No Brasil, há apenas cinco clínicas como essa. Ana Cristina Borges, 49 anos, tomou conhecimento da terapia quando ainda morava na Itália e teve uma forte crise de rinite e sinusite. Como ela estava grávida, seu médico evitou os antibióticos e recomendou a haloterapia. “De início, não estava dando credibilidade. Como é que respirar sal me faria melhorar? Meu marido me levou mesmo assim, e o resultado foi surpreendente: não só melhorei, como fiquei um bom tempo sem crise”, afirma Cristina. A empresária conta que, a partir daí, se apaixonou pelo tratamento e, quando voltou para o Brasil, resolveu abrir uma clínica própria com o marido.
O sal vem da Holanda em sacos de 25kg e é despejado em pequenas quantidades dentro de um micronizador que espalha o sal pelo ar, possibilitando, assim, que o paciente o inale.
Resultados positivos
A fisioterapeuta Ana Paula Caldeira, 38 anos, é mãe das gêmeas Gabriela e Luísa, de 2 anos. Ela conta que iniciou o tratamento em novembro de 2015, depois que as filhas tiveram uma sequência de resfriados e rinites. “Soube da terapia por meio de um grupo de mães e resolvi levar as minhas filhas. Fiquei surpresa, porque já na primeira sessão as meninas dormiram melhor. Quando terminei o pacote de dez sessões, elas estavam zeradas”, vibra Ana Paula.
A fisioterapeuta afirma que, após o primeiro pacote, as meninas não precisaram voltar à terapia por cerca de três meses. Mas, devido a uma branda crise de asma de Gabriela este ano, foi necessário que a criança tomasse corticoide e, então, ela optou por retomar o tratamento. “É uma forma de fugir de remédios fortes, que podem fazer mal, mas não é milagroso. É preciso ter uma frequência e voltar sempre. Atualmente, vou duas vezes por semana, mas, em época de crises, cheguei a ir o dobro”, acrescenta Ana Paula. Além disso, ela afirma que a terapia também a tem ajudado, já que ela, igualmente, sofre de asma e de rinite.
A pneumologista Rosa Elisa Strong, da Clínica Médica Saúde e Bem-Estar, confirma que a haloterapia é indicada para pacientes com doenças respiratórias, mas acrescenta que é importante ter sempre um acompanhamento médico.
A médica ainda aposta que a nova terapia pode ser bastante útil aos moradores de Brasília, onde o ar seco e a poluição contribuem para a proliferação de micro-organismos, favorecendo o aparecimento de doenças respiratórias. Além disso, Rosa afirma que, se seguido de forma correta, o procedimento ajuda crianças e adultos a manterem as vias respiratórias limpas por mais tempo, possibilitando, por exemplo, a prática de esportes com mais qualidade.
Os efeitos positivos de respirar em uma sala revestida de sal também foram sentidos por Cauã, de 3 anos. Luciana Salim, 37 anos, mãe de Cauã, conta que começou a prática em junho deste ano, pois o filho sofre com crises fortíssimas de bronquite e asma, o que o obrigava sempre a tomar corticoide e antibióticos. O problema é que a criança também sofre com a rejeição aos remédios. “O Cauã tem muita alergia. Alergia respiratória, ao toque, a medicamentos. Então, sempre foi muito difícil tratá-lo. A gente recorria à homeopatia quando ele tinha crises, até que uma prima me indicou a haloterapia”, lembra Luciana. Ela relata que de início ficou apreensiva, pois nunca havia ouvido falar dessa alternativa e já tinha muitos gastos com remédios e pediatras para o filho.
Mesmo assim, Luciana resolveu experimentar e se surpreendeu.
Cauã também ganhou peso e cresceu o dobro do esperado, já que não sofre mais com tantas infecções e tem dormido melhor. Atualmente, já não faz mais uso diário da bombinha para asma, além de ter reduzido as visitas à clínica de três vezes por semana para apenas uma. “A minha qualidade de vida também aumentou depois do tratamento. Agora, não preciso mais ficar correndo atrás do meu filho o dia todo com remédio”, comemora Luciana.
Controvérsia
Há quem diga que a terapia do sal também pode ser utilizada no caso de dermatite, porém o dermatologista Rubens Marcelo Souza não defende a prática. “Não temos nenhuma base científica para defender a utilização da haloterapia para tratamentos de pele. Uma terapia alternativa indicada para dermatite seria a balneoterapia, uma forma de tratar a doença por meio de banhos, já que a base dos tratamentos das dermatites é a hidratação. O sal limpa o ferimento, mas não ajuda na cicatrização. Ele também resseca, o que pode causar coceiras em uma pele que já está irritada. Creio que essa alternativa para tratar doenças de pele deveria ser mais bem avaliada”, pondera o médico.
Agradecimento: Salus Naturalis Haloterapia .