No 252º Encontro Nacional da Sociedade Americana de Química, pesquisadores da Universidade Estadual de Nova York em Oswego apresentaram uma solução simples para mitigar os efeitos da chamada síndrome do edifício doente, que impacta negativamente tanto a saúde humana quanto a do ambiente. Eles descobriram que cultivar alguns tipos de plantas próprias para o interior das casas pode combater os efeitos dos COVs, ao removê-los da atmosfera.
“Nós nos esquecemos de que o ar é o material mais consumido por humanos: cada um de nós respira 13 mil litros de ar por dia, e não podemos ficar sem ar por mais de três minutos. Isso significa que a qualidade da atmosfera é muito importante e que precisamos de ar limpo”, lembrou, em uma coletiva de imprensa transmitida pela internet, o principal autor do trabalho, o químico Vadoud Niri.
Infelizmente, ressaltou o especialista, existe muita poluição atmosférica nos ambientes internos. “Na verdade, os estudos mostram que a concentração de alguns desses poluentes é de três a cinco vezes maior dentro de casa, e a razão disso é que eles vêm de produtos que temos em casa ou nos escritórios, como tinta, carpetes e impressoras”, continuou.
Sintomas
De acordo com Niri, inalar quantidades grandes desses produtos pode levar algumas pessoas a desenvolver a síndrome do edifício doente, o que reduz a produtividade e pode causar tontura, asma e alergia. Esse mal é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “conjunto de doenças causadas ou estimuladas pela poluição do ar em espaços fechados”.
A solução mais comum para combater os compostos orgânicos voláteis é instalar sistemas de ventilação que removem o ar para o lado de fora.
O químico contou que, pesquisando o assunto, encontrou um estudo de 1984 da agência espacial americana, a Nasa, segundo o qual as plantas podem absorver tais compostos por meio das folhas e raízes. Desde então, outros pesquisadores investigaram como as espécies remediam os efeitos de substâncias específicas, como o formaldeído, um agente carcinogênico, em espaços fechados.
“O motivo disso não é completamente conhecido, mas há muitas hipóteses, algumas baseadas na fotossíntese. A planta absorve o CO2 e o degrada em outros químicos. Basicamente, ele vai para o ciclo de carbono”, disse Niri. De acordo com ele, a maior parte dos estudos sobre a biofiltração foca a remoção de um tipo de COV por uma espécie de planta. Contudo, o químico quis comparar a eficiência e a taxa de limpeza simultâneas de vários compostos por diversas plantas.
Testes
Para isso, ele construiu uma câmara selada contendo concentrações específicas de diversos COVs. Então, monitorou a circulação dos compostos ao longo de diversas horas com e sem a presença de plantas no interior da engenhoca. Para cada espécie, ele anotou qual COV a planta remove, o tempo que leva para retirá-lo do ar e o quanto das substâncias químicas foi eliminado, no fim do experimento.
A equipe de Niri testou cinco tipos comuns de plantas cultivadas dentro de casa na região de Nova York, onde mora. Essas espécies também são comuns no Brasil: planta-jade (Crassula argentea), planta-aranha (Crassula argentea), bromélia-estrela-escarlate (Guzmania lingulata), cactus-do-caribe (Consolea falcata cactus) e dracena (Dracaena fragrans). Os pesquisadores descobriram que a bromélia consegue remover mais de 80% de seis dos oito compostos em um período de 12 horas — foi a mais eficiente de todas.
As cinco foram capazes de tirar do ar a acetona, substância abundante em esmaltes e removedores, mas a dracena se saiu melhor nesse teste, com 94% do químico sendo eliminado. “Com base nos nossos resultados, podemos dizer que é uma boa ideia ter ao menos uma bromélia na estante da sala ou no local de trabalho”, diz Niri.
Segundo o cientista, o próximo passo é testar as habilidades das plantas em um cômodo de verdade, e não só em uma câmara selada.