Há duas décadas pesquisando as microagulhas, um dos maiores especialistas no assunto, o engenheiro biomolecular Mark Prausnitz, do Instituto de Tecnologia dA Geórgia, nos Estados Unidos, acredita que passou da hora de abolir o método de aplicação tradicional. “Para uma substância ser dissolvida no organismo e chegar à corrente sanguínea, ela tem de atravessar a barreira superficial da pele, que é muito fina; a espessura corresponde a mais ou menos um décimo de um fio de cabelo humano. Então, a agulha hipodérmica realmente é um exagero.
Prausnitz lembra que, há tempos, os engenheiros eletrônicos sabem como reduzir aparelhos diversos em níveis nanométricos. “Já tínhamos o conhecimento tecnológico para fazer coisas bem pequenas. Então, pegamos isso e adaptamos para construir microagulhas”, diz. Em seu laboratório, ele desenvolveu, recentemente, um adesivo para imunizar contra sarampo. Trata-se de um pequeno curativo contendo 100 microagulhas com 0,5mm de tamanho. Visto sob uma lupa, a superfície assemelha-se a um tapete pontilhado.
ARMAZENAMENTO Cada ponto é uma agulhinha feita de vacina seca (o líquido é desidratado e fica como um pó), açúcar, polímeros e alguns outros ingredientes. As moléculas de polímero, explica Prausnitz, são cadeias longas de grupos atômicos repetidos. Graças a isso, as microagulhas não se curvam nem se quebram antes de entrar na pele. Já os outros componentes ajudam a manter a imunização estável. Assim que o adesivo é colocado no corpo, as agulhas entram na pele e dissolvem o material nos fluidos da própria epiderme. Isso faz com que a substância seja alcançada pelas células do sistema imunológico, desencadeando o processo de proteção. Já o polímero é totalmente descartado pela urina. O adesivo deve ficar na pele por 15 minutos..