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Os cientistas avaliaram os pedidos feitos pela internet à ONG holandesa Women on Web (WoW). A organização fornece acesso gratuito a medicamentos abortivos em países onde o aborto seguro não está universalmente disponível, por ser ilegal ou aceito com restrições.
De acordo com os cientistas, em quase todos os países onde há epidemia de zika e restrições legais ao aborto, o número de pedidos para o auxílio ao procedimento foi bem maior que o esperado. No Brasil, no Equador e na Venezuela, os pedidos à ONG somam o dobro da expectativa.
Os pesquisadores analisaram os pedidos feitos à ONG entre 17 de novembro de 2015, quando a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) declarou alerta epidemiológico para a zika no continente, e o dia 2 de março de 2016. Segundo o estudo, antes do alerta da Opas, a expectativa da ONG era de 581 pedidos de brasileiras nesse período. Mas, depois do alerta, foram feitos 1.210 pedidos - uma diferença de 108%.
Nos países onde não houve alertas de saúde relacionados à zika, as diferenças entre o número esperado e o número real de pedidos de aborto no período foram estatisticamente irrelevantes, segundo o estudo.
"É difícil obter dados confiáveis sobre as escolhas das mulheres grávidas na América Latina. Portanto, nossa abordagem pode estar subestimando o impacto do alerta de saúde pública sobre os pedidos de aborto, já que muitas mulheres podem ter utilizado métodos inseguros ou podem ter recorrido a fornecedores clandestinos", disse uma das autoras do estudo, Abigail Aiken, da Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos.
Outra autora, Catherine Aiken, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), destacou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê 4 milhões de casos de zika nas Américas, o que fará com que o vírus inevitavelmente se alastre para novos países.
Brasil
Na quarta-feira, o Ministério da Saúde informou em boletim que já foram confirmados 1.616 casos de bebês com microcefalia desde o início do avanço da zika, em outubro de 2015.