães.“
Quando criança, fazia uso de muita soja. Hoje, bem menos, até porque não a encontro facilmente sem agrotóxicos. Prefiro ingeri-la na forma de queijo tofu, missô e em grão, quando possível”, relata a dona Osvalda. Casada com gaúcho, experimentou churrasco, mas não aprovou. “Meu organismo nunca usou a carne para absorção da proteína”, revela. Com seus três filhos e quatro netos, a aposentada leva uma vida saudável, acorda cedo e vai para a academia todos os dias. Ela conta que alguns familiares fazem piadas sobre sua decisão, mas a maioria a apoia. Para aqueles que querem seguir seus passos, Osvalda deixa um recado: “Tenha força de vontade! Além de ser mais saudável em vários aspectos, os animais e o planeta agradecem.”
Simplesmente eliminar a carne não garante equilíbrio nutricional — é preciso sabedoria na hora de montar o prato. De fato, proteínas não são um problema, pois estão presentes no feijão, na lentilha, na ervilha e no grão-de-bico. Oleaginosas, como amêndoas, nozes e castanhas também são fontes de proteína. Já os cereais, como a quinoa, repõem os aminoácidos, escassos nas leguminosas.
A nutricionista Shila Minari destaca ainda a importância da suplementação da vitamina B12, a única difícil de ser obtida por vegetarianos. “A falta desse nutriente pode desencadear doença de Parkinson, Alzheimer e outros males neurodegenerativos. Pode, ainda, trazer quadros de anemia. É melhor prevenir”, alerta.
Não é porque o vegetariano chegou à terceira idade que vai ter que começar a comer carne, tranquiliza Shila Minari. “Um dos argumentos é que a dieta vegetariana pode trazer deficiências, mas isso ocorre apenas a partir de um erro nutricional”, reforça George Guimarães. Ambos os especialistas sugerem uma atenção especial dos idosos com as taxas de cálcio e ferro — nutrientes encontrados em vegetais verde-escuros. Eventualmente, será preciso repôr proteína, mas isso se resolve facilmente com os suplementos proteicos em pó — existem, inclusive, os à base de soja.
"Estudos indicam que os vegetarianos vivem sete anos a mais do que os onívoros. E vivem com mais qualidade de vida”- George Guimarães, nutricionista especializado em dietas vegetarianas
Saiba a diferença:
Vegetarianismo
- Dieta sem carne e outros alimentos de origem animal, como ovo, leite e seus derivados.
Veganismo
- Vai além da dieta. É um estilo de vida que busca evitar todas as formas de sofrimento animal. Seus adeptos não consomem artigos produzidos em couro e lã, por exemplo.
Protovegetarianismo
- O termo geralmente é usado por aqueles que cortaram a carne da dieta, mas continuam consumindo laticínios e ovos.
Fonte: George Guimarães, nutricionista especializado em dietas vegetarianas.