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Estudos apresentam drogas que podem prevenir o AVCBaixos níveis de vitamina D aumentam risco de ataque cardíaco e AVCAVC: médicos alertam para a importância da rápida identificação e atendimento para salvar vidas ou amenizar sequelasCai número de mortes por AVC entre mulheres de 30 e 69 anos no paísTodos os 18 voluntários tinham sofrido um AVC entre seis meses e três anos antes da intervenção. Até aquele ponto, a recuperação estava estagnada neles. “Nós achávamos que os circuitos cerebrais afetados pelo derrame estavam mortos”, conta Gary Steinberg, coautor da pesquisa. “Agora, sabemos que devemos repensar isso. Eu acho, pessoalmente, que os circuitos estão inibidos, não mortos.
Os participantes, com idade entre 33 e 75 anos, tiveram aumento de 11,4 pontos em um teste de mobilidade cuja pontuação máxima, 100, indica aptidão plena. As melhoras mais consideráveis foram na força, na coordenação, na habilidade de andar, de usar as mãos e de se comunicar. “Uma mulher de 71 anos que apenas movia o dedão esquerdo no início do teste consegue, hoje, andar e levantar seu braço acima da cabeça”, relata Steinberg.
Financiado pela empresa SanBio, o teste clínico de Stanford é o segundo a avaliar se injeções de células-tronco podem amenizar sequelas do AVC. Os participantes da primeira investigação, conduzida pela empresa ReNeuron, apresentaram benefícios semelhantes por até um ano após a intervenção. A diferença é que, em vez de células-tronco adultas, a ReNeuron optou por células extraídas do cérebro de fetos abortados.
Novas conexões
Sob efeito de anestesia local, os participantes do estudo mais recente permaneceram conscientes enquanto os cientistas perfuraram um pequeno buraco no crânio deles. Pela abertura, os médicos injetaram de 2,5 milhões a 10 milhões de células-tronco, chamadas SB623, nas regiões mais afetadas pelo derrame — no caso, as responsáveis pelas funções motoras. Retiradas da médula óssea de dois doadores saudáveis, as células foram modificadas para expressar o gene Notch1, envolvido no desenvolvimento cerebral de crianças.
Experimentos anteriores mostraram que as células alteradas desaparecem do organismo do paciente dentro um mês, mas não antes de secretarem diversos fatores de crescimento que constroem conexões entre células cerebrais e embriões de novos vasos sanguíneos que nutrirão os tecidos do órgão.
“Os fatores de crescimento também alteram o sistema imunológico para diminuir a inflamação que obstrui a reparação”, completa o autor. Liberados um dia após a intervenção, os pacientes não sofreram efeitos colaterais graves. No entanto, 78% relataram enjoo e dor de cabeça passageiros. Todos foram monitorados com exames de sangue, imagem do cérebro e testes clínicos, que revelaram melhoras duradouras meses após a cirurgia.
Uso clínico
A empresa ReNeuron planeja um segundo experimento, enquanto a SanBio prepara-se para ampliar o teste, com 156 pacientes. Para Fausto Stauffer, cardiologista do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, e membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a aplicação clínica do uso de células-tronco para amenizar sequelas do derrame não está tão próxima. “Estudos maiores são realmente necessários, pois essa primeira etapa serviu apenas para constatar a segurança do tratamento. As próximas pesquisas ainda servirão para confirmar a segurança do procedimento e, só depois, virão aqueles que mostrarão, objetivamente, os benefícios aos pacientes”, explica o médico, que não participou do estudo.
Stauffer completa ressaltando que, depois dessa etapa, serão necessárias as aprovações por parte dos órgãos reguladores. “O FDA (Food and Drug Administration), nos Estados Unidos; a EMA (Agência Europeia de Medicamentos); e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), no Brasil”, detalha.
Neurocirurgião do Hospital Santa Luzia, em Brasília, Mauro Suzuki completa que pesquisas sobre o uso de células-tronco não são, necessariamente, uma novidade. Existem, atualmente, 30 outros testes do tipo em andamento. “Mas o fato de haver alguns estudos sobre isso não significa que, do ponto de vista prático, os achados não sejam uma grande novidade tanto para médicos quanto para pacientes”, avalia Suzuki.
O pesquisador Gary Steinberg acredita que os resultados podem revolucionar o conceito do que acontece com o cérebro não somente após um derrame, mas também depois de lesões de traumas cerebrais e doenças neurodegenerativas. “A noção que temos é de que, uma vez lesionado, o cérebro não se recupera mais. Mas, se conseguirmos descobrir como regenerar os circuitos cerebrais, podemos mudar todo o cenário”, diz o coautor do estudo . (IO)
Terapias limitadas
“Cerca de 80% dos AVCs são isquêmicos (AVCI), que é quando ocorre o entupimento dos vasos. O segundo tipo, o hemorrágico, se dá quando há sangramento no cérebro.
Mauro Suzuki, neurocirurgião do Hospital Santa Luzia, em Brasília.