O eflúvio telógeno agudo, diagnóstico que Júlia Salomão recebeu, se caracteriza por períodos de intensa perda de cabelos que chegam a 600 fios por dia, podem durar até três meses, geralmente se resolve de forma espontânea, mas que causa grande preocupação justamente pela rapidez e volume de fios perdidos. A dengue é apenas uma das causas do problema, assim como o pós-parto. Diretora da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Leandra D´Orsi Metsavaht afirma que qualquer doença infecciosa e inflamatória, com febre e que provoque uma queda do estado geral da saúde, assim como alterações hormonais, procedimento cirúrgicos e doenças como diabetes, anemia, deficiência de ferro e doenças da tireóide podem desencadear o problema que tem início entre três e seis meses depois do fator que desencadeia essa queda abrupta.
O dermatologista e membro da SBD, Rubem Mateus Miranda explica que cada fio de cabelo da nossa cabeça passa por um ciclo de três fases: anágena, catágena e telógena. A primeira fase, que é a do crescimento, dura de dois a seis anos. A segunda, de uma a duas semanas. E a terceira, que é a fase de eliminação dos fios mortos, de cinco a seis semanas. Ou seja, todos os fios de cabelo passam por essas três fases e eles estão em diferentes fases de crescimento. “Nos casos de eflúvio telógeno agudo, depois de um a dois anos da fase anágena, o fio de cabelo vai direto para a fase telógena”, sintetiza. E é pelo fato de a raiz dos cabelos não ser afetada de forma definitiva que geralmente acontece uma reposição, mas não total, dos fios perdidos.
A advogada V.
Segundo ela, o cabelo saltava da cabeça. “Comecei a ter entradas típicas de cabelo de homem e fiquei preocupada de ser uma doença grave. Procurei um clínico geral que me falou que poderia ser em razão da dengue e, então, fui a um especialista em cabelos. O tratamento foi prolongado e começou a dar resultado junto com a abordagem para combater a anemia. Foi um ano e meio de dedicação e meu cabelo ganhou volume novamente. Só que, logo na sequência, tive outra dengue, que veio mais violenta e tive que recomeçar do zero o tratamento para a queda de cabelo”, relata.
Leandra D´Orsi Metsavaht reforça que o importante é uma anamnese bem feita, que inclua exame físico e uma boa conversa sobre a história familiar e de vida do paciente. “Em alguns casos, exames laboratoriais e até uma biópsia do couro cabeludo prescinde a prescrição do tratamento. Se a causa do eflúvio telógeno agudo for a dengue, o que acontece é aceleração da queda de cabelo que já iria cair mesmo”, diz.
De acordo com o dermatologista Rubem Mateus Miranda, o tratamento para o eflúvio telógeno agudo em casos de dengue é à base de loções que ajudam a acelerar o processo de crescimento do cabelo e diminuir a queda dos fios. “Podemos pensar no corpo como uma cidade. Depois de um terromoto não serão os jardins e os parques que serão priorizados na reconstrução desse lugar. É a mesma coisa depois de uma doença infecciosa ou inflamatória, o corpo só vai liberar nutrientes para o cabelo depois que as prioridades já tiverem sido sanadas”, ilustra.
Metade da população vai se queixar de queda de cabelo a partir dos 50 anos. É comum as pessoas associarem a palavra alopécia à perda total de cabelo, mas na verdade, o termo é a denominação científica para todo e qualquer tipo de queda de cabelo e são mais de 100 tipos de alopécia existentes. A mais conhecida é a alopécia androgenética ou calvície que afeta predominantemente a população masculina, mas que também pode ocorrer em mulheres. No caso delas, a incidência é maior depois da menopausa, quando o cabelo fica mais ralo. No entanto, tem havido uma incidência maior de alopécia androgenética em mulheres jovens sem uma associação científica muito clara que justifique essa mudança. O que se suspeita é que o excesso do de produtos químicos acelere esse processo.
Outro tipo de alopécia é a areata que se apresenta em forma de círculos redondos no couro cabeludo e está muito associada ao estresse. Ela afeta igualmente homens e mulheres e pode aparecer em qualquer idade. .