A quantidade total de casos deverá aumentar, porém, considerando-se a quantidade cada vez maior de pessoas que vivem mais tempo, graças ao aumento da expectativa de vida. “Limitamos o fluxo, mas sem conseguir detê-lo”, afirma David Reynolds, da associação britânica Alzheimer’s Research UK (Aruk). Os custos econômicos e sociais das demências chegam a US$ 818 bilhões em nível mundial e não estão perto de diminuir, segundo relatório de 2015 dos especialistas da federação Alzheimer Disease International (ADI).
Vinculado ao envelhecimento, o mal de Alzheimer é a causa mais comum de demência, sendo responsável por entre 60% e 70% dos casos. A demência vascular é a segunda causa. No entanto, a associação dessas duas doenças é comum, de acordo com especialistas. O Alzheimer leva a uma deterioração da memória e de outras faculdades intelectuais e, progressivamente, a uma perda de autonomia.
O Reino Unido, um dos países analisados na pesquisa (que também incluiu Espanha, Suécia, Holanda, entre outros), registrou uma queda de 20% da taxa de incidência global da demência por mais de duas décadas. Segundo estudo publicado em abril na revista científica Nature Communications, o país contava com 209 mil casos novos em 2015 – muito abaixo dos 251 mil apontados em previsões de 1991.
Mais de 100 anos depois da identificação do mal de Alzheimer, ainda não existe um tratamento que permita curá-lo, ou frear sua evolução. As causas da doença, que implica o aparecimento de proteínas anormais no cérebro, continuam sendo objeto de debate. Estudos recentes sugeriram que a poluição poderia ser um dos responsáveis.
Entre as hipóteses que podem explicar essa estabilização da taxa de demências, está uma melhoria da qualidade de vida e da educação, assim como uma redução dos riscos cardiovasculares, devido ao avanço de tratamentos para hipertensão e colesterol alto. “Qualquer coisa que ajuda a reduzir o risco cardiovascular parece ser benéfica, como a atividade física, uma alimentação saudável nos moldes da dieta mediterrânea e não fumar”, resume o professor Philippe Amouyel, coordenador geral do programa de pesquisa da União Europeia em Doenças Neurodegenerativas (JPND, na sigla em inglês).
Palavras cruzadas, sudoku e jardinagem De acordo com alguns estudos, tudo que faz o cérebro trabalhar, como estudos superiores, ou atividades como palavras cruzadas, sudoku, leitura, jardinagem, trabalhos manuais, assim como o fato de não viver isolado, principalmente para quem já se aposentou do trabalho, contribuem para reduzir o risco de demência.
Enquanto isso, outros desenvolvimentos podem inverter a tendência, como a progressão do diabetes, a obesidade e o sedentarismo, alertam especialistas. Em nível mundial, o número de casos de demência pode chegar a 75,6 milhões, em 2030, e a 135 milhões, em 2050, um aumento alimentado particularmente por países de baixa e média renda, segundo a OMS.
Isso se deve a um aumento das doenças cardiovasculares e da obesidade, assim como de uma ampliação acelerada da expectativa de vida nesses países. De acordo com o especialista francês, eles já representam mais da metade dos casos de demência em todo o mundo..