Uai Saúde

Projeto Menina-Moça, Mulher

Projeto do Instituto Carlos Chagas vai atender meninas e adolescentes grávidas

Ação começa no Rio de Janeiro, mas vai se estender para outros estados do Brasil

Agência Brasil
Uma pesquisa do Instituto Carlos Chagas indica que na faixa de 10 a 19 anos, meninas e adolescentes em situação de vulnerabilidade podem engravidar até quatro vezes.
Este é um dos dados que compõem o Projeto Menina-Moça, Mulher, organizado pelo Instituto Carlos Chagas em parceria com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.

“Essa jovem está muito precoce. É uma menina que se transforma em mulher. Precisamos ver como tratar a saúde desta menina. Os seus direitos reprodutivos como também conduzir para que ela veja uma porta para o futuro. Então é pegar tudo que já existe no governo federal, no estado e no município integrar essas políticas. É poder público em todas as áreas de saúde, de educação, de profissionalização e do mercado de trabalho”, disse a secretária Especial de Políticas para as Mulheres, Fátima Pelaes.

Além de atendimento nestas áreas, o projeto vai promover o tratamento para meninas que estiverem envolvidas com o uso de drogas. “É trabalhar de forma transversal.
Nós não queremos fazer uma política estanque. Temos que olhar o todo desta menina, que é uma menina, mas já é uma mulher, e que precisa ter esperança. O Poder Público tem que responder a isso”, disse.

O projeto começa pela região central do Rio de Janeiro, mas a intenção do governo é estender para outros estados do país. Para a ampliação, o projeto vai usar dados da ONU Mulher. “Este trabalho que está sendo feito no Rio de Janeiro podemos, a partir daqui, levar para discussão no Brasil uma vez que temos realidades diferentes, mas problemas iguais”, disse, acrescentando que o projeto tem apoio da Caixa Econômica Federal e dos ministérios da Saúde, Trabalho e Educação. O próximo passo é conseguir a adesão de entidades da sociedade civil.

De acordo com o coordenador do projeto, o ginecologista do Instituto Carlos Chagas, Sílvio Silva Fernandes, a ideia é deixar que as meninas se sintam à vontade de expor os seus problemas para que possam receber a ajuda. O trabalho começa pelo acolhimento em uma casa instalada na Lapa, região central do Rio. “Elas vão saber que tem uma casa onde elas podem chegar e terão pessoas com ouvidos para atendê-las”, disse, adiantando que o projeto deve estar em funcionamento em dezembro. “O nosso empenho é para neste Natal já estar trabalhando”.

A expectativa, segundo o médico, é de que, no prazo de seis a doze meses, o projeto alcance o número de 2 mil atendimentos por mês. “Não vai ser só um atendimento, porque essas meninas não vão ser atendidas e serem colocadas novamente nas ruas. Estamos fazendo links com várias oficinas para que possam começar a ter uma satisfação pessoal de estarem construindo algo para si e, com isso, terem os próprios empoderamentos e saírem desta vida de rua que com certeza nem elas querem isso”.

Debates
A apresentação do Projeto Menina-Moça, Mulher encerrou a programação do seminário Mulher do Esporte - Cidadania e Inserção, que ocorreu entre quinta-feira (1º de setembro) e segunda (05/09), na Casa Brasil, na Orla do Conde, região portuária do Rio. A secretária informou que o resultado dos debates vai servir de base para a formulação de políticas públicas para as mulheres. Fátima Pelaes disse que durante os debates ficou evidente a diferença de rendimentos das mulheres, inclusive entre as atletas.

“Tem uma diferença muito grande na questão salarial, então, aspectos que a mulher sofrem em todas as áreas e não é diferente no esporte.
São detalhes que vamos ampliar e ver como está esta mulher no esporte. Tivemos também aqui mesmo no Rio de Janeiro vários casos de mulheres abusadas sexualmente. É um debate importante que se faz para chamar atenção e mudar este olhar”, disse. “É desconstruir o machismo, esta cultura de superioridade masculina. Este é o papel de todos nós”..