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Para a Olimpíada’2020, foram definidas três modalidades da escalada: speed climbing ou de velocidade, onde dois escaladores escalam, em vias idênticas, simultaneamente, e quem atingir o topo primeiro vence; a boulder, que é a que mais cresce em termos de prática no mundo, e é exercida em blocos de pedras de até 5 metros de altura, sem cordas de segurança e com crashpads – colchões que ficam no solo e, se eventualmente ocorre uma queda, a pessoa cai ali; e a escalada de dificuldade (lead), com vias de alto grau de dificuldade, sendo o vencedor aquele que chegar mais alto.
“No entanto, não está definido como será a competição olímpica. Acreditamos que talvez a prova contemple as três modalidades, e que a soma de três resultados pontue os competidores. Quem vai definir, em março de 2017, é a Federação Internacional de Escalada Esportiva, ligada ao Comitê Olímpico”, esclarece o educador físico Edgardo Álvares de Campos Abreu, de 37 anos, professor na Das Pedras Escalada, em Belo Horizonte.
A escalada pode ser praticada tanto em academias fechadas (indoor) como em ambientes externos (outdoor). Os principais músculos trabalhados são os do core (responsável pela estabilidade da coluna), das costas e dos membros superiores (mãos e braços). O ideal é praticar de duas a três vezes na semana e não é necessário complementar a atividade com outros treinos. A principal diferença entre as duas é o controle dos fatores externos, como clima e segurança. Entre quatro paredes não existe o fator chuva. Além disso, a manutenção dos equipamentos de segurança é sistemática e há colchões no chão. A principal vantagem do outdoor é o contato com a natureza e seus desafios, claro. Os equipamentos necessários, inicialmente, são a sapatilha, que pode ser alugada na própria academia, o saco de magnésio para secar as mãos, a cadeirinha e as cordas que ligam o escalador à pessoa que ficará no solo, fazendo a segurança dele (no caso da escalada esportiva).
Os instrutores, porém, avisam: antes de encarar a pedra é preciso ter experiência prévia, conquistada no indoor. Outra dica é nunca escalar sozinho – a companhia de outros esportistas garante socorro em caso de acidentes. Edgardo Abreu, escalador há 20 anos e treinador de escalada desde 2005, diz que para praticar não há restrição de idade: “Tenho hoje alunos de 7, 8 anos e o mais velho com 60. Oitenta por cento do público que treina em academia indoor é a galera da escalada que busca melhorar o condicionamento para ir para a pedra. Os demais são curiosos que querem uma atividade física diferente ou não têm afinidade com musculação ou práticas esportivas de academias”, comenta.
Na visão de Yan Ouriques, de 36, proprietário da Rokaz Escalada, em BH, a atividade é mais completa do que a maioria das práticas oferecidas em academias. “Além de trabalhar força e resistência, a escalada trabalha com o mental e com o aspecto social. Como é uma atividade que você não faz sozinho em grande parte das vezes, as pessoas que buscam esse esporte estão mais abertas a fazer novas amizades”, pontua. Na Rokaz, segundo Yan, 80% do público é formado por quem está substituindo a musculação por algo menos monótono.
SEGURANÇA
Muitas escolas de escalada ensinam as técnicas básicas de segurança, que envolvem nós em cordas e como estar atento ao escalador (no caso da escalada esportiva, que pode ser indoor, nas escolas, ou outdoor, nas pedras, uma pessoa fica no solo fazendo a segurança do parceiro que encara os desafios na parede). “O que considero bem interessante na escalada é que o desafio é pessoal. A pessoa não tem que necessariamente competir com outra pessoa para traçar seus objetivos. Seu desafio é enfrentar a via e não um rival, ou seja, você é responsável pelo próprio desempenho”, acrescenta Edgardo. Há também cursos de escalada de rocha e montanha que vão de um fim de semana a três meses, dependendo do nível de interesse da pessoa.
ONDE PRATICAR EM BH
Rokaz
Rua Antônio de Albuquerque,
189, Savassi.
(31) 2535-9800
Das Pedras
Rua Cristina, 1.318, Bairro Santo Antônio.
(31) 3293-1129
Summit Ginásio
de Escalada
Rua Garumá, 46A, Bairro Jaraguá.
( 31) 2552-1410
Menos técnica e mais desafios
A escalada não é uma atividade muito cara e, para a escalada indoor, as academias costumam oferecer planos de livre acesso, com horários flexíveis, e aluguel de equipamentos. São muitas as motivações para praticar escalada. “Algumas pessoas buscam a vista lá do alto; algumas, a adrenalina; outras, apenas o desafio. Também tem o lado da superação pessoal, física e técnica – serve até mesmo para perder o medo de altura”, enumera Lucas Scalco, de 34, sócio da UBT Escalada, em Brasília (DF).
Ele explica que, diferentemente do que as pessoas pensam, a escalada não demanda tanta força, mas técnica. Por isso, o melhor exercício para os alunos iniciantes é: escalar. Apenas nos níveis mais avançados a força começa a ter influência na execução dos movimentos.
Para o praticante e técnico em informática Miguel Fonseca, de 26, que começou por influência de um programa da televisão, o melhor da escalada são os desafios que a pedra oferece. É essa adrenalina – e o contato com a natureza – que o levaram a praticar o esporte. Sempre que pode, quando não está trabalhando ou estudando ele vai escalar. “Vários amigos falavam que, quando eu conhecesse a escalada em rocha não pararia mais. Falavam que era um vício e eles estavam certos”, revela. A escalada também mudou o estilo de vida de Miguel. A alimentação, por exemplo, foi completamente alterada em nome de melhores resultados nos treinos.
NATUREZA
Segundo Yan Ouriques, outro item bem legal da escalada é que, além da atividade em si, você cria no praticante uma cultura de montanha, de ir para o meio do mato. “E a comunidade da escalada dá várias ferramentas para o iniciante fazer bem a transição da escalada indoor para a montanha.” Sobre o fato de a modalidade ir para a Olimpíada, ele diz que “é fenomenal. Estamos batalhando por isso há anos. Sempre fui apaixonado por escalada, minha família é de escaladores, irmãos e minha mãe, somos bem engajados com o setor competitivo e acho que o fato de o esporte ir para Tóquio só terá coisas boas a acrescentar, inclusive para os patrocinadores do esporte”, conclui. (Com Revista do Correio)
DIFICULDADES
A escalada tem níveis de dificuldade subjetivos, que são estabelecidos em consenso pelos escaladores. Alguns dos fatores que influenciam a escolha dos níveis são: tamanho das agarras e dos apoios (onde o escalador vai segurar), distância entre eles, inclinação da parede, quantidade de movimentos, tipo de rocha e exposição ao risco. “Como diferentes pessoas têm diferentes habilidades, uma via pode parecer mais fácil ou mais difícil, dependendo da pessoa”, explica Lucas Scalco, de Brasília. Dentro da academia, os níveis são separados pelas marcações coloridas nas agarras. Assim, o aluno sabe pela cor se aquela via é do seu nível ou não.