O estudo que ouviu 20 mil pessoas online com o objetivo de entender como as pessoas se sentem em relação a esse tema e como a sociedade pode avançar na busca por mais igualdade e mais diálogo entre os gêneros. O levantamento integra o movimento global #ElesPorElas (ou #HeForShe) e terá como produto audiovisual que será lançado em novembro no YouTube o documentário intitulado ‘Precisamos falar com os homens? Uma jornada pela igualdade de gênero’. A pesquisa teve ainda uma etapa qualitativa em que foram entrevistadas 40 pessoas entre influenciadores e especialistas de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife.
Entre os dados levantados, a pesquisa aponta que os estereótipos de gênero também prejudica os homens: 66,5% deles não falam com os amigos sobre medos e sentimentos; 45% gostariam de não se sentir obrigatoriamente responsáveis pelo sustento financeiro da casa; e 45,5% gostariam de se expressar de modo menos duro ou agressivo, mas não sabem como.
"O debate público sobre os direitos das mulheres está na ordem do dia. A pesquisa revela como as desigualdades de gênero afetam mulheres e homens no Brasil. As mulheres mostram a convicção de que a igualdade é benéfica para todas as pessoas, ao passo em que elas afirmam serem as pessoas mais afetadas pela violência e pela desigualdade de direitos em relação aos homens. Por sua vez, eles evidenciam como o machismo condiciona as masculinidades, restringindo-lhes a relação com as mulheres e com os próprios homens por meio de comportamentos e atitudes machistas. O estudo traz elementos mais concretos sobre as discussões sobre a igualdade de gênero, para a revisão e a repactuação de papéis de gênero, assim como as transformações necessárias para o fim do machismo”, afirma Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil.
O movimento #ElesPorElas tem por objetivo envolver mais a figura masculina no processo de transformação, e a pesquisa mostrou que entre os mecanismos eficazes estariam ações educativas independentes que poderiam, por exemplo, debater a saúde do homem, espaços de acolhimento para discutir masculinidade entre eles; grupos reflexivos para homens autores de agressão; e iniciativas que visem alterações em políticas públicas, como o aumento da licença-paternidade.
O estudo também traz atitudes que os homens podem assumir para serem agentes de mudanças: ações como não interromper uma mulher quando ela estiver falando, nunca subestimar ou desconfiar da capacidade dela e não usar termos agressivos para confrontá-la, por exemplo. A pesquisa foi financiada pelo grupo Boticário.
"Os homens não precisam se sentir ameaçados. O que está sendo combatido é apenas a masculinidade tóxica, não o masculino como um todo. Assim como o machismo é prejudicial às mulheres e aos próprios homens, a igualdade de gênero é benéfica para todos nós.