Drogas aumentam em até seis vezes o risco de esquizofrenia

Segundo a OMS, transtorno mental afeta 21 milhões de pessoas no mundo

por Correio Braziliense 04/11/2016 13:00
SXC.hu
Esquizofrenia afeta 21 milhões de pessoas, segundo a OMS (foto: SXC.hu)
Estudo da Dinamarca constatou um possível vínculo entre o uso de álcool, maconha e outras drogas e o desencadeamento da esquizofrenia. Pesquisadores do Hospital Universitário de Copenhague analisaram pessoas acometidas pelo distúrbio mental e observaram que o abuso dessas substâncias deixa os indivíduos mais vulneráveis, aumentando as chances de serem acometidos pelo problema em até seis vezes. Apresentado no encontro anual da Early Psychosis Association (IEPA), na Itália, o trabalho pode fortalecer as medidas preventivas contra um problema de saúde que afeta 21 milhões de pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A equipe liderada por Stine Mai Nielsen partiu do resultado de pesquisas que mostravam a ligação entre a esquizofrenia e o abuso de drogas, e decidiu fazer uma abordagem mais abrangente do problema. Para isso, analisaram registros de 3.133.968 dinamarqueses, sendo que 204.505 tinham um histórico de abuso de substâncias lícitas e/ou ilícitas e 21.305 haviam sido diagnosticados com o distúrbio mental. Foram considerados fatores como sexo, níveis de uso das substâncias, diagnósticos psiquiátricos de outros males, histórico médico e status econômico, entre outros aspectos.

A principal conclusão foi a de que, de forma geral, o abuso de substâncias lícitas e ilícitas aumentou o risco de desenvolvimento da esquizofrenia em seis vezes. No caso da maconha, o incremento foi de 5,2. No do álcool, de 3,4. As drogas alucinógenas aumentaram as chances de a doença ocorrer em 1,9 vez; sedativos, em 1,7; e anfetaminas, em 1,24. “O efeito foi significativo mesmo 10 a 15 anos após o diagnóstico de abuso de substâncias. Nossos resultados mostram associações robustas entre quase qualquer tipo de abuso de substâncias e um risco aumentado de desenvolver esquizofrenia mais tarde na vida”, destacaram os autores.

Apesar da forte relação percebida entre os dois fenômenos, a equipe da instituição dinamarquesa avalia que, com os resultados obtidos, não é possível determinar se as drogas podem aumentar o risco de esquizofrenia ou se as pessoas que sofrem com o problema de saúde são mais propensas ao abuso de substâncias tóxicas. Por isso, reforça a necessidade de realização de mais estudos. Complexa e sem causa definida, o distúrbio mental aumenta a possibilidade de o paciente morrer precocemente em 2 a 2,5 vezes, estima a OMS.