Alguns especialistas defendem que eles são eficientes a partir do momento em que podem ajudar pacientes a modificar hábitos e aderir ao tratamento. Outros veem com desconfiança e não incluem as ferramentas nos tratamentos.
No Brasil, nem o Conselho Federal de Medicina nem a Anvisa desenvolveram regras específicas para aplicativos dessa natureza. Fato é que médicos, e mesmo sociedades médicas, estão investindo em aplicativos de promoção de saúde e monitoramento de algumas enfermidades. A Sociedade Brasileira de Reumatologia, por exemplo, em parceria com um laboratório, desenvolveu o FIQr (sigla para Questionário de Impacto na Fibromialgia) para auxiliar pacientes que sofrem da síndrome, que causa fortes dores no corpo. O app traz 21 perguntas, que devem ser respondidas semanalmente pelo paciente. As respostas são enviadas diretamente para o e-mail do médico, que pode avaliar, em uma escala de zero a 100, os impactos das dores na vida do paciente e se ele está evoluindo bem ao tratamento, já que a questão da dor é bastante subjetiva.
Num movimento que combina a promoção de saúde e o relacionamento com os pacientes, o cirurgião bariátrico Leonardo Salles, do Instituto Mineiro de Obesidade (IMO), acaba de lançar o Imobesidade, aplicativo para melhorar o acompanhamento dos pacientes em tratamento da obesidade. “Embora utilizemos com sucesso o balão intragástrico para otimizar a perda de peso, utilizamos o tratamento multidisciplinar para tratar a obesidade. Nosso aplicativo visa reforçar esse acompanhamento, nos ajudando a verificar quem está fora da curva de perda de peso, assim como se nossos pacientes estão fazendo o programa de tratamento de forma adequada”, explica o especialista.
EXPERIÊNCIA Leonardo sempre foi muito ligado à tecnologia, tendo aprendido a programar computadores aos 7 anos de idade. “Fui bem nerd durante a infância e a adolescência. Enquanto meus colegas jogavam futebol, me divertia escrevendo programas de computador. Hoje, adiciono isso aos mais de 16 anos de experiência em tratamento da obesidade”, conta. O médico explica que quando recebe um paciente indicado por um colega, esse tem como acompanhar o tratamento e o desempenho do paciente.
Já disponível na versão IOS, para download na App Store, nos próximos dias, o aplicativo também terá sua versão para Android no Market Place. Direcionado apenas para os pacientes do Instituto Mineiro de Obesidade, o Imobesidade exige cadastro. Leonardo conta que, com um mês de uso, os pacientes estão aderindo e gostando do serviço. Antes do aplicativo, o monitoramento dos pacientes era feito por telefone, por duas enfermeiras. A mesma equipe agora avalia os dados, identificando o que foge ao padrão. Cabe ao paciente, geralmente pessoas que fizeram a cirurgia bariátrica ou colocaram o balão intragástrico, se pesar todos os dias pela manhã. As medidas de circunferência abdominal devem ser semanais. Além disso, o aplicativo tem um recordatório alimentar, uma espécie de diário do que foi consumido no dia anterior.
“Com esses dados, daqui da clínica consigo ver como está o desempenho da perda de peso dos pacientes. Com essa tecnologia, consigo filtrar os pacientes que estão indo bem e aqueles que estão precisando de mais atenção e acompanhamento, se o gráfico mostrar que estão fora da curva prevista. Se o paciente para de colocar os dados já é um alerta de que não está totalmente dedicado ao processo.
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Evolução monitorada
JAMILA VERÔNICA LOPES ALMEIDA, 29 ANOS, GERENTE FINANCEIRA