Nesta segunda-feira (30/05) a delegada que assumiu as investigações colocou um ponto final nas tentativas de minimizar algo que é chocante. Cristiana Bento afirmou “que o estupro está provado” no vídeo que foi publicado. Em 2009, a lei 12.015 foi alterada e passou a considerar, além da conjunção carnal, atos libidinosos como crime de estupro. Na gravação, as partes íntimas da menina são tocadas em meio a risadas de um grupo de homens. Um deles diz que ela foi violentada por "mais de 30".
Apesar de 96% dos jovens brasileiros reconhecerem o machismo no Brasil como aponta a pesquisa Violência contra as mulheres: os jovens estão ligados?, realizada pelo Instituto Avon em parceria com o Data Popular em 2014, esses mesmos homens não identificam cultura do estupro com a mesma facilidade.
Dados levantados em outra pesquisa do Instituto intitulada Percepções dos homens sobre a violência doméstica contra a mulher, de 2013, evidenciam a relação de poder que os homens perpetuam em relação às mulheres. Enquanto 52 milhões de brasileiros confirmam que possuem algum conhecido, parente ou amigo que já foi violento com a parceira, apenas 9,4 milhões deles admitem que já tiveram tal atitude. Foram caracterizadas como atitudes violentas os xingamentos, empurrões, ameaças, agressões físicas, humilhação, obrigar a fazer sexo sem vontade ou ameaças com armas.
Um terceiro levantamento - Violência contra a mulher no ambiente universitário -, divulgado pelo Instituto Avon no ano passado, revelou que mais de 700 mil mulheres devem ser vítimas de assédio ou violência dentro das faculdades apenas este ano. A pesquisa mostra que 7% das universitárias afirmam que foram drogadas sem seu conhecimento e 7% já foram forçadas a ter uma relação sexual nas dependências da instituição ou em festas acadêmicas. Significa que 200 mil mulheres vão estar expostas a esta situação este ano.
Além disso, dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que um caso de estupro é notificado no Brasil a cada 11 minutos. De acordo com o Ministério da Saúde, o abuso sexual é o segundo maior tipo de violência praticada no Brasil. Segundo o levantamento, 70% das pessoas estupradas são crianças e adolescentes de até 17 anos (cerca de 350 mil pessoas ao ano).
A esperança é que a educação sexual e a educação de gênero, que devem ser abraçadas por família, escola e sociedade, consigam mudar o cenário de violência contra a mulher no país. Há quem aposte no exemplo vindo de casa, na relação de igualdade que deve ser estabelecida no ambiente familiar. E há quem acredite que a mudança partirá das mulheres já que os homens não serão capazes de reconhecer os próprios privilégios porque, como mostram diversos estudos já realizados no país, eles estão interessados em igualdade. .