"É necessário, de forma urgente, a adoção de medidas para se enfrentar a contaminação do ar", afirma Maria Neira, diretora do departamento de Saúde Pública da OMS.
"Existem soluções, como um transporte sustentável nas cidades, a gestão dos rejeitos sólidos e a utilização de cozinhas e combustíveis limpos nas residências, assim como o uso de energias renováveis e a redução das emissões industriais".
No relatório baseado em dados provenientes de mais de 3 mil locais - rurais e urbanos - a OMS conclui que 92% da população mundial vive onde os níveis da qualidade do ar não correspondem ao padrão em relação a partículas finas em suspensão, de menos de 2,5 micrômetros.
Estas partículas "incluem contaminantes como os sulfatos, os nitratos e a fuligem, que penetram profundamente nos pulmões e no sistema cardiovascular, o que representa um risco grave para a saúde humana".
O organismo detectou que os níveis de contaminação são especialmente elevados no Mediterrâneo oriental, no Sudeste Asiático e no Pacífico Ocidental.
A OMS identifica como principais causadores da má qualidade do ar "os modos ineficientes de transporte, a queima de combustível nas residências e de rejeitos, as centrais elétricas e as atividades industriais", mas também cita como fatores fenômenos naturais, como as tempestades de areia.
Graças aos novos dados existentes, os especialistas esperam poder alentar os Estados a realizar mais esforços para reduzir a contaminação do ar, especialmente após os líderes mundiais fixarem - em setembro de 2015 - como objetivo reduzir as mortes ligadas a esta ameaça até 2030.
A OMS estima que a cada ano cerca de 3 milhões de mortes estão relacionadas à exposição de agentes contaminantes no ar.
Estas mortes são provocadas especialmente por doenças cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais pneumopatia obstrutiva crônica e câncer de pulmão, assinala a ONU, advertindo que a contaminação do ar também aumenta o risco de infecções respiratórias agudas. Segundo a organização, cerca de 90% destas mortes ocorrem em países de renda média ou baixa, com dois a cada três óbitos em regiões do sudeste asiático e do Pacífico ocidental. .