O conceito de autofagia surgiu nos anos 1960, quando os pesquisadores observaram pela primeira vez que as células poderiam destruir seu próprio conteúdo, envolvendo o mesmo e transportando para um "compartimento de reciclagem" chamado lisossoma, explicou a Assembleia Nobel do Instituto Karolinska, que concede o prêmio.
O conhecimento do fenômeno foi, no entanto, limitado até os trabalhos de Yoshinori Ohsumi que, no início dos anos 1990, realizou "experiências brilhantes" com lêvedo e identificou os genes da autofagia. Ele evidenciou os mecanismos subjacentes e mostrou que o mesmo sistema funcionava no corpo humano.
Yoshinori Ohsumi, de 71 anos, nascido em Fukuoka, obteve o doutorado em 1964 na Universidade de Tóquio. Depois de três anos na Universidade Rockefeller de Nova York, retornou para a capital japonesa para criar o próprio laboratório. Desde 2009 é professor do Instituto de Tecnologia de Tóquio. "Ficou um pouco surpreso", afirmou o secretário do júri, Thomas Perlmann, que telefonou para o japonês antes do anúncio.
Yoshinori Ohsumi sucede William Campbell, americano nascido na Irlanda, o japonês Satoshi Omura e a chinesa Tu Youyou, premiados em 2015 por pesquisas sobre tratamentos contra as infecções parasitárias e a malária. O diploma e a medalha Nobel são acompanhados de uma premiação de oito milhões de coroas suecas (834 mil euros, 934 mil dólares).
Premiação
O Nobel de Medicina é o primeiro da temporada. Na terça-feira (04/10) será anunciado o prêmio de Física e no dia seguinte o de Química.
Vencedores dos últimos 10 anos:
2016: Yoshinori Ohsumi (Japão), por suas pesquisas sobre a autofagia, cruciais para entender como as células se renovam e a resposta do corpo à fome e às infecções.
2015: William Campbell (americano nascido na Irlanda), Satoshi Omura (Japão) e Tu Youyou (China), pelo desenvolvimento de tratamentos contra infecções parasitárias e a malária.
2014: John O'Keefe (EUA/Reino Unido) e May-Britt e Edvard Moser (Noruega), por suas pesquisas sobre o "GPS interno" do cérebro, que pode permitir avanços no conhecimento do mal de Alzheimer.
2013: James Rothman, Randy Schekman e Thomas Südhof (EUA), por seus trabalhos sobre os transportes intracelulares, que ajudam a conhecer melhor doenças como a diabetes.
2012: Shinya Yamanaka (Japão) e John Gurdon (Reino Unido), por suas pesquisas sobe a reversibilidade das células-tronco, que permite criar todo tipo de tecidos do corpo humano.
2011: Bruce Beutler (Estados Unidos), Jules Hoffmann (França) e Ralph Steinman (Canadá), por estudos sobre o sistema imunológico que permite ao organismo humano defender-se contra as infecções, favorecendo a vacinação e a luta contra doenças como o câncer.
2010: Robert Edwards (Reino Unido), pioneiro da medicina reprodutiva, por sua contribuição ao desenvolvimento da fecundação in vitro.
2009: Elizabeth Blackburn (Austrália/EUA), Carol Greider e Jack Szostak (EUA), por suas descobertas sobre os mecanismos da vida e suas aplicações na luta contra o envelhecimento.
2008: Harald zur Hausen (Alemanha), Françoise Barré-Sinoussi e Luc Montagnier (França), por trabalhos sobre o câncer e a aids.
2007: Mario Capecchi (EUA), Oliver Smithies (EUA) e Martin Evans (Reino Unido), pela criação de ratos transgênicos que abriram um novo horizonte para as pesquisas de doenças como o Alzheimer ou o câncer..