Em 7 de setembro comemorou-se o aniversário de 48 anos da famosa e histórica manifestação feminina conhecida como a “queima de sutiãs”. O protesto aconteceu em Atlantic City, nos Estados Unidos, durante o concurso de beleza Miss América. A ideia era protestar contra a ditadura da beleza imposta às mulheres, mas, na realidade, nenhuma faísca foi acesa. As manifestantes pretendiam queimar alguns símbolos da opressão - além dos sutiãs, sapatos de salto alto, cílios postiços e revistas femininas estavam no balaio -, mas a prefeitura da cidade não autorizou o ato. A solução foi, então, colocar todas as peças dentro de um grande latão de lixo.
De 1968 para cá, mudaram os quesitos, mas a tirania estética continua firme e forte. E um dos principais símbolos da imposição é o, muitas vezes, desconfortável e apertado sutiã. A peça levanta, modela e junta os seios e, apesar de estar quase sempre escondida, é vista como imprescindível. Assim que começam a crescer os seios, as adolescentes já ganham um, como parte de rito de passagem, e, comumente, não se desvencilham mais da lingerie. Mas isso tem mudado. “No dia a dia, o seu uso é de escolha particular, já que a comprovação dos seus benefícios é controversa”, explica a mastologista Fabiana Lisboa, médica do Hospital Anchieta.
Na verdade, se escolhido sem critérios, o sutiã pode até fazer mal. “Deve-se ter cuidado com o conforto e com a qualidade do material utilizado. Evite bojos e sutiãs apertados, que comprimem a mama e prejudicam a drenagem linfática adequada; os materiais sintéticos, que não deixam a pele transpirar adequadamente e aumentam a temperatura da mama; os materiais que causam alergia e prurido nos mamilos, além de sutiãs desconfortáveis, que atrapalham as atividades diárias e a amplitude dos movimentos durante o exercício físico”, alerta a mastologista.
Os tempos, de fato, são outros. Os sutiãs agora são os protagonistas do look, deixados caprichosamente à mostra, ou se tornaram completamente dispensáveis, principalmente entre as mais jovens. O movimento de exibi-los ou abandoná-los surge, inclusive, para responder a uma série de dúvidas: os seios são grandes e precisam de sustentação? Por que não usar um top esportivo? Se as mamas são pequenas, precisa mesmo de duas camadas de roupa? E se os sutiãs são tão bonitos, de rendas diferentes ou formatos inovadores, por que devem ficar escondidos? É preciso mesmo um bojo que disfarça o formato ou aumenta os seios?
Nos Estados Unidos, alguns estados consideram um crime as mulheres exibirem o peito desnudo. Na internet, a maioria das redes sociais também vê o comportamento como uma violação das regras e podem apagar posts e contas que expõem “conteúdo impróprio”. Para protestar contra essa falta de liberdade, como elas consideram, surgiu, em 2012, a campanha Free the nipple (“Liberte o mamilo”, em tradução livre), que acendeu a discussão sobre a objetificação dos seios femininos. Dois anos depois, o movimento estourou, e várias mulheres e celebridades publicaram fotos de topless com a hashtag #freetheniple cobrindo o mamilo. Seria uma forma de defender que, assim como os homens, elas também podem andar por aí sem camisa, caso desejem.
Em maio deste ano, o debate do uso dos sutiãs ganhou mais combustível. A adolescente americana Kaitlyn Juvik foi à escola com uma blusa discreta, mas sem a peça, e foi repreendida pela vice-diretora, que afirma que a ausência do vestuário deixaria “professores e alunos desconfortáveis”. A estudante encontrou outras alunas que a apoiaram e resolveram protestar: todas iriam à aula sem sutiã. Segundo as manifestantes, os seios estão cobertos por roupas, e isso deveria ser o suficiente.
Elas consideram que a necessidade do uso da lingerie é uma sexualização desnecessária do corpo da mulher, que tem que se esconder para não causar desconforto aos homens. A manifestação ganhou notoriedade e as meninas criaram uma página no Facebook: A No Bra, No Problem (que em português seria “Sem sutiã, sem problema”), que já tem mais de 30 mil curtidas.
E não só as mortais consideram muito mais confortável se livrar dos arames dos sutiãs. A modelo Kendall Jenner, 20 anos, há muito desistiu deles, mesmo sendo garota propaganda de duas marcas de roupa íntima. Em uma publicação no próprio site, a modelo explica que não entende qual é o problema de sair de casa sem usá-los. “Acho que é cool, e eu, realmente, não me importo! É sexy, é confortável e não tenho problemas com os meus seios”, afirma. A socialite Kim Kardashian (Foto 1), irmã de Kendall, também não se importa em deixar os peitos livres, apesar de ser adepta fiel de cintas. A modelo Miranda Kerr (Foto 2), a atriz Jennifer Aniston e a cantora Rihanna são outras que parecem ter desistido de prender as mamas.
