A velha história de que cães e gatos não se dão bem não passa de lenda. Os bichinhos podem, sim, viver em harmonia no mesmo ambiente. A professora Patrícia Marangon tem, em casa, três gatos (Pitágoras, Catarina e Gael) e uma cadela (Dalila) e, por incrível que pareça, os pets nunca precisaram ser apartados. “Eles se curtem muito. Cada um tem a sua personalidade e jeitinho de ser, e isso influencia muito, mas sempre os vejo muito abertos a uma aproximação.”
O primeiro adotado foi Pitágoras, que, apesar de uma síndrome no intestino que causava receio quanto à introdução de outro bicho na família, abriu espaço para Catarina. Antes de Dalila, havia ainda a cadela Fridha, hoje falecida. “Quando a Fridha chegou, ficou totalmente recuada. Ela sempre respeitou muito o espaço dos gatos”, lembra a professora. A convivência foi pacífica desde o primeiro momento, mas, um dia, Gael tomou a iniciativa de acariciar as patas da cadela. Foi o início de uma bela amizade. “O Gael tem um espírito meio de cachorro e viu em Fridha uma mãe — dormia com ela, ficava juntinho o tempo todo”, recorda a dona.
Dalila entrou na história em 2014, quando Fridha já havia partido. Como ela havia sido resgatada da rua, pouco se sabia sobre sua personalidade. Felizmente, deu tudo certo. “Ela e Gael se dão superbem. Às vezes, ela tenta brincar com os outros gatos, mas eles já não curtem tanto”, detalha. Há momentos em que cada um fica na sua, mas quando Patrícia e a companheira estão em casa, a família se reúne — nos fins de semana, já é uma tradição que fiquem todos no sofá para ver televisão. “Essa história de cães e gatos não se darem bem é besteira. Vejo que todos se respeitam muito e o que faz diferença é a forma como o ser humano possibilita a aproximação”, resume.
A médica veterinária Valéria Cunha explica que qualquer animal pode conviver com outro desde que haja um preparo para isso. Quanto antes o novo pet for introduzido, melhor para a dinâmica do lar. “Isso não quer dizer que, se um deles for mais velho, não dará certo. É só apresentar de forma correta”, aconselha. Pedro Ilha, também médico veterinário, concorda e vê benefícios na companhia que um bichinho faz ao outro. “Hoje em dia, as pessoas trabalham muito, ficam muito tempo ausentes de casa. Então, é legal um ter ao outro. Assim, ficam menos solitários.”
Esse é o caso da cadela Nina e do gatinho Mimi, que não se desgrudam.
A dona, a estudante Amanda Medeiros, conta que Nina sempre gostou de gatos. “Quando descíamos para passear, ela corria para um prédio onde havia uma gatinha e ficava de olho. Por causa desse encanto dela, eu quis adotar um gato, mas o meu medo era de que o bichano a arranhasse.” Amanda deu uma chance e adotou Mimi, que, quando chegou, fez Nina pular de tanta alegria. “Ela cheirava, lambia e não saía do lado da caixinha dele. Ela virou mãe do Mimi. Os dois são superunidos”, relata.
O carinho de um pelo outro é tão grande que, quando Mimi tenta dar uma escapadinha e desce escondido as escadas do prédio, Nina vai atrás e o busca. Quando chegam em casa, os dois brigam, mas logo se acertam novamente. Se tem visita e alguém quer passar a mão em Mimi, Nina fica cheia de ciúme e já chega cheirando a pessoa para ter certeza de que está tudo bem. Além disso, os dois dormem juntos e, quando um acorda, o outro também se levanta.
Amanda acredita que essa interação depende muito da personalidade de cada animal. “Existe cachorro que não se dá bem com cachorro, e gato que não gosta de gato. Isso não tem nada a ver com a espécie. Esse papo de que cão e gato se odeiam é uma ideia vendida por filmes e desenhos animados”, critica. O veterinário Pedro Ilha ajuda a desmistificar essa questão: “Cães e gatos têm formas diferentes de manifestar carinho. É errado comparar os dois. Às vezes, o felino pode se estressar só de sentir o cheiro de cachorro, mas são felinos que nunca tiveram nenhum contato com cães”.
Outra história de amizade entre espécies é a dos pets da jornalista Ana Maria Sousa. A cadela Letícia era a única na casa até a chegada de Lancelot, que por ser muito pequeno, era o “protegido”. “Quando minha filha, Bárbara, chegou com o gatinho, pensei que seria uma confusão enorme. Ela o protegia o tempo todo para que Letícia não fizesse nada contra ele.” Mas, ao contrário do que imaginavam, depois de um tempo, os dois se deram muito bem e hoje não se incomodam em dormir juntos ou dividir rações e carinhos.
Para Ana Maria, o fator decisivo para a adaptação é o ambiente. “Acho que o animal absorve muito do estilo de vida dos donos, então a forma que os criamos facilitou. A Lele é muito receptiva com tudo e todos, talvez por isso tenha sido tão tranquilo.” De vez em quando, o gatinho Lancelot gosta de atiçar a cadela com tapas, mas, mesmo assim, Letícia mantém a pose e continua sossegada em seu canto, provando que até os pets sabem relevar alguns comportamentos em prol da boa convivência.
O primeiro adotado foi Pitágoras, que, apesar de uma síndrome no intestino que causava receio quanto à introdução de outro bicho na família, abriu espaço para Catarina. Antes de Dalila, havia ainda a cadela Fridha, hoje falecida. “Quando a Fridha chegou, ficou totalmente recuada. Ela sempre respeitou muito o espaço dos gatos”, lembra a professora. A convivência foi pacífica desde o primeiro momento, mas, um dia, Gael tomou a iniciativa de acariciar as patas da cadela. Foi o início de uma bela amizade. “O Gael tem um espírito meio de cachorro e viu em Fridha uma mãe — dormia com ela, ficava juntinho o tempo todo”, recorda a dona.
saiba mais
A médica veterinária Valéria Cunha explica que qualquer animal pode conviver com outro desde que haja um preparo para isso. Quanto antes o novo pet for introduzido, melhor para a dinâmica do lar. “Isso não quer dizer que, se um deles for mais velho, não dará certo. É só apresentar de forma correta”, aconselha. Pedro Ilha, também médico veterinário, concorda e vê benefícios na companhia que um bichinho faz ao outro. “Hoje em dia, as pessoas trabalham muito, ficam muito tempo ausentes de casa. Então, é legal um ter ao outro. Assim, ficam menos solitários.”
Esse é o caso da cadela Nina e do gatinho Mimi, que não se desgrudam.
A dona, a estudante Amanda Medeiros, conta que Nina sempre gostou de gatos. “Quando descíamos para passear, ela corria para um prédio onde havia uma gatinha e ficava de olho. Por causa desse encanto dela, eu quis adotar um gato, mas o meu medo era de que o bichano a arranhasse.” Amanda deu uma chance e adotou Mimi, que, quando chegou, fez Nina pular de tanta alegria. “Ela cheirava, lambia e não saía do lado da caixinha dele. Ela virou mãe do Mimi. Os dois são superunidos”, relata.
O carinho de um pelo outro é tão grande que, quando Mimi tenta dar uma escapadinha e desce escondido as escadas do prédio, Nina vai atrás e o busca. Quando chegam em casa, os dois brigam, mas logo se acertam novamente. Se tem visita e alguém quer passar a mão em Mimi, Nina fica cheia de ciúme e já chega cheirando a pessoa para ter certeza de que está tudo bem. Além disso, os dois dormem juntos e, quando um acorda, o outro também se levanta.
Amanda acredita que essa interação depende muito da personalidade de cada animal. “Existe cachorro que não se dá bem com cachorro, e gato que não gosta de gato. Isso não tem nada a ver com a espécie. Esse papo de que cão e gato se odeiam é uma ideia vendida por filmes e desenhos animados”, critica. O veterinário Pedro Ilha ajuda a desmistificar essa questão: “Cães e gatos têm formas diferentes de manifestar carinho. É errado comparar os dois. Às vezes, o felino pode se estressar só de sentir o cheiro de cachorro, mas são felinos que nunca tiveram nenhum contato com cães”.
Outra história de amizade entre espécies é a dos pets da jornalista Ana Maria Sousa. A cadela Letícia era a única na casa até a chegada de Lancelot, que por ser muito pequeno, era o “protegido”. “Quando minha filha, Bárbara, chegou com o gatinho, pensei que seria uma confusão enorme. Ela o protegia o tempo todo para que Letícia não fizesse nada contra ele.” Mas, ao contrário do que imaginavam, depois de um tempo, os dois se deram muito bem e hoje não se incomodam em dormir juntos ou dividir rações e carinhos.
Para Ana Maria, o fator decisivo para a adaptação é o ambiente. “Acho que o animal absorve muito do estilo de vida dos donos, então a forma que os criamos facilitou. A Lele é muito receptiva com tudo e todos, talvez por isso tenha sido tão tranquilo.” De vez em quando, o gatinho Lancelot gosta de atiçar a cadela com tapas, mas, mesmo assim, Letícia mantém a pose e continua sossegada em seu canto, provando que até os pets sabem relevar alguns comportamentos em prol da boa convivência.