Os cientistas da Universidade de Linköping (Suécia) também descobriram que quatro desses genes são ligados, nos humanos, a distúrbios sociais como o autismo. Segundo os autores do artigo, a descoberta ajudará a desvendar as transformações genéticas que a domesticação provocou no genoma canino nos últimos milênios.
"Acreditamos que há variantes genéticas que tendem a tornar os cães mais sociáveis e que essas variantes têm sido selecionadas ao longo do processo de domesticação", afirmou Jensen.
O cientista afirma que a maior parte dos estudos genéticos sobre cães utiliza amostras de animais de estimação, de animais que vivem na rua ou de lobos selvagens. Mas sua equipe estudou um grupo de beagles criado em laboratório. Nenhum dos cães foi treinado.
Para testar a sociabilidade dos cães, os cientistas deram aos animais uma espécie de quebra-cabeças de solução impossível, em uma sala com uma observadora humana desconhecida para os beagles O quebra-cabeças é um dispositivo com três guloseimas que os cães podiam enxergar e farejar sob tampas deslizantes. Uma das tampas foi selada e não podia ser aberta.
"Depois de abrir duas das tampas, os cães ficaram muito confiantes de que a tarefa não era difícil, mas aí eles encontravam a terceira tampa e viam que o problema se tornava impossível de resolver", afirmou Jensen.
Segundo ele, testes feitos antes com lobos mostravam que esses animais ficariam tentando resolver o problema por si mesmos. Mas não os beagles: depois de algumas tentativas frustradas, vários deles procuravam o olhar da observadora humana, como se pedissem ajuda.
Alguns dos cães tentavam chamar a atenção da observadora olhando alternadamente para ela e para a tampa travada.
Os cientistas então buscaram as diferenças dos genomas dos cães que se mostraram mais e menos sociáveis. Uma região no cromossomo 26 logo foi identificada, indicando que ali haveria genes envolvidos com as interações sociais com humanos. .