Nas passarelas, a falta de sutiã não é novidade. No Rio Moda Rio, que aconteceu em junho, a apresentadora Xuxa desfilou para a grife Yes Brazil com um look inspirado nos anos 1980. A blusa de renda não teve sutiã e a apresentadora caminhou pela passarela com os seios aparentes. No São Paulo Fashion Week, teve história parecida. A grife Giuliana Romanna (Foto 3), por exemplo, também abusou das transparências em modelos de roupa sem forro para cobrir colo e tronco. Ainda na tendência, a coleção de primavera/verão 2016 da grife Valentino teve como tema a África, e optou por restringir o uso da lingerie à calcinha cor da pele. A também italiana Blumarine, em sua coleção resort 2016, foi outra a apostar nas rendas e nas transparências.
De 1968 para cá, mudaram os quesitos, mas a tirania estética continua firme e forte. E um dos principais símbolos da imposição é o, muitas vezes, desconfortável e apertado sutiã. A peça levanta, modela e junta os seios e, apesar de estar quase sempre escondida, é vista como imprescindível. Assim que começam a crescer os seios, as adolescentes já ganham um, como parte de rito de passagem, e, comumente, não se desvencilham mais da lingerie. Mas isso tem mudado. “No dia a dia, o seu uso é de escolha particular, já que a comprovação dos seus benefícios é controversa”, explica a mastologista Fabiana Lisboa, médica do Hospital Anchieta.
Na verdade, se escolhido sem critérios, o sutiã pode até fazer mal. “Deve-se ter cuidado com o conforto e com a qualidade do material utilizado. Evite bojos e sutiãs apertados, que comprimem a mama e prejudicam a drenagem linfática adequada; os materiais sintéticos, que não deixam a pele transpirar adequadamente e aumentam a temperatura da mama; os materiais que causam alergia e prurido nos mamilos, além de sutiãs desconfortáveis, que atrapalham as atividades diárias e a amplitude dos movimentos durante o exercício físico”, alerta a mastologista.
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Nos Estados Unidos, alguns estados consideram um crime as mulheres exibirem o peito desnudo. Na internet, a maioria das redes sociais também vê o comportamento como uma violação das regras e podem apagar posts e contas que expõem “conteúdo impróprio”. Para protestar contra essa falta de liberdade, como elas consideram, surgiu, em 2012, a campanha Free the nipple (“Liberte o mamilo”, em tradução livre), que acendeu a discussão sobre a objetificação dos seios femininos. Dois anos depois, o movimento estourou, e várias mulheres e celebridades publicaram fotos de topless com a hashtag #freetheniple cobrindo o mamilo. Seria uma forma de defender que, assim como os homens, elas também podem andar por aí sem camisa, caso desejem.
Em maio deste ano, o debate do uso dos sutiãs ganhou mais combustível. A adolescente americana Kaitlyn Juvik foi à escola com uma blusa discreta, mas sem a peça, e foi repreendida pela vice-diretora, que afirma que a ausência do vestuário deixaria “professores e alunos desconfortáveis”. A estudante encontrou outras alunas que a apoiaram e resolveram protestar: todas iriam à aula sem sutiã. Segundo as manifestantes, os seios estão cobertos por roupas, e isso deveria ser o suficiente.
Elas consideram que a necessidade do uso da lingerie é uma sexualização desnecessária do corpo da mulher, que tem que se esconder para não causar desconforto aos homens. A manifestação ganhou notoriedade e as meninas criaram uma página no Facebook: A No Bra, No Problem (que em português seria “Sem sutiã, sem problema”), que já tem mais de 30 mil curtidas.
E não só as mortais consideram muito mais confortável se livrar dos arames dos sutiãs. A modelo Kendall Jenner, 20 anos, há muito desistiu deles, mesmo sendo garota propaganda de duas marcas de roupa íntima. Em uma publicação no próprio site, a modelo explica que não entende qual é o problema de sair de casa sem usá-los. “Acho que é cool, e eu, realmente, não me importo! É sexy, é confortável e não tenho problemas com os meus seios”, afirma. A socialite Kim Kardashian (Foto 1), irmã de Kendall, também não se importa em deixar os peitos livres, apesar de ser adepta fiel de cintas. A modelo Miranda Kerr (Foto 2), a atriz Jennifer Aniston e a cantora Rihanna são outras que parecem ter desistido de prender as mamas.
Nas passarelas, a falta de sutiã não é novidade. No Rio Moda Rio, que aconteceu em junho, a apresentadora Xuxa desfilou para a grife Yes Brazil com um look inspirado nos anos 1980. A blusa de renda não teve sutiã e a apresentadora caminhou pela passarela com os seios aparentes. No São Paulo Fashion Week, teve história parecida. A grife Giuliana Romanna (Foto 3), por exemplo, também abusou das transparências em modelos de roupa sem forro para cobrir colo e tronco. Ainda na tendência, a coleção de primavera/verão 2016 da grife Valentino teve como tema a África, e optou por restringir o uso da lingerie à calcinha cor da pele. A também italiana Blumarine, em sua coleção resort 2016, foi outra a apostar nas rendas e nas transparências.