Amada por alguns e odiada por outros, a música melancólica é geralmente definida como aquela que provoca tristeza nos ouvintes. Uma grande injustiça, garantem cientistas ingleses e finlandeses. Em um estudo publicado recentemente na revista especializada Plos One, os autores afirmam que as composições de andamento lento e harmonias repletas de acordes menores também provocam sentimentos de prazer e reconforto, um achado que pode auxiliar na melhor aplicação de técnicas terapêuticas como a musicoterapia, ajudando pessoas com dificuldade de expressar adequadamente suas emoções.
A pesquisa é uma continuação de trabalhos anteriores do mesmo grupo, que já havia explorado o universo das canções pop e sua ligação com as emoções humanas. “Nossos estudos passados levantaram ainda mais perguntas sobre o tema. Há pessoas que absolutamente odeiam a música que soa triste. Agora, quisemos investigar esse amplo espectro de experiências que as pessoas têm com as canções melancólicas e entender por que alguns as escutam e outros fogem delas”, conta ao Correio Tuomas Eerola, um dos autores do estudo e pesquisador da Universidade de Durham, no Reino Unido.
No experimento, os cientistas contaram com a participação de 2.436 pessoas da Inglaterra e da Finlândia. Os voluntários responderam questionários em que relatavam o que sentiam enquanto escutavam obras de artistas como as bandas Radiohead e Pink Floyd e a cantora Adele. No amplo universo estudado, uma mesma canção podia despertar as mais distintas emoções, tanto positivas quanto negativas, além de evocar memórias de momentos importantes na vida de alguns participantes.
“Música triste também está associada a um conjunto de emoções que dão conforto para o ouvinte, sendo que as lembranças e associações desempenham um forte papel, podendo tornar aquele momento algo muito agradável. Essas experiências foram frequentemente mencionadas e relacionadas a uma sensação de alívio e companheirismo em situações difíceis da vida”, esclarece o autor. Evidentemente, sentimentos melancólicos também foram descritos por uma parcela significativa de pessoas, mais uma vez frequentemente relacionados a experiências do passado, como a morte de um ente querido e divórcios. “Tais experiências intensas pareciam exigir esforço mental e físico, ou seja, algo que estava longe de ser agradável”, acrescenta Eerola.
Abertura
Os investigadores não observaram grandes diferenças nos resultados de acordo com o sexo ou a idade dos voluntários, apesar de pessoas mais velhas e mulheres mais jovens terem demonstrado uma tendência um pouco maior de relacionar as músicas ouvidas à sensação de tristeza. Para os autores, a personalidade e a história de cada indivíduo parecem ser mesmo o ponto mais importante para a relação com as canções melancólicas.
“As distinções individuais, especialmente da personalidade, predispõem algumas pessoas a serem mais abertas a experiências estéticas desafiadoras. Já foi documentado que pessoas com altas pontuações em ‘abertura’ e empatia desfrutam da tristeza musical mais do que outras. E as diferenças de idade podem estar relacionadas com a quantidade de perdas pessoais que as pessoas mais velhas já sofreram”, explica Eerola.
Para Bernardo Cherulli, psicólogo especialista em terapia cognitivo-comportamental e professor colaborador da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), o estudo ajuda a mostrar um lado pouco conhecido do efeito causado pelas canções tristes. “É um trabalho muito interessante, que altera a máxima de que a música melancólica evoca sentimentos depressivos”, observa o especialista, que não participou do estudo. O psicólogo também acredita que a personalidade pode influenciar a relação com as canções. “Pode depender muito da história de vida, da autorreflexão, de como a pessoa olha para si mesma. Isso pode influenciar a maneira como a música é interpretada e as emoções são geradas.”
A pesquisa é uma continuação de trabalhos anteriores do mesmo grupo, que já havia explorado o universo das canções pop e sua ligação com as emoções humanas. “Nossos estudos passados levantaram ainda mais perguntas sobre o tema. Há pessoas que absolutamente odeiam a música que soa triste. Agora, quisemos investigar esse amplo espectro de experiências que as pessoas têm com as canções melancólicas e entender por que alguns as escutam e outros fogem delas”, conta ao Correio Tuomas Eerola, um dos autores do estudo e pesquisador da Universidade de Durham, no Reino Unido.
No experimento, os cientistas contaram com a participação de 2.436 pessoas da Inglaterra e da Finlândia. Os voluntários responderam questionários em que relatavam o que sentiam enquanto escutavam obras de artistas como as bandas Radiohead e Pink Floyd e a cantora Adele. No amplo universo estudado, uma mesma canção podia despertar as mais distintas emoções, tanto positivas quanto negativas, além de evocar memórias de momentos importantes na vida de alguns participantes.
“Música triste também está associada a um conjunto de emoções que dão conforto para o ouvinte, sendo que as lembranças e associações desempenham um forte papel, podendo tornar aquele momento algo muito agradável. Essas experiências foram frequentemente mencionadas e relacionadas a uma sensação de alívio e companheirismo em situações difíceis da vida”, esclarece o autor. Evidentemente, sentimentos melancólicos também foram descritos por uma parcela significativa de pessoas, mais uma vez frequentemente relacionados a experiências do passado, como a morte de um ente querido e divórcios. “Tais experiências intensas pareciam exigir esforço mental e físico, ou seja, algo que estava longe de ser agradável”, acrescenta Eerola.
Abertura
Os investigadores não observaram grandes diferenças nos resultados de acordo com o sexo ou a idade dos voluntários, apesar de pessoas mais velhas e mulheres mais jovens terem demonstrado uma tendência um pouco maior de relacionar as músicas ouvidas à sensação de tristeza. Para os autores, a personalidade e a história de cada indivíduo parecem ser mesmo o ponto mais importante para a relação com as canções melancólicas.
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Para Bernardo Cherulli, psicólogo especialista em terapia cognitivo-comportamental e professor colaborador da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), o estudo ajuda a mostrar um lado pouco conhecido do efeito causado pelas canções tristes. “É um trabalho muito interessante, que altera a máxima de que a música melancólica evoca sentimentos depressivos”, observa o especialista, que não participou do estudo. O psicólogo também acredita que a personalidade pode influenciar a relação com as canções. “Pode depender muito da história de vida, da autorreflexão, de como a pessoa olha para si mesma. Isso pode influenciar a maneira como a música é interpretada e as emoções são geradas.”