Segundo o Departamento de Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, pelo menos 10 estudos clínicos descritos na literatura sugerem a eficácia da técnica na diminuição da mortalidade e da ocorrência de discapacidades neurológicas graves em pacientes com encefalopatia hipóxico-isquêmica. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a asfixia perinatal acomete cerca de 4 milhões de recém-nascidos todos os anos, sendo que 2 milhões de bebês desenvolverão lesões neurológicas irreversíveis e 1,2 milhão de neonatos morrerão nas primeiras 48 horas de vida.
Embora simples na teoria, a hipotermia terapêutica é procedimento delicado, feito, até recentemente, apenas em hospitais. Isso mudou com o advento de um capacete especial, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Fiocruz. O equipamento acaba de ser agraciado com o prêmio Saving Lives at Birth: A Grand Challenge for Development (em tradução livre: Salvando vidas no nascimento: um grande desafio para o desenvolvimento). A cerimônia foi em Washington e é um oferecimento do consórcio formado por: Fundação Bill & Melinda Gates, US AID, UK AID, Grand Challenges Canada, Coreia e Banco Mundial.
“O capacete permite que a hipotermia terapêutica seja feita fora do hospital, por um dispositivo transportável, leve, viável financeiramente, que qualquer ambulância pode ter”, explica o pesquisador da Fiocruz Renato Rozental, especialista em neurociências e neurologia do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde e professor de neurofisiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.