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No Canadá, o investimento em saúde por habitante chega a US$ 4.641, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. O valor corresponde a 10,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Na França, outro país com sistema universal e gratuito para toda a população, o gasto per capita é de US$ 4.508, o que equivale a 11,5% do PIB.
No Brasil, os números são bem inferiores. O gasto por habitante é de cerca de US$ 1.318, apenas 8,3% da riqueza produzida no país.
"Os recursos são finitos em qualquer lugar do mundo, mas existem formas de racionalizar o que você faz. No Brasil, o recurso que existe é relativamente mal utilizado porque as pessoas demoram para fazer o diagnóstico e, quando elas vão para intervenções terapêuticas, o câncer já está relativamente avançado", diz Ana Maria Malik, professora da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Sobre o debate da incorporação de medicamentos e terapias caras, a especialista explica que, na maioria dos países com sistemas universais, o governo faz uma análise mais aprofundada do que incorporar sob aspectos da economia da saúde. "Esses países têm critérios mais claros. Na Inglaterra, por exemplo, só é incorporado o que houver evidência e para os pacientes que serão beneficiados. Não tem tanta judicialização quanto aqui porque essa análise feita pelo sistema é levada mais a sério", diz ela. "Uma coisa é pensar em uma questão individual, outra é pensar no coletivo", afirma Ana Maria.
Modelo
O National Health Service (NHS), sistema de saúde britânico citado pela especialista, foi um dos modelos usados pelo Brasil para a criação do SUS, em 1988. Ele investe cerca de US$ 3.377 por habitante, equivalente a 9,1% do PIB.
De acordo com a assessoria de imprensa do NHS, o crescimento do câncer também é um desafio por lá, com estimativa de que metade da população do Reino Unido desenvolva algum tipo de tumor ao longo da vida.
Para enfrentar o cenário, o NHS diz estar "desenvolvendo uma medicina líder mundial em precisão, utilizando a ciência genômica, modernas drogas contra o câncer e inovações em radioterapia". O órgão ressalta que, para evitar desperdícios de recursos, faz uma medicina personalizada. "Tratar cada indivíduo de forma apropriada está no centro de qualquer serviço oncológico de qualidade", afirma, em nota.