O que a investigação arqueológica no Castelo Lengberg mostrou é que o sutiã de linho veio antes de a peça ser patenteada em 1914, por Mary Phelps Jacob, nos Estados Unidos. Antes dessa descoberta, a peça era datada de 1900 e o modelo tido como o primeiro era feito com dois lenços amarrados a uma fita estreita rosa.
É difícil falar sobre sutiã sem mencionar a luta que mulheres vêm travando ao longo dos anos por liberdade e direitos iguais. Em 1968, ele se tornou símbolo do enfrentamento de feministas que "queimaram sutiãs" durante a realização do concurso Miss América, nos Estados Unidos, contra a hipersexualização, objetificação e mercantilização dos corpos das mulheres. Na verdade, a queima propriamente dita nunca ocorreu, mas o episódio foi assim intitulado pela imprensa.
A discussão sobre usá-lo ou não volta à cena com a hashtag que virou filme, #FreeTheNipple (ou #LiberteOsMamilos, em tradução livre), e, no Brasil, não apenas com ‘toplessaços’, mas também com as leis que garantem a amamentação em público e confrontam justamente o fato de o seio da mulher não ser visto de forma natural mesmo quando a cena é de uma mãe alimentando seu filho ou filha. “O sutiã, por mais que ele tenha evoluído, ainda carrega em si a questão da opressão por ter origem no espartilho. Mas cada vez mais esse estigma oscila para as questões que envolvem sensualidade e empoderamento”, afirma a designer de moda e professora de moda no curso de design da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), Andreia Salvan Pagnan.
Diretora do grupo Água Fresca Lingerie, Juliana Moraes conta que o modelo de sutiã mais simples entra em uma máquina de costura pelo menos 30 vezes. “É uma peça complexa, composta de vários ‘projetinhos’ para proporcionar o maior conforto possível. Hoje, o sutiã é um aliado das mulheres.
Segundo a especialista, a tecnologia trouxe, além do conforto, outras possibilidades de formatos.
A escolha do sutiã
Enquanto há mulheres que encaram o sutiã como uma norma imposta socialmente ao corpo feminino, além de, obviamente, movimentar um mercado lucrativo que envolve sedução, beleza e sexo, existem outras que consideram a peça indispensável no dia a dia. Se é o seu caso, a regra de ouro para você esquecer que está de sutiã é acertar no tipo que mais se encaixa ao seu biotipo. Com uma infinidade de modelos no mercado, a tarefa pode não ser tão simples. Cada vez mais, no entanto, as próprias vendedoras podem ser ótimas consultoras e te ensinar as regrinhas básicas para não desperdiçar seu dinheiro.
Juliana Moraes, explica, por exemplo, que uma mulher pode ter a mesma medida de tórax que outra, mas uma com os seios pequenos e outra com os seios grandes. Quando for assim, não é a numeração do sutiã que muda (40, 42, 44, 46, 50, 52, 54), mas o tamanho do bojo ou taça (A, B, C, D e E). “A numeração mais comum da mulher brasileira e mineira é a 42 C”, afirma Moraes. Segundo ela, ao vestir a lingerie, o sutiã tem que ficar reto em toda a circunferência do tórax. Nada de sutiã mais para cima nas costas ou um pouco caído na frente.
Para a diretora de marketing da Plié, Marilene Ramos, é fundamental compreender que o que fica bem nos outros não necessariamente ficará bem em você. “Experimentar é a melhor forma de descobrir se um modelo veste bem, pois cada mulher tem medidas únicas”, resume.
Seios grandes
As alças são muito importantes para garantir sustentação. Assim, seios maiores pedem alças mais largas e o bom sutiã é aquele que não deixa nada sobrando atrás. Não caia na tentação de suspender as alças achando que, mais curtas, elas darão mais sustentação. Esse é um erro muito comum que, na verdade, gera desconforto, aperta e pode, inclusive, provocar dor nas costas e dor de cabeça. Além disso, o recurso do tecido duplo é uma boa opção para trazer conforto aos seios grandes e pesados.
Seios caídos
Para quem tem seios caídos, o ideal são os sutiãs do tipo push-up. Eles são projetados para levantar os seios e dar a eles um formato arredondado. Lembre-se que acertar na medida do tórax é o passo principal. Geralmente, os sutiãs têm de três a quatro ganchos atrás e um sinal de que você pode estar errando na sua medida é se a peça estiver sendo usado no ganchinho mais apertado ou no mais frouxo. A possibilidade do ajuste existe porque é importante.
É errado pensar que seios pequenos têm que ser necessariamente aumentados pelo sutiã. Se a mulher está feliz com a própria aparência, ela precisa somente de um sutiã que traga conforto e que suavize transparências. Ver beleza nas próprias curvas, pequenas ou grandes, é mais importante que ver beleza no sutiã.
Alças
Grande parte do desconforto que as mulheres sentem está relacionado às alças do sutiã. Alças reguladas de forma errada causam desconforto e pressão nos ombros. Embora possa não parecer, a pressão feita ao longo de um dia inteiro em um mesmo ponto pode exaurir e aí, você vai querer tirar de qualquer forma. Observe seus seios, se eles são mais pesados, opte pelas alças mais largas que dão maior sustentação e conforto.
Com aro (ou sem)
Existe um mito de que o aro incomoda, mas o que nem toda mulher sabe é que ele é feito de um metal flexível e ajustável ao tamanho do seio. Ou seja, antes de vestir qualquer sutiã você precisa ajustar não só as alças, mas também os aros. Sutiãs com aros são boas opções para seios grandes ou flácidos porque dão mais sustentação.
Com bojo (ou sem)
O bojo tem a função de modelar, acomodar o seio, e valorizar o colo. Na hora de experimentar, certifique-se de que a mama não está sobrando ou o contrário, caso tenha tecido demais. O bojo só vai incomodar se não estiver na medida certa para você. Bojo é sinônimo de modelagem e é a parte do sutiã que mais evoluiu no mercado nos últimos 15 anos. Eles são ultrafinos (por isso é mito dizer que bojo aumenta o tamanho do seio), respiráveis e duráveis.
Sutiã de amamentação
Hoje já é possível encontrar um sutiã de amamentação que seja confortável e bonito ao mesmo tempo. Nessa fase, as laterais mais largas proporcionam uma acomodação mais confortável dos seios. O que a mulher precisa lembrar é que o volume varia ao longo do dia em razão dos horários das mamadas. Dessa forma, as mamas não podem ficar apertadas dentro do sutiã. Para as mulheres que não abrem mão do bojo nem nessa fase, opte pelos que sejam forrados em algodão.
Terceira idade
A pele fica mais fina com o avançar da idade. Assim, mulheres mais velhas devem optar pelo sutiã todo recoberto de algodão. Hoje, já existem modelos com abotoamento frontal para facilitar na hora de vestir.
Tomara que cai
Sutiãs tomara que caia pedem atenção especial à região próxima às axilas, onde não devem apertar.
Acessório de moda
O sutiã cada vez mais tem se tornado uma peça de destaque na composição do visual. Nesse caso, as alças são geralmente mais largas e recobertas com renda. Há ainda a opção de fechamento na lateral para a peça aparecer integral se o decote é nas costas e também os modelos com renda na frente. Uma boa dica para os dias de festa é investir em um body que, além de valorizar os seios, ainda modelam o corpo.
Um top fitness que dê sustentação sem restringir o movimento e permite a respiração da pele é essencial. Algumas marcas têm tratamento hidrófilo que permitem que a pele respire enquanto você se exercita. O modelo duplo é muito procurado e existem versões com bojos removíveis.
FONTE: Juliana Moraes, diretora do grupo Água Fresca Lingerie, e Marilene Ramos, diretora de marketing da Plié.