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Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores injetaram o vírus zika em mosquitos Aedes aegypti criados em laboratório. Os insetos foram alimentados e, em uma semana, depositaram ovos, que foram encubados e preservados até se transformarem em larvas. Testes mostraram então a presença do vírus em um a cada 290 dessas larvas. De acordo com Tesh, a taxa de transmissão pode parecer baixa, mas quando se leva em consideração o número de mosquitos em uma comunidade urbana tropical, ela é alta o suficiente para garantir a persistência do vírus, mesmo quando os insetos adultos infectados são mortos.
Já se sabia que alguns micro-organismos transmitidos pelo Aedes são repassados pela fêmea a seus descendentes. É o caso dos vírus da dengue e da febre-amarela. Agora, sabe-se que o mesmo acontece com o zika. “Desde que essa doença emergiu como uma emergência global de saúde, a maior parte das pesquisas focou o vírus e seus efeitos sobre os humanos. Há muito menos estudos sobre o micro-organismo em seu hospedeiro. Mas se você quer controlar a zika, você também precisa conhecer o comportamento do micro-organismo nos mosquitos”, justifica Tesh, antecipando que o próximo passo é verificar se essa transmissão da fêmea para ovos e larvas acontece também fora do laboratório, no ambiente natural.
Possível tratamento
Em outro estudo, publicado na revista Nature Medicine, cientistas americanos mostram que drogas já existentes, uma delas aprovada para combatera a tênia, têm potencial para impedir a replicação do vírus zika dentro do organismo humano e evitar o dano de células cerebrais de fetos, o que abre esperança para um medicamento que impeça o nascimento de bebês com microcefalia. Até agora, as drogas foram testadas apenas em laboratório, e estudos com animais e, depois, em humanos ainda serão necessários. “Mas esse é um importante passo para uma terapia que para a transmissão dessa doença”, celebrou Hengli Tang, professor de ciências biológicas da Universidade Estadual da Flórida e um dos autores do estudo.