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Elas são uma classe de doenças que afetam o coração ou os vasos sanguíneos, sendo as principais a hipertensão, a hipercolesterolemia (colesterol alto), doenças isquêmicas do coração (incluindo o infarto), doenças cerebrovasculares (incluindo o acidente vascular cerebral) e outras doenças circulatórias. Hoje, Dia Mundial do Coração, sociedades de cardiologia do mundo todo promovem ações de conscientização da população sobre como afastar do dia a dia fatores de risco ao órgão que bate cerca de 2,5 bilhões de vezes durante a vida média do ser humano, empurrando milhões de litros de sangue para todas as partes do corpo.
É esse fluxo constante que movimenta oxigênio, nutrientes, hormônios, outros compostos, e uma série de células essenciais para a vida. Ele também transporta os resíduos do metabolismo para eliminação. Quando o coração para, as funções essenciais do organismo param quase que instantaneamente. Entre os fatores de risco que podem afetar o bom funcionamento do órgão estão o tabagismo, a alimentação inadequada e o sedentarismo, além da ausência de acompanhamento médico, principalmente de pessoas que têm casos de doenças cardiovasculares na família. Todos esses fatores podem ser modificados com a orientação dos profissionais de saúde apropriados.
Segundo especialistas, a maioria das mortes prematuras podem ser evitadas por meio de dieta saudável, atividade física regular, restrição de tabaco e controle da pressão arterial, além de menos estresse no dia a dia.
COLESTEROL ALTO No caso do colesterol alto, metade das mortes pode ser evitada caso o colesterol LDL dos pacientes fosse controlado. Uma pesquisa internacional mostrou que apenas 8% das pessoas sabem os valores de colesterol LDL registrados em seus exames recentes. O colesterol é um tipo de gordura encontrada no nosso organismo que integra a membrana das células. A maior parte é sintetizada no fígado e transportada no sangue por proteínas especiais, as “lipoproteínas”, encarregadas da distribuição desse colesterol por todas as células do corpo.
As mais imporantes são o LDL e o HDL. Uma dessas, o LDL-colesterol, está associada com o risco de desenvolver doença coronariana e por isso ficou popularmente conhecida como “colesterol mau”. Como a substância integra as células do corpo, é natural que os alimentos de origem animal sejam ricos em colesterol. Os vegetais, por sua vez, são pobres em colesterol. Quando esse “colesterol mau” está em excesso no organismo, pela ingestão em demasia de alimentos ricos em gorduras ou pela produção natural no fígado, que pode estar desregulada, é um alerta do corpo.
O levantamento aponta que, no geral, a população entende que o colesterol é um fator de risco importante para doenças cardiovasculares, mas, ainda assim, tem uma visão deturpada sobre a real importância do problema. No estudo, feito pela Sanofi, foram ouvidas mais de 12 mil pessoas na Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Itália, Japão, Holanda, Noruega, Espanha, Suécia e Reino Unido. O Brasil não entrou no estudo. A grande maioria dos entrevistados (72%) acredita que estar acima do peso afeta a saúde coronariana muito mais que o colesterol. O mesmo ocorre quando se fala em pressão sanguínea (70%) e tabagismo (67%). Além disso, são poucos os que tomam atitudes em relação ao tema, como procurar orientação médica em busca de mais conhecimento.
• ATAQUE CARDÍACO
O ataque cardíaco continua sendo o principal inimigo do coração, segundo o cardiologista da Unimed-BH José Pedro Jorge Filho. Por isso, ficar atento aos sinais do corpo pode contribuir para “agir a tempo”. “O tempo é crucial para se evitarem sérios problemas quando se fala de doenças cardíacas. É preferível buscar atendimento médico por um alarme falso do que ignorar os sintomas ou adiar a procura por ajuda”, diz o médico, ressaltando que entre os sinais estão “desconforto no centro do peito, sensação estranha, que pode ser uma pressão, uma dor ou um aperto e pode durar poucos minutos ou ir e vir”.
Falta de fôlego, náuseas, vômitos e suores frios também são sinais de alerta. “Desconforto na parte superior do corpo, por exemplo, nos braços, pescoço ou estômago, são sintomas que as pessoas devem considerar. Apesar de alguns ataques cardíacos serem bruscos e intensos, na maioria das situações eles começam de forma lenta, com uma leve sensação de incômodo no peito”, enfatiza.
AVC As placas de gordura depositadas nos vasos sanguíneos cerebrais podem obstruir um vaso cerebral intracraniano. Dependo da extensão da lesão, pode comprometer a fala e os processos neurológicos. O socorro imediato pode diminuir as sequelas e a chance de óbito. O cardiologista José Pedro explica que os sintomas do acidente vascular cerebral (AVC), conhecido também como derrame, são entorpecimento, formigamento ou fraqueza no rosto, braço ou perna (especialmente em um dos lados do corpo), sensação de confusão, ou seja, dificuldade em falar e compreender, e dificuldades de visão ou em andar, equilibrar-se ou coordenar os movimentos, ou dor de cabeça forte, sem causa aparente.
ESTRESSE O estresse também é um inimigo do nosso corpo e as tensões emocionais são responsáveis por um grande número de doenças cardiovasculares. Quem vive uma rotina estressante libera altos níveis de hormônios, como a adrenalina, que provocam aumento dos batimentos cardíacos e da pressão arterial, podendo até mesmo levar a pessoa a ter um infarto. Outro hormônio liberado durante as situações de tensão emocional é o cortisol, que em nível elevado pode causar elevação da glicose, que predispõe a doenças cardiovasculares.
Excesso de trabalho, pressão por resultados, medo crônico, ansiedade e até solidão podem desencadear reações diversas, interferindo diretamente no funcionamento do coração. A associação desses fatores à pré-disposição genética a problemas cardiovasculares resulta em uma verdadeira bomba para o corpo.
De acordo com o gerente técnico do laboratório Geraldo Lustosa, Adriano Basques, alguns exames simples podem ajudar a identificar e a monitorar possíveis problemas cardiovasculares, uma vez que cerca de 50% a 60% dos infartos ocorrem em pessoas previamente assintomáticas. É o caso, por exemplo, dos testes de perfil lipídico, ácido úrico, homocisteína, proteína C-Reativa-Ultrassensível (PCR-us), glicemia, hemoglobina glicada, lipoproteína-a, entre outros. “Cabe ao médico, porém, avaliar o perfil do paciente e solicitar os exames conforme o histórico de cada um”, ressalta